Carlos Amadeu revela convite do Vitória após saída de Chamusca

Após deixar seleção sub-20, técnico baiano quer trabalhar no profissional

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  • Vitor Villar

Publicado em 5 de abril de 2019 às 06:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho / Arquivo CORREIO

Após deixar o comando da seleção brasileira sub-20 em fevereiro, o baiano Carlos Amadeu vai agora em busca de outro desafio: trabalhar só com futebol profissional. O técnico, aliás, revelou ter recebido um convite para treinar o Leão após a saída de Chamusca, há menos de um mês.

“O presidente (Ricardo David) e Chico (Salles, vice-presidente) me ligaram quando eu estava lá na Europa, no meio de um intercâmbio. Disse a eles que já tinha assumido esse compromisso e não tinha como voltar de imediato. Como eles queriam um técnico para assumir rapidamente, eles não puderam aguardar”, explicou.

Treinador de base de Bahia e Vitória desde 1991, Amadeu trabalhou os últimos quatro anos na CBF. Os primeiros três anos foram à frente do sub-17. O último, no comando do sub-20. Acabou demitido após o fracasso no Sul-Americano disputado no Chile em fevereiro, no qual o Brasil acabou em 5º lugar.

Amadeu ainda tem contrato com o Leão, clube pelo qual trabalhou por seis anos antes de ser chamado pela CBF. Ele está em Salvador justamente para resolver sua situação com o clube.

O técnico explica: “Quando fui à seleção, o Vitória achou por bem não rescindir o contrato. Me deu uma licença para que eu ficasse a serviço da seleção, sem vencimentos. Quando acabasse o meu contrato com a CBF, eu retornaria ao clube. Foi o que fiz: quando deixei a seleção, fui lá conversar com Ricardo e Chico”.

“Eles me perguntaram o que eu queria no momento, e eu disse que era o futebol profissional. Eles estavam com o Chamusca na época, não queriam trocar e eu também não queria o lugar de Chamusca. Eu disse que tinha a ideia de ir à Europa, estudar. Eles me disseram para ir e no retorno voltar a conversar. É o que vou fazer”, completou.

Amadeu está, portanto, com o futuro indefinido: “Provavelmente vamos ter uma definição, apesar de que, como estamos há menos de um mês das eleições, também não sei se eles vão postergar a decisão para o próximo presidente. Vamos ver”.

Desafio

Campeão da Copa do Brasil Sub-20 em 2012 pelo rubro-negro e do Sul-Americano Sub-17 pelo Brasil em 2017, Amadeu diz preferir não trabalhar mais com a base.

“Eu trabalho com formação de atletas desde 1991. Meu foco sempre foi esse, mas agora, depois de quatro anos na seleção, acho que cheguei ao topo e o próximo nível vai ser encarar o mundo do profissional. A gente sabe que é bem diferente no quesito exigência de resultados e estou acostumado a projetos mais longevos, mas espero levar toda essa experiência que adquiri ao longo dos últimos anos”, disse.

Fora o Vitória, Amadeu disse não ter recebido ainda propostas: “Quando estava na CBF recebi convites para sub-23 e coordenação técnica. Depois da seleção não recebi ainda nenhum. Mas tive algumas sondagens, ligações”.

Mais duas perguntas para Amadeu:

Como avalia a sua passagem nas seleções de base?

Foram quatro anos de trabalho em duas etapas. A primeira no sub-17, onde a gente fez um trabalho de três anos culminando com a conquista do Sul-Americano em 2017 e o terceiro lugar no Mundial de 2017. Esse foi um grupo que teve 50 jogos internacionais, num processo com início, meio e fim. A sub-20 ficou mais de um ano sem ser convocada, porque o Brasil só convoca para competições. Chega um ano antes e começa a fazer um trabalho para o sub-20. Pela quarta competição sul-americana seguida o Brasil sub-20 não foi bem. Essa é uma demonstração clara que a gente precisa rever esse processo.

O que deu de errado no Sul-Americano Sub-20?

Tem um problema que a CBF não consegue controlar: se há uma competição dessa grandeza, os atletas têm que ser liberados. Exemplo maior foi o de Vinícius Júnior, que não participou do Mundial Sub-17 porque não teve a liberação. A Fifa obriga os clubes a liberar os jogadores na categoria profissional, mas não faz isso na base. Antigamente não havia essa necessidade porque os garotos não chegavam ao time principal, tudo bem. Mas hoje, não. Em outros países acontece menos, mas aqui no Brasil esses jovens acabam subindo muito precocemente. Eu deixei de levar por volta de uns nove a 10 atletas para o Sul-Americano. Três lesionados e sete porque estavam no exterior e os clubes não eram obrigados a liberar.