Casal de Salvador e mais sete pessoas ligadas a feirense com coronavírus são monitoradas

Dois casais viajaram com a paciente e marido para Itália; especialistas reforçam que não há necessidade de pânico

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  • Fernanda Santana

Publicado em 7 de março de 2020 às 17:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr./CORREIO

Pelo menos nove pessoas são monitoradas, em Feira de Santana, onde o primeiro caso de coronavírus na Bahia foi confirmado na última sexta-feira (6). O monitoramento é realizado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Bahia (Cievs-BA), junto com a vigilância municipal da cidade. A paciente com o vírus é monitorada de casa, com o marido e duas filhas. Quatro amigos – dois deles moradores de Salvador – que viajaram com ela e o esposo para o exterior e duas secretárias da paciente também são acompanhados. 

A mulher de 34 anos que teve o diagnóstico positivo de Covid-19 da Bahia retornou da Itália no dia 25 de fevereiro. Ela passou por Milão e Roma na companhia do marido e de dois casais de amigos e procurou o Hospital Cárdio Pulmonar, em Salvador, três dias depois de retornar. O outro casal mora em Feira de Santana. As informações foram confirmadas ao CORREIO pela infectologista Melissa Falcão, coordenadora do Comitê Gestor Municipal de Controle ao Coronavírus, em Feira de Santana. 

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Somente a paciente, cujo nome e a profissão não foram divulgadas, está em isolamento domiciliar, com máscara. O marido dela e as duas filhas também estão em casa, com máscara, mas não há suspeita de que também estejam com coronavírus, pois nenhum sintoma foi manifestado. Por isso, os três podem sair de casa normalmente.“Todos os contatos dela, todo mundo que tem contato domiciliar com ela, está com máscara. Mas estão assintomáticos, não tem necessidade de isolamento”, explicou a médica.As duas filhas, no entanto, não foram para escola no dia em que a mãe teve o diagnóstico confirmado. A própria paciente, que está assintomática, sairá do isolamento na próxima segunda-feira (9), quando está encerrado o tempo de contágio.

O Colégio Helyos publicou, no Instagram, que as crianças são alunas da escola e que pediu a ausência das duas nas aulas. "Aos alunos, crianças e jovens, recomendamos fortemente que não frequentem o Colégio se apresentarem sintomas de resfriado/gripe. Ao corpo de funcionários/professores, estendemos e cobramos essa orientação".

Em seguida, o secretario de Saúde da Bahia respondeu a publicação. "Nenhuma conduta restritiva ao convívio social de pessoas ASSINTOMÁTICAS, mesmo aquelas que entraram em contato com portadores de COVID-19, é respaldada pela Secretaria Estadual da Saúde da Bahia, Ministério da Saúde ou Sociedade Brasileira de Infectologia. Essas pessoas devem ser mantidas em monitoramento quanto ao desenvolvimento de SINTOMAS respiratórios", escreveu.O titular da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA), Filipe Vieira, explicou que a dispensa de alunos, por parte das escolas, que não apresentam sintomas do coronavírus ou de qualquer outra doença é ilegal.

Amostras de familiares chegam a Salvador Na manhã deste sábado (7), cinco amostras do marido, das filhas e das duas secretárias da paciente foram enviadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e para o Laboratório de Virologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba). A unidade possui um equipamento, chamado Real-Time, capaz de identificar, em três horas, a presença do vírus.

O coordenador do laboratório da Ufba, Gúbio Soares, falou à reportagem que as amostras estão mantidas a uma temperatura negativa de -70ºC, num freezer. Os testes devem ser realizados somente na segunda, estimou o virologista.“Não há nenhum protocolo que exija testes para pacientes assintomáticos, mas mesmo assim preferimos fazer, por precaução”, explicou a infectologista Melissa Falcão. O Comitê Gestor Municipal de Controle ao Coronavírus, em Feira de Santana, já buscou os contatos de trabalho da paciente. Nenhum deles apresenta nenhum sintoma e o comitê segue em busca de possíveis contatos próximos da mulher. A lista de pessoas que viajaram no mesmo avião que a paciente ainda é elaborada. 

Primeiro diagnóstico O primeiro atendimento e as amostras da paciente foram coletadas no Hospital Cárdio Pulmonar e enviadas para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, que é a referência nacional do Ministério da Saúde. A Bahia é o primeiro estado do Nordeste que notificou um caso de Coronavírus e o quatro do Brasil. 

Segundo o secretário da Saúde do Estado da Bahia, Fábio Vilas-Boas, “trata-se de um caso importado". A Bahia é o quarto estado com registro da doença. Também há pessoas infectadas em São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro - ao todo, até o momento, são 14."A paciente contaminou-se na Europa e veio manifestar os sintomas depois de ter chegado ao Brasil. Isso é diferente de haver uma contaminação interna no estado e, portanto, todas as medidas de contenção para garantir que não houve a contaminação de outras pessoas foram e estão sendo tomadas pela vigilância estadual, municipal e Núcleo Regional de Saúde Leste”, afirma o secretário.O infectologista Alan Neves, do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Cárdio Pulmonar, reforçou que não há motivo para pânico. Pessoas que por acaso tenham tido contato com ela na unidade, por exemplo estão seguros. "Como o paciente usa máscara desde o início do atendimento e é logo encaminhado para o leito de isolamento, os profissionais de saúde, outros pacientes em atendimento, familiares e transeuntes estão seguros e não tem motivo para pânico", explicou.A Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) divulgará balanço atualizado sobre o coronavírus na Bahia apenas na segunda, informou órgão. Até o momento, a Bahia registrou 73 casos notificados com suspeita clínica de infecção pelo novo coronavírus. Deles, 21 foram excluídos por não se enquadrarem no protocolo do Ministério da Saúde, 29 foram descartados laboratorialmente e 23 aguardam análise laboratorial. 

Atualmente 33 países são monitorados pelo Ministério da Saúde por apresentarem transmissão ativa do coronavírus. Os critérios para a definição de caso suspeito enquadram pessoas que apresentarem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar e tiveram passagem pela Alemanha, Argélia, Austrália, Canadá, China, Coreia do Norte, Coreia do Sul, Croácia, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Equador, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Indonésia, Irã, Israel, Itália, Japão, Líbano, Malásia, