Carros construídos por estudantes disputam título em Salvador

Enduro de resistência marca último dia de competições

  • Foto do(a) author(a) Carmen Vasconcelos
  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 12 de novembro de 2017 às 11:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Evandro Veiga

Eles precisam passar em testes de conforto, motorização, dirigibilidade, resistência, suspensão, aceleração e tração. Não. Não se trata dos novos lançamentos do mercado automobilístico, mas de carros projetados e desenvolvidos por estudantes de engenharia da Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Distrito Federal que participam da etapa nordeste da Competição Baja SAE Brasil, realizada até este domingo (12), no Senai Cimatec, em Piatã.

Nesse domingo, à partir das 9h, os participantes realizam um enduro de resistência no estacionamento da Associação Atlética do Banco do Brasil (R. Dep. Paulo Jackson, 869), também em Piatã. A prova é aberta ao público interessado e haverá uma estrutura de venda de bebidas (água e refrigerante, as bebidas alcoólicas são vetadas nesse evento) e comida, além de arquibancada para o público.

Ontem, os 16 times participaram de provas de dinâmica (suspensão, tração, aceleração e dirigibilidade) e avaliações de segurança, conforto e motorização. Confiante pelo primeiro lugar na apresentação do projeto, o estudante Guilherme Cantalice, da Universidade Federal de Pernambuco, vibrava pelo bom resultado da sua equipe nas outras provas. “Se depender da vibração da galera e do nosso empenho, esse ano, conquistaremos um destaque na competição”, torcia. Ano passado, a equipe Cactus Baja SAE, da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), foi a vencedora da competição regional, disputada pelas 17 equipes inscritas.

Os veículos Baja SAE são protótipos de estrutura tubular em aço, para uso fora-de-estrada, com quatro ou mais rodas e motor padrão de 10 HP, que devem ser capazes de transportar pessoas com até 1,90m de altura e com até 113,4 kg. Os sistemas de suspensão, transmissão e freios, assim como o próprio chassi, são desenvolvidos pelas equipes, que têm, ainda, a tarefa de buscar patrocínio para viabilizar o projeto. Estudantes de seis estados nordestinos e Distrito Federal participam das provas (Foto: Evandro Veiga) Formado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e empregado na Caraíba Mineradora, o engenheiro Thiago Galvão é um veterano na competição, mas não perdeu o gosto por ajudar os antigos colegas e a antiga faculdade.

“Esse é o tipo de evento que une todo mundo e desenvolve uma característica muito apreciada nas empresas atualmente que é a capacidade de trabalhar em grupo e pensar num projeto como um todo, desde o plano de negócios, a captação de recursos até a montagem do produto final”, explica Thiago, destacando que sua experiência no Baja, durante a graduação, foi determinante para seu ingresso no mercado de trabalho.

“Volto para matar as saudades, rever o pessoal e não perder a possibilidade de manter acesa essa chama de união em nome da engenharia no nordeste”, completa.

Essa é a primeira vez que o evento é realizado em Salvador - antes, ocorria em Camaçari. De acordo com o diretor do evento, Rodolfo Lopes, essa é a oportunidade dos estudantes de engenharia colocarem em prática tudo o que aprendem em sala de aula.

“Apesar de serem estudantes, tudo é muito profissional e até mesmo a única equipe que não conseguiu trazer o próprio carro, chegou com o espírito de cooperação que marca essa competição e foram auxiliar o pessoal do Senai e das outras equipes a ajustarem seus carros”, completa Rodolfo, ressaltando que a etapa do Nordeste é preparatória para a Competição Baja SAE Brasil, de âmbito nacional, que é realizada anualmente no primeiro semestre do ano seguinte, no interior de São Paulo, com a participação equipes de todas as regiões do país.

Ele destaca ainda que o Brasil sempre se destaca nas competições mundiais. “Temos uma engenharia de ponta sendo feita nas universidades do país. Podemos não ter o recurso financeiro de alguns centros, mas não falta talento para essa moçada”, completa ele, afirmando que as empresas costumam buscar os participantes do Baja para integrarem seus quadros funcionais. “Se um pai ou uma mãe quer mostrar ao filho o valor da engenharia, o lugar é aqui”, completa. Diretor do evento no Nordeste Rodolfo Lopes destaca que essa é a oportunidade dos estudantes de engenharia colocarem em prática o que aprendem  (Foto: Evandro Veiga) Segundo o presidente da SAE Brasil Mauro Correia, os programas estudantis como esse motivam os jovens à carreira de engenharia. “Nas competições, conseguimos estabelecer os desafios encontrados na prática profissional e que levam muito além do conhecimento acadêmico adquirido na sala de aula”.

Da Bahia participaram quatro equipes: Universidade Estácio de Sá – Equipe Piratas da Engenharia; Senai Cimatec – Equipe Calango Tec Baja;Universidade Federal da Bahia (Ufba) – Equipe Carpoeira e Universidade Salvador (Unifacs) – Equipe Mandacaru Baja SAE.