Carpegiani autoriza Jean a bater falta: 'qualidade impressionante'

Técnico de Rogério Ceni e Chilavert no passado, Carpé elogia o goleiro tricolor com a bola nos pés

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  • Bruno Queiroz

Publicado em 26 de outubro de 2017 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marcelo Malaquias / EC Bahia

Quando Paulo Cézar Carpegiani foi anunciado como substituto de Preto Casagrande para comandar o Bahia, um jogador em especial viu ali uma grande oportunidade. “Sim, lembrei mais do Chilavert. Então, de uma forma ou de outra, isso me motivou ainda mais para que eu treinasse mais e cobrasse mais faltas. Por ele já ter trabalhado com goleiros que já cobraram faltas e pênaltis, me motivou ainda mais a buscar o meu espaço”, admite Jean.

O goleiro tricolor se refere ao fato de Carpegiani ter sido treinador de Chilavert quando comandou a seleção paraguaia, de 1996 a 1998, inclusive na Copa do Mundo da França. Jean não se lembrava tanto que o novo comandante também havia trabalhado com Rogério Ceni, no São Paulo.

“Eles são bem distintos na realidade. Tinham categoria e técnica de bater falta, mas eram bem distintos. Chilavert usava muito, ao fazer a barreira, os próprios companheiros do lado e ali que ele batia. Já Rogério era um jogador que batia mais por cima. Mais colocado, mais técnico. Então a quantidade de gols, não sei quanto tempo cada um jogou, mas deve ter sido em maior número o Rogério”, explicou Carpegiani.

E ele está certo. O ídolo são-paulino é o maior goleiro-artilheiro da história do futebol mundial com 132 gols marcados, mais que o dobro do paraguaio, que balançou as redes 62 vezes, sendo nove pela seleção. Rogério nunca marcou atuando pelo Brasil.

Para Carpegiani, o goleiro do Bahia tem um pouco das características dos dois. “Jean já é um estilo um pouco mais forte, acho que tem todas as condições. Não chegaria ao exagero de dizer que é uma unificação dos dois. Mas ele tem uma qualidade para bater por cima da barreira impressionante e o pênalti dele também é perfeito, é forte. Não é aquele pênalti colocado que o goleiro arrisca e pega. Além de colocado é certeiro”, elogia.

Carpegiani, inclusive, participou de um episódio importante na trajetória do maior goleiro-artilheiro do mundo. "Quando cheguei no São Paulo a primeira vez, foi depois da Copa de 2010, Mário Sérgio tinha vetado Rogério Ceni. Vieram me perguntar exatamente sobre essa condição, e eu disse que comigo, tendo técnica, personalidade, vai bater. Expliquei para ele e ele continuou sua carreira batendo falta. Se tem qualidade, acho que sempre tem que tirar proveito", relembra o técnico tricolor. Ele só se atrapalhou com a data, já que o episódio aconteceu em 1999, e não em 2010, ano da sua segunda passagem pelo clube paulista.

Inédito no Bahia Já com os títulos de campeão baiano e da Copa do Nordeste aos 22 anos, completados hoje, Jean entrará de vez na história do clube caso faça gol com a camisa tricolor. Até hoje, nenhum goleiro conseguiu tal feito atuando no Bahia.

Márcio, formado na base, e Tiago, que passou pelo Fazendão em 2011 após ter atuado no Vasco e na Portuguesa, fizeram gols de falta e pênalti, mas por outras equipes. Márcio, inclusive, é o sexto maior goleiro-artilheiro do mundo, com 39 gols anotados, e ainda está em atividade - joga no Goiás. Tiago fez 18 gols e já se aposentou. Agora é auxiliar no Red Bull Brasil, de São Paulo. 

Até então, Jean não teve oportunidade de cobrar pênalti ou falta. O aniversariante do dia espera ansioso por esse presente. “Estou trabalhando pra isso, para este ano quem sabe fazer meu primeiro gol, seja de falta ou pênalti, e começar minha trajetória como cobrador”, afirmou.

Se depender do treinador, a chance não vai demorar a aparecer. "Acho um menino de potencial muito grande. Se treinar, continuar treinando e der oportunidade para ele, realmente tem condições de qualificar mais o time nessas condições. Vejo grande possibilidade do Jean, comigo, ter essa possibilidade. É uma questão de confiança. Os próprios companheiros têm que sentir porque ele treina e bate muito bem. É questão de bater o primeiro, se sentir à vontade, ter a felicidade de começar a fazer gols e aí seguir", comenta Carpegiani.

Abaixo, o vídeo de um gol que Jean fez durante um treino em Pituaçu. A vítima, por curiosidade, foi o irmão dele, João Victor, que joga no juvenil tricolor.