Casagrande, do PSB, é eleito governador do Espírito Santo  

Socialista já governou o estado em outros dois mandatos, de 2003 a 2010

  • D
  • Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2018 às 18:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Thiago Guimarães/Secom-ES

Foto: Thiago Guimarães/Secom-ES Renato Casagrande (PSB) foi eleito governador do Espírito Santo no primeiro turno, neste domingo (7), segundo projeção do Datafolha. Ele volta a ocupar o Palácio Anchieta, onde esteve de 2011 a 2014, antes de ser sucedido pelo atual governador, Paulo Hartung (MDB). Sem o principal adversário na corrida, já que Hartung decidiu não tentar a reeleição, Casagrande não teve dificuldade para se eleger.

O emedebista, que defende a renovação e já governou o estado em outros dois mandatos, de 2003 a 2010, resolveu encerrar a carreira política. Foi em uma aliança com Hartung que Casagrande se elegeu pela primeira vez, mas os políticos romperam em 2014 e foram adversários na eleição daquele ano -o pessebista perdeu no primeiro turno.

Antes de ser eleito governador pela primeira vez, Casagrande ocupou mandatos de senador, deputado federal e estadual. Neste ano, venceu amparado em uma das maiores coligações desta eleição, com 18 partidos, inclusive o PSDB, embora o PSB tenha a orientação de coligar com siglas de centro-esquerda.

Segundo o governador eleito, os partidos não irão cobrar pelo apoio. “Não tem nenhum compromisso com eles. Eles não me pediram nada, é bom ser bastante franco e sincero nisso. Vou montar uma equipe em que considerarei os partidos, mas com perfil técnico e político”, disse em entrevista à Folha de S.Paulo em setembro.

Durante a campanha, Casagrande afirmou que suas prioridades são saúde e segurança. O estado foi marcado em 2017 por uma greve da Polícia Militar que deixou 227 mortos em fevereiro, alta de 134% em relação ao mês anterior.

O governador eleito prometeu reativar as forças policiais especializadas, como o BME (Batalhão de Missões Especiais) e a Rotam, que foram extintos após a greve. Também afirmou que irá reverter o que ficar caracterizado como perseguição política na punição administrativa aos policiais - 23 foram expulsos da corporação.

Casagrande também se comprometeu com um robusto plano de investimento, por meio de recursos próprios, parceria com o setor privado e financiamento.

Sobre ter sido mencionado na delação da Odebrecht, Casagrande diz que a doação feita na campanha de 2010 foi legal e direcionada à direção nacional do partido.

No campo da educação, a reportagem questionou Casagrande sobre o futuro do projeto Escola Viva - que colocou 20 mil alunos estudando em tempo integral. Ele não cravou quantas novas escolas do modelo devem ser implementadas, nem se vai manter o nome do projeto - durante a campanha, o socialista disse que “Escola Viva é nome do marketing”.

“A construção de novas escolas será avaliada de acordo com a demanda e com os recursos disponíveis em caixa. Vamos priorizar a expansão do ensino integral, com amplo diálogo com a comunidade, garantindo o atendimento das demandas educacionais nas diferentes regiões. Esse processo não pode gerar prejuízos aos capixabas, com a extinção de turmas e o fechamento de escolas, como vem acontecendo”, disse, alfinetando Hartung.

Na visão do novo governador, os últimos quatro anos foram de expressiva diminuição dos investimentos em educação e aumento absurdo da evasão escolar. “Já na saúde é necessário ampliar a oferta e qualidade dos serviços e consolidar o conceito de redes de atenção regionalizadas”, disse.

Casagrande tem 57 anos. Foi governador capixaba de 2011 a 2014, senador, deputado federal, vice-governador de 1995 a 1999 e deputado estadual. Formado em engenharia florestal e em direito, estava na presidência da Fundação João Mangabeira, ligada ao PSB. Na eleição para o governo em 2010, foi eleito com 82,3% dos votos - o segundo maior percentual do país entre governadores.