Caretas de Maragojipe são tema de exposição e livro do fotógrafo João Farkas

Lançamento acontece nesta quinta-feira (14), na Paulo Darzé Galeria

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 11:50

- Atualizado há um ano

Um registro da criatividade e da resistência de uma das tradições carnavalescas mais tradicionais da Bahia. É assim que pode ser definido o ensaio Caretas de Maragojipe, do fotógrafo paulista João Farkas. Durante cinco anos, ele registrou os mascarados que fazem a festa durante o Carnaval de Maragojipe, no Recôncavo baiano, a cerca de 140 km de Salvador. O trabalho dá origem agora a um livro e a uma exposição homônimos, cujo lançamento acontece nesta quinta-feira (14), às 17h, na Paulo Darzé Galeria. O livro será vendido na ocasião pelo valor promocional de R$ 100; já a exposição segue em cartaz até o dia 14 de março. 

Há mais de um século, moradores da cidade se transformam nos "caretas", figuras festeiras multicoloridas, que passeiam pela cidade com os rostos cobertos por máscaras que os mantêm anônimos. A festa detém influências africanas e europeias, seja pelas vestimentas, seja pela música. "No primeiro ano, tudo merecia ser descoberto e fotografado. As ruas, as fantasias, a dança, a bagunça, os grupos, o coreto decorado e a praça iluminada. Mas quando tudo nos atrai nada se fixa", lembra Farkas sobre seu primeiro contato com a tradição dos caretas.

A ideia de colocar as figuras mascaradas diante de uma parede, entre as duas principais praças da cidade, surgiu depois. Como todos os anos a prefeitura pinta o local de azul, nada mais natural que batizar a série de Azul. A decisão deu uma identidade única ao projeto. "No terceiro ano, hipnotizado por aquele espetáculo, no meio daquela invasão de emoção colorida, entendi que eram retratos. Eram os retratos daquelas fantasias que me interessavam", explica Farkas, ressaltando que os registros também capturam o grito de criatividade dos foliões e o trabalho anônimo das costureiras. 

A exposição na Paulo Darzé Galeria apresenta mais de 80 fotografias, muitas das quais estão também no livro com concepção e design de Kiko Farkas. O livro também traz um texto de João Farkas sobre o ensaio, outro do mestre em Cultura e Sociedade Mateus Torres e do curador e crítico de arte Agnaldo Faria. 

"Acredito que nenhum povo do mundo tem a intimidade e a liberdade cromática que o brasileiro tem. Não sei se vem da luz, das cores do céu, das árvores, das frutas ou da mistura de peles. Sou fascinado pela cor. Eles criam as fantasias com uma inventividade absurda, uma enorme liberdade cromática", comenta.

O ensaio fotográfico Caretas de Maragojipe serviu como base visual para a concepção do Museu do Carnaval, que a partir do sábado (16),também exibe algumas fotografias. Primeiro museu do país dedicado à memória da festa, o Museu do Carnaval foi inaugurado em Salvador em 2018. "Poderia dizer do prazer de ver minha obra assim perenizada, mas na verdade o prazer maior é ver meus esforço em registrar e promover a arte anônima de Maragojipe ser bem sucedido, e encampado em projetos maiores do que eu mesmo seria capaz de realizar", comemora.