'Cantar e tocar violão me liberta de uma boa parte da ansiedade', diz Silva

Cantor e compositor lança álbum Ao Vivo em Lisboa e faz live neste domingo (24)

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  • Ana Pereira

Publicado em 23 de maio de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Breno Galtier/Divulgação

Apesar do confinamento real, o cantor e compositor Silva traz o calor do ao vivo para seus fãs.  Ele acaba de lançar o sexto álbum, Ao Vivo em Lisboa, gravado em sua última passagem por Portugal, em março do ano passado, quando realizou seis shows. É uma apresentação intimista e delicada, tendo o violão e a percussão como condutores. 

Em entrevista ao CORREIO, Silva conta que aproveitou a quarententa para ouvir o material e gostou muito do resultado, por isso resolveu lançá-lo agora, seis meses depois de Bloco do Silva, outro álbum ao vivo, lançado no Verão passado e com o qual ele rodava o país, quando teve de interromper as apresentações.  

“É um repertório afetivo pra mim e realmente espero que ele traga conforto e um pouco de esperança para quem o ouvir”, afirma Silva, que relê canções de outros álbuns seus como Brasileiro, Júpter e Silva Canta Marisa, composições de Pixinguinha, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Martinho da Vila e Marisa Monte.   O lançamento inspirou Silva a fazer uma série de lives. A primeira transmissão ao vivo será neste domingo (24), no YouTube de Silva, às 18h. Toda a renda obtida por meio de doações será revertida para a Casa 1, centro de cultura e acolhimento LGBTQI+, em São Paulo. Confira entrevista do artista ao CORREIO.

  Capa de Ao Vivo em Lisboa: repertório afetivo inclui regravações de Marisa Monte, Caetano Veloso e Pixinguinha Este é seu segundo álbum ao vivo em um curto espaço de tempo. Poderia falar um pouco sobre o que o formato representa para você?

Gravações ao vivo estão sempre sujeitas a pequenos erros e problemas técnicos, então prefiro não me pressionar tanto e deixar que o show seja natural e expresse aquela emoção do momento. Nós vínhamos gravando todos os shows desde o final de 2018, quando digo “nós”, me refiro à equipe que me acompanha na estrada. Eu já vinha criando o hábito de ouvir meus shows. Acho que isso faz a gente se avaliar melhor e crescer como músico.

Ao vivo em Lisboa foi gravado em março do ano passado. Por que lançá-lo agora?

Quando entramos em quarentena, resolvi parar para ouvir esse material que tínhamos gravado, era um registro enorme e dessa vez pude ter tempo para escutar com calma as gravações da turnê Brasileiro. Quando ouvi o show gravado em Lisboa, fiquei bem empolgado com o registro. Achei que a gravação soava bem, sincera e com um público caloroso. Foram 6 shows em 3 noites, dois por noite. Escolhi lançar esse registro agora porque esse é um repertório afetivo pra mim e realmente espero que ele traga conforto e um pouco de esperança para quem o ouvir.

Você pode falar das  releituras que incluiu no álbum?

 Eu havia acabado de fazer o Bloco Do Silva no Verão de 2019 e dias depois recebi uma proposta para fazer alguns shows em Lisboa e Porto. O show seria tocado apenas por mim e mais um músico, que foi o querido baterista e percussionista Hugo Coutinho. Escolhi cantar músicas que fazem parte da história da nossa música e misturei com músicas de minha turnê Brasileiro. No repertório há músicas minhas de várias fases e também versões de Pixinguinha, Martinho da Vila, Marisa Monte, Caetano Veloso e Clube da Esquina. Fiquei feliz de ter sido tão bem acolhido.

A canção Júpiter, que ganhou clipe, mesmo tendo sido escrita em outro momento, fala em recomeços e mudanças. Como você está se preparando para recomeçar após a pandemia?

Tenho tentado imaginar como serão as coisas num futuro próximo e confesso que fico um pouco angustiado, mas prefiro ouvir o que os especialistas nos dizem sobre o assunto, claramente já me sinto bem quando me vejo melhor informado. No momento estou compondo músicas novas e espero poder registrá-las assim que eu puder. Essa quarentena nos obrigou a diminuir nosso ritmo e aí pude dar mais tempo pra minha cabeça criar. Tenho ficado bem feliz com o que tem saído dessa minha mente ansiosa.

Como está sua quarentena? O que está achando das lives?

Como muita gente, tenho tido dificuldades com meus horários para dormir e tenho trocado o dia pela noite, mas isso tem me deixado até mais calmo e mais produtivo. Cantar e tocar violão me liberta de uma boa parte da ansiedade que me perturba de tempos em tempos. Agora sobre as lives, tenho visto algumas bem interessantes, outras cômicas e outras levemente trágicas. Mas o que importa é que tem muita gente querendo criar conteúdos e contribuir com a saúde emocional de todos que estamos passando por esse momento terrível. Espero, que no futuro, a gente tenha um governo que se importe com o sofrimento do nosso povo, ou vamos ter que caçar nosso rumo pra Júpiter.