Casa do Carnaval lança seis curtas-metragens; entrada é gratuita nesta quarta (13)

Espaço completa um ano de funcionamento e já recebeu 20 mil visitantes

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  • Da Redação

Publicado em 13 de fevereiro de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Betto Jr./CORREIO

Museu completa um ano de abertura e abre de graça nesta quarta-feira (13), às 11h (Foto: Betto Jr./CORREIO) Sentir na pele o Carnaval em qualquer dia do ano é um sonho para muitos apaixonados pela festa. Mas trazer a experiência da folia para quatro paredes é uma das fantasias que são realizadas há um ano pela Casa do Carnaval, museu dedicado exclusivamente à história da maior festa popular da Bahia.

Em comemoração pelo primeiro aniversário do museu, o acervo ganha seis novos itens: são curtas-metragens sobre a história da festa e personagens importantes da folia que serão exibidos a partir desta quarta-feira (13) - dia em que a entrada será gratuita.

Nos 12 meses de funcionamento, a Casa do Carnaval recebeu 20 mil visitantes, sendo 13 mil baianos (moradores de Salvador e turistas do interior), 4,2 mil turistas de outros estados e 2,8 mil  estrangeiros,  de acordo com a Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), responsável pelo local.

Os seis novos filmes que vão integrar a programação irão falar de diversos aspectos da festa, como a história do abadá, a criação do trio elétrico, a estética do Carnaval e a história dos artistas no trio elétrico.

Antes desses vídeos, a Secult calculava que um visitante, para consumir todos os conteúdos audiovisuais da casa, demoraria quatro horas na visita. Agora, com a adição dos seis vídeos, que têm juntos duas horas de duração, o tempo aumentou para seis horas de material disponível.

Os novos curtas são: Irmãos Macêdo, Moraes Moreira, O Visual do Carnaval, Orlando Tapajós, Paulo Miguez e Milton Moura e Riachão. Eles serão expostos no térreo. Acervo já conta com material audiovisual, adereços, máscaras, miniaturas, instrumentos (Foto: Betto Jr./CORREIO) Pesquisa Curador do projeto, o artista, designer e cenógrafo Gringo Cardia destaca que os novos vídeos foram gravados com pessoas importantes do Carnaval para que a “memória oral seja gravada”. “A gente precisa ir coletando materiais, entrevistas que se perdem e acabam pulverizadas. Então, priorizamos esses vídeos, que guardam a memória oral dos artistas”, conta.

“A gente quer fazer um centro de pesquisas sobre o material da Bahia e do Brasil e juntar esse material todo na Casa do Carnaval. O centro vai ser comandado pelo professor Paulo Miguez (professor e doutor em Cultura Contemporânea, vice-reitor da Universidade Federal da Bahia e curador da Casa do Carnaval junto com Gringo), por uma equipe da Ufba  e da prefeitura”, antecipa.

O curador e a prefeitura têm a ideia de transformar parte do local em um centro de pesquisas sobre o Carnaval. O titular da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult), Claudio Tinoco, destaca que o centro pode ser referência nacional. “É importante que a gente possa usar a Casa com esse objetivo. Isso vai auxiliar não somente em uma compreensão do passado, mas sobretudo em uma evolução e contribuição para evolução da festa”, diz.

Estrutura  Além do conteúdo audiovisual oferecido pelo museu, que inclui salas com cinemas interativos com dança, os visitantes também podem conferir as esculturas, vestuários, miniaturas, máscaras, entre outros conteúdos físicos expostos. Somente na primeira sala, que conta a história do Carnaval desde a festa das elites, são 18 conteúdos históricos, 200 miniaturas de personagens do Carnaval, maquete dos circuitos e adereços.

Já na segunda sala, são expostos fantasias e figurinos de artistas como o cantor Saulo Fernandes e a dançarina Carla Perez. A mistura de ritmos também é retratada na sala, com tambores, guitarra baiana, Carnaval afro.

