Caranguejos e peixes são principais alvos da pesca predatória na Bahia

Nos dois últimos anos 2,3 mil espécies foram devolvidas aos manguezais

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  • Gil Santos

Publicado em 26 de julho de 2018 às 17:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Valter Pontes/ Divulgação

Caranguejos, peixes robalo e lagostas estão na mira dos pescadores predatórios na Bahia. Este ano a Companhia Especial de Proteção Ambiental da Polícia Militar (Coppa) prendeu sete pessoas suspeitas de praticar pesca com bomba na Baía de Todos os Santos. O número se aproxima do total do ano passado, quando nove pessoas foram presas pelo mesmo motivo.

Segundo a Polícia Militar, em 2017, foram realizadas 19 apreensões de peixes e outros frutos do mar pescados de forma ilegal. Este ano, foram 15 casos até o momento. Animais em período de defeso, reprodução, também são alvos frequentes dos criminosos. Locais identificados por policiais e especialistas (Foto: Editoria de Arte do CORREIO) As ações de fiscalização da Coppa acontecem diariamente, em horários e locais apontados através de informações do trabalho de inteligência policial. Os militares utilizam lanchas e jet-skis para patrulhar as águas de Salvador e de outros municípios da região.

Algumas dessas ações acontecem em parceria com outras instituições, como o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema). O órgão informou que realiza Operações Planejadas relacionadas à Pesca Predatória, dentre elas o combate a pesca com uso de explosivos, e a proteção do período do defeso de espécies marinhas ameaçadas. Homem usa rede para recolher peixes mortos (Foto: Valter Pontes/ Divulgação) Caranguejos O Inema acrescentou à lista de animais perseguidos pelos pescadores predadores o camarão e disse que nos dois últimos anos 2.300 caranguejos, recuperados durante as fiscalizações, foram devolvidos aos manguezais.

As operações são realizadas todos os meses na Baía de Todos os Santos (BTS), uma Área de Proteção Ambiental (APA), com a participação de técnicos do Inema e apoio da polícia.

Segundo o órgão, as demandas são mais frequentes nos municípios de Salvador, nas regiões de Itacaranha, Ribeira, Humaitá e Gamboa, e nas cidades de Simões Filho, São Francisco do Conde, Madre de Deus, Jaguaripe, Itaparica, Saúbara e Salinas da Margarida. Em Vera Cruz, a fiscalização acontece em Manguinhos e Cacha Pregos.   

Em nota, o Inema disse que realiza ações também no município de Conde no Litoral Norte e regiões no Baixo Sul Baiano.  “Destaca-se a dificuldade em se fazer o flagrante, pois os infratores se evadem do local, demandando neste sentido um trabalho de investigação em parceria com a polícia civil e ambiental para o cumprimento da Lei de Crimes Ambientais”.

Procurado na quarta-feira (25) pelo CORREIO, o Ministério Público da Bahia (MPE-BA) ainda não informou se acompanha a investigação dos casos de crime ambiental de pesca com bomba. Flagrante foi feito do Corredor da Vitória (Foto: Valter Pontes/ Divulgação) Flagrante O mar da Gamboa, por trás do Corredor da Vitória, foi agitado na manhã desta segunda-feira (23) depois que dois homens chegaram ao local em um barco a remo e lançaram explosivos em uma região de água cristalina. A explosão fez vários peixes boiarem, mortos. Outros ficaram presos no fundo do mar ou entre o que sobrou de algumas pedras.

A onda de som foi sentida por moradores da Vitória. Um deles, o fotógrafo Valter Pontes, 47 anos, estava fotografando a Baía de Todos os Santos quando tudo aconteceu e fez o flagrante. A ação durou cerca de uma hora.

Especialistas disseram que essa forma de pesca não é seletiva porque mata os peixes e outros organismos marinhos que não interessam para os pescadores. Segundo eles, as explosões têm a capacidade de destruir o ambiente natural em que os animais se reproduzem, diminuem a população de algumas espécies e são sentidas por muito tempo.

Corais e outros organismos podem levar séculos para serem reconstruídos e alguns jamais voltarão ao estágio original. Os pesquisadores contaram que toda vez que uma bomba explode no mar provoca uma onda de destruição que se estende por mais de 500 metros matando tudo o que estiver em volta, causando risco também para banhistas e mergulhadores.