Cantor de rap é suspeito de agredir namorada e sogra em Salvador

Conhecido na cena de rap soteropolitana, MC Dark teria agredido adolescente

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  • Tailane Muniz

Publicado em 5 de setembro de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

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MC Dark nega ataque a namorada adolescente e mãe dela (Foto: Reprodução/Instagram) O cantor de rap Clóvis de Oliveira Santos Júnior, conhecido como MC Dark, 23 anos, é suspeito de ter agredido a namorada, uma adolescente de 16 anos, e a própria sogra, na madrugada da última quarta-feira (29), no bairro de Santa Mônica, em Salvador. 

O CORREIO procurou a mãe da menina, mas ela se limitou a dizer que, por orientação do advogado da família, não ia dar declarações à imprensa. Embora não tenham confirmado as agressões à reportagem, mãe e filha prestaram queixa contra o cantor na Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Contra a Criança e o Adolescente (Dercca) e na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

O boletim de ocorrência registrado na Deam diz que o cantor esteve na casa da namorada por volta de 1h, quando a menina estava acompanhada da mãe, do irmão - uma criança de 7 anos -, e uma vizinha. De acordo com o registro policial, Dark agrediu mãe e filha com socos, chutes, pontapés e xingamentos.

O documento informa, ainda, que o rapper, que morava em uma casa alugada próximo à namorada, foi retirado do local com ajuda de vizinhos, após passar cerca de duas horas agredindo as vítimas.

Conforme apurou o CORREIO, o casal mantinha um relacionamento há cinco meses, e costumava exibir a relação nas redes sociais.

Em contato com a reportagem, Clóvis afirmou, por meio de mensagem em uma rede social, que nunca agrediu a namorada. "Não houve agressão, eu sou tão vítima quanto ela. Quem tem boca fala o que quer, até mesmo para a polícia", se limitou a dizer.Sem se identificar, uma pessoa que é vizinha da família afirmou, no entanto, que presenciou a briga."Foi uma gritaria danada e o pessoal da rua [vizinhos] é que teve que tirar ele de lá. Ele bateu muito na mãe e na menina. Ele xingava muito as duas. Soube que ele bateu na mãe porque ela foi defender a filha das porradas dele. Ele engarguelou a namorada e deu tapa na cara", relatou.Ainda conforme a fonte, as agressões foram motivadas por ciúmes. O CORREIO teve acesso a fotos que mostram a sogra do rapper com hematomas nos braços e ferimentos em um dos pés. "Ela também machucou os seios e está até sem trabalhar. Ela não quer falar [com a imprensa] porque tem medo", acredita outra pessoa que mora no local.

[[galeria]]"O pessoal que esteve lá para apartar disse que começou por causa de uma foto, parece que ele é um homem muito ciumento, e brigava com ela por causa de outros cantores. Tem uma história de que ele já agrediu a ex também", disse a testemunha, acrescentando que a mãe da menina está com hematomas por todo corpo.Em seu perfil em uma rede social, por meio de fotos, Dark chegou a fazer declarações à adolescente e, até o início da noite desta terça-feira (4), mantinha algumas publicações onde declara amor à garota. A vítima, no entanto, apagou todas as fotos em que aparecia com o músico.  Mãe e filha registraram duas ocorrências contra Dark (Foto: Reprodução/Instagram) A delegada Ana Crícia, titular da Derca, confirmou a ocorrência contra Clóvis. O documento relata as agressões sofridas pela adolescente. Tanto mãe quanto filha passaram por exame de corpo de delito e devem ser ouvidas novamente. O músico também vai ser chamado para prestar depoimento. 

Titular da Deam, a delegada Heleneci Nascimento explicou que o cantor vai ser chamado a depor, ainda que as vítimas não deem continuidade à queixa.

"Neste caso de lesão corporal, mesmo que a vítima não retorne, ele vai ser ouvido e interrogado. As testemunhas também são convidadas a prestar depoimento e, depois disso, nós vamos enviar os laudos médicos à Justiça, até que ocorra a audiência".

A delegada não informou se as vítimas solicitaram medida protetiva mas afirmou que o pedido pode ser feito a qualquer momento e pode ser atendido em até 48 horas."As vítimas, às vezes, dificultam o processo por medo das ameaças, que são comuns nestes casos. Mas a autoridade policial, tendo conhecimento, vai até ele por meio da Ação Pública Incondicionada, ou seja, quando a vítima não tem condições de intervir", concluiu Heleneci.No rap Nascido e criado na localidade do Rio Sena, no Subúrbio Ferroviário, Clóvis é visto como uma promessa na cena do rap soteropolitano. Com cerca de três anos de carreira, o cantor já se apresentou em São Paulo e outras capitais do país. 

Clóvis despontou no cenário nacional ao gravar a faixa Julgue-me, em julho de 2017, com a Casa1, uma das maiores produtoras de rap do país. Atualmente, se prepara para lançar o projeto musical Cerberus, com outros dois mcs.  Em entrevistas a veículos alternativos da cena do rap, o cantor afirmou que já se envolveu com roubo e tráfico de drogas. Dark revelou que chegou a cumprir um ano e dois meses de prisão por tráfico, mas que, ainda na cadeia, escreveu Madrugada Fria - sua primeira música. Mais de 7 mil casos Conforme a Secretaria da Segurança Pública (SSP), mais 7,5 mil inquéritos foram enviados à Justiça em 2017 pelas Deams. Comparado com 2016 – 6,2 mil inquéritos encaminhados – houve um aumento de 20%. A SSP, no entanto, não tem um balanço atualizado dos primeiros quatro meses de 2018.