No primeiro andar estão dois cinemas interativos que prometem ter a potência de um trio elétrico e transportar a pessoa para o Carnaval de Salvador. No subsolo, que funciona como administrativo, as pesquisas sobre o Carnaval são realizadas. “A Casa do Carnaval, desde que foi implantada, traz um acervo muito rico não só na diversidade com uma forte presença de audiovisual, muitos filmes, muitas trilhas sonoras e é claro que a composição desse material está nas ferramentas, com o uso de muita tecnologia para transportar a pessoa para o Carnaval”, destaca Tinoco.“Apesar de termos muitos materiais, a festa é dinâmica e a Casa sempre estará em construção. Trazemos novo conteúdo e acabamos também atraindo soteropolitanos e visitantes turistas para encontrar novidades”, completa o secretário.

A Casa do Carnaval já recebeu o Prêmio Nacional de Turismo - segundo lugar na categoria ‘Valorização do Patrimônio pelo Turismo’. O prêmio veio com dez meses de atividades. Grinco Cardia, curador, e Claudio Tinoco, secretário de Cultura e Turismo, dizem que acervo será renovado constantemente (Foto: Betto Jr./CORREIO) Acervo terá renovações Para manter o ineditismo e ampliar o acervo histórico da Casa do Carnaval, a Secult pretende manter constantes renovações no acervo do museu. Apesar de não haver um tempo definido para mudanças, o titular da pasta, secretário Claudio Tinoco, disse que os acréscimos devem ser feitos sempre. 

“O Carnaval por si só é uma festa dinâmica e a Casa estará sempre em construção. Nós sempre estaremos trazendo novos conteúdos. Essa renovação e acréscimo têm associação com a característica da festa. Ela traz muitas vezes o inusitado para o cotidiano da festa, a cada ano”, diz o secretário.

O curador do projeto, o artista, designer e cenógrafo Gringo Cardia destaca que o museu “nunca está pronto” e que a Casa do Carnaval tem a missão de cobrir uma festa que está sempre passando por mudanças e acompanhando o comportamento da sociedade.“O próprio Centro de Pesquisas que a gente quer fazer irá auxiliar a identificar os materiais que precisam ser produzidos, o acervo que temos que ter, os aspectos que devem ser abordados”, diz Cardia.Ele afirma ainda que ter a história do Carnaval é a celebração da alegria e da festa da Bahia. “A Bahia merecia há muito tempo ter essa história do Carnaval contada. Temos milhões de filmes superlegais, históricos. As pessoas, quando entram aqui, têm uma memória afetiva muito grande. Aqui, nós mostramos que é possível contar a história do Carnaval”, afirma Gringo.

O secretário Claudio Tinoco ainda destacou que o acervo pode ser aumentado com a doação de vestimentas, instrumentos, esculturas e itens históricos, por parte dos artistas. Tinoco ainda destaca que quer que o museu seja utilizado por artistas locais como espaço para inaugurar obras, lançar DVDs, dar festas, entre outros.

'Da maior importância' Para o professor e doutor em Cultura Contemporânea, curador da Casa do Carnaval e personagem de um dos novos curtas-metragens, Paulo Miguez, a importância da Casa do Carnaval é tamanha que não há como pensar em não ter o museu da festa.“Foi, durante muito tempo, estranho o fato de termos uma festa desse tamanho, com essa história, com esse grau de envolvimento da cidade, sem ter um espaço que cuidasse da memória, das discussões do acervo que embeleza essa festa”, disse Miguez, que é pesquisador da Carnaval e também vice-reitor da Ufba.Para ele, a Casa do Carnaval cumpre “múltiplas funções”, sendo um ponto turístico para quem quer conhecer detalhes da festa, mas também importante para estudiosos do Carnaval, por reunir materiais e entrevistas históricas da folia.

“A Casa é um espaço da maior importância porque registra a memória de algo que é fundamental na vida do baiano, que é o Carnaval”, afirma. Miguez é personagem de um dos novos seis vídeos que serão inaugurados nesta quarta-feira (13). Ele fala dos sentidos do Carnaval desde o Brasil-Colônia até hoje, junto com Milton Moura.

Conheça os temas dos seis curtas-metragens que começam a ser exibidos nesta quarta-feira (13):

1. ‘Irmãos Macêdo’ Retrata a história dos fundadores do trio elétrico, Dodô e Osmar, além de apresentar a família Macêdo, através dos depoimentos de Armandinho, Aroldo, André e Betinho. O material destaca a importância dessa família para a ressignificação do Carnaval da Bahia. “Nós identificamos uma oportunidade de trazer depoimentos para contarem aqui na Casa um pouco da história da criação do trio”, afirma Claudio Tinoco. Betinho e Armando Macêdo (Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO) 2. ‘Moraes Moreira’ O curta ‘Moraes Moreira’ exalta o artista como o primeiro cantor a subir em um trio elétrico, momento em que foi consolidada mais uma transformação da folia momesca - uma época de transição entre o antigo e o atual Carnaval. “Há um depoimento dele, contando sua participação. Conhecermos melhor dessa figura de cantor de trio elétrico, referência na música do carnaval”, diz Claudio Tinoco. Curta tem depoimento de Moraes Moreira (Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO) 3. ‘Visual do Carnaval’ É uma roda de conversa entre os grandes responsáveis pela estética do Carnaval: Juarez Paraíso, Jotta Cunha, Pedrinho da Rocha, Alberto Pitta e Ray Viana. É uma homenagem da Casa do Carnaval àqueles que estão nos bastidores, mas que respondem pela imagem da festa. Pedrinho da Rocha aparece com a história dos abadás, Alberto Pitta na estamparia dos blocos afros e Ray Viana com a pegada ‘pop’. Artista Juarez Paraíso participa de roda de conversa em filme sobre o Visual do Carnaval (Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO) 4. ‘Orlando Tapajós’ Mais um dos curtas que serão lançados nesta quarta (13) fala sobre Orlando Tapajós - o nome por trás da engenharia do trio elétrico. “A gente procura sempre fazer referências e muitos passaram já pela vida, como Orlando Tapajós, que teve parcela importante na engenharia do trio elétrico e que nos deixou recentemente. Ele também estará sendo homenageado”, declarou Claudio Tinoco. Orlando morreu em junho de 2018. Seu Orlando Tapajós também é homenageado em curta (Foto: Mauro Akin Nassor/Arquivo CORREIO) 5. ‘Paulo Miguez e Milton Moura’ Se soma aos adereços, instrumentos musicais e figurinos que já fazem parte do Museu Casa do Carnaval um curta com os pesquisadores Paulo Miguez - que é vice-reitor da Ufba - e Milton Moura, historiador, professor da Ufba e estudioso da festa. Segundo Claudio Tinoco, o curta com os professores vai falar dos sentidos da festa desde o Brasil-Colônia. Professor Paulo Miguez, que também é curador do museu, aparece em curta com historiador Milton Moura (Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO) 6. ‘Riachão’ Outro nome fundamental na folia momesca de Salvador é o do compositor e sambista Riachão. Aos 97 anos, Riachão vai aparecer num curta que fala também da Mudança do Garcia - bairro onde ainda vive. “Outro ator da festa, Riachão, que ainda está vivo e que tem contribuição tão importante para a música baiana e para o próprio Carnaval, será homenageado com a Mudança do Garcia”, afirma Tinoco. Riachão é um dos homenageados, junto com a Mudança do Garcia (Foto: Angeluci Figueiredo/Arquivo CORREIO) Serviço:Funcionamento - A Casa do Carnaval funciona de terça a domingo, das 11h às 19h

Gratuidade nesta quarta (13) - Para comemorar o primeiro ano, o museu será gratuito hoje. A Secult alerta para a possibilidade de filas para entrar no local - o ideal é entrar até as 18h. Cada sala tem capacidade para 45 pessoas. 

Ingressos - A entrada para o museu sai por R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), em dias normais. Há um projeto para escolas públicas que visitam o local gratuitamente, mas é preciso agendar previamente.