Dos 7,5 mil casos de violência registrados no ano passado, mais de 1,9 mil se transformaram em inquéritos na Deam de Brotas e foram encaminhados à Justiça. Em segundo lugar ficou a especializada de Vitória da Conquista, com 1,1 mil procedimentos remetidos.

Pelo menos 14 unidades de atendimento especial às mulheres funcionam em Salvador, além de 12 espalhadas pelo interior: Feira de Santana, Ilhéus, Itabuna, Juazeiro, Porto Seguro, Teixeira de Freitas, Vitória da Conquista, Camaçari, Candeias, Paulo Afonso, Barreiras e Jequié.

A SSP-BA informou, ainda, que houve queda de 55,5% no número de casos de feminicídio em Salvador e na Região Metropolitana. No primeiro semestre de 2017 foram registrados nove casos, contra quatro ocorridos no mesmo período deste ano.

Veja onde buscar ajuda em casos de violência domésticaCedap (Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa) – Atendimento médico, odontológico, farmacêutico e psicossocial a pessoas vivendo com HIV/AIDS. Endereço: Rua Comendador José Alves Ferreira, nº240 – Fazenda Garcia. Telefone: 3116-8888.  Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan) – Oferece atendimento jurídico e psicossocial a crianças e adolescentes vítimas de violência. Endereço: Rua Gregório de Matos, nº 51, 2º andar – Pelourinho. Telefone: 3321-1543/5196.  Cras (Centro de Referência de Assistência Social) – Atende famílias em situação de vulnerabilidade social. Telefone: 3115-9917 (Coordenação estadual) e 3202-2300 (Coordenação municipal)  Creas (Centro de Referência Especializada de Assistência Social) – Atende pessoas em situação de violência ou de violação de direitos. Telefone: 3115-1568 (Coordenação Estadual) e 3176-4754 (Coordenação Municipal)  Creasi (Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso) – Oferece atendimento psicoterapêutico e de reabilitação a idosos. Endereço: Avenida ACM, s/n, Centro de Atenção à Saúde (Cas), Edifício Professor Doutor José Maria de Magalhães Neto – Iguatemi. Telefone: 3270-5730/5750.  CRLV (Centro de Referência Loreta Valadares) – Promove atenção à mulher em situação de violenta, com atendimento jurídico, psicológico e social. Endereço: Praça Almirante Coelho Neto, nº1 – Barris, em frente a Delegacia do Idoso. Telefone: 3235-4268.  Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) – Em Salvador, são duas: uma em Brotas, outra em Periperi. São delegacias que recebem denúncias de violência contra a mulher, a partir da Lei Marinha da Penha.  Deam Brotas – Rua Padre José Filgueiras, s/n – Engenho Velho de Brotas. Telefone: 3116-7000.  Deam Periperi – Rua Doutor José de Almeida, Praça do Sol, s/n – Periperi. Telefone: 3117-8217.  Deati (Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso) – Responsável por apurar denúncias de violência contra pessoas idosas. Endereço: Rua do Salete, nº 19 – Barris. Telefone: 3117-6080.  Derca (Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente) Endereço: Rua Agripino Dórea, nº26 – Pitangueiras de Brotas. Telefone: 3116-2153.  Delegacias Territoriais – São as delegacias de cada Área Integrada de Segurança Pública. Segundo a Polícia Civil, os estupros que não são cometidos em contextos domésticos devem ser registrados nessas unidades. Em Salvador, existem 16 (http://www.policiacivil.ba.gov.br/capital.html).  Disque Denúncia – Serviços de denúncia que funcionam 24 horas por dia. No caso de crianças e adolescentes, o Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos oferece o Disque 100. Já as mulheres são atendidas pelo Disque 180, da Secretaria de Políticas Para Mulheres da Presidência da República. Fundação Cidade Mãe – Órgão municipal, presta assistência a crianças em situação de risco. Endereço: Rua Prof. Aloísio de Carvalho – Engenho Velho de Brotas.  Gedem (Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher do Ministério Público do Estado da Bahia) – Atua na proteção e na defesa dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica, familiar e de gênero. Endereço: Avenida Joana Angélica, nº 1312, sala 309 – Nazaré. Telefone: 3103-6407/6406/6424.  Iperba (Instituto de Perinatologia da Bahia) – Maternidade localizada em Salvador que é referência no serviço de aborto legal no estado. Endereço: Rua Teixeira Barros, nº 72 – Brotas. Telefone: 3116-5215/5216.  Nudem (Núcleo Especializado na Defesa das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar da Defensoria Pública do Estado) – Atendimento especializado para orientação jurídica, interposição e acompanhamento de medidas de proteção à mulher. Endereço: Rua Pedro Lessa, nº123 – Canela. Telefone: 3117-6935.  Secretaria Estadual de Políticas Para Mulheres Endereço: Alameda dos Eucaliptos, nº 137 – Caminho das Árvores. Telefone: 3117-2815/2816.  SPM (Superintendência Especial de Políticas para as Mulheres de Salvador) – Endereço: Avenida Sete de Setembro, Edifício Adolpho Basbaum, nº 202, 4º andar, Ladeira de São Bento. Telefone: 2108-7300.  Serviço Viver – Serviço de atenção a pessoas em situação de violência sexual. Oferece atendimento social, médico, psicológico e acompanhamento jurídico às vítimas de violência sexual e às famílias. Endereço: Avenida Centenário, s/n, térreo do prédio do Instituto Médico Legal (IML) Telefone: 3117-6700.  1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar – Unidade judiciária especializada no julgamento dos processos envolvendo situações de violência doméstica e familiar contra a mulher, de acordo com a Lei Maria da Penha. Endereço: Rua Conselheiro Spínola, nº 77 – Barris. Telefone: 3328-1195/3329-5038.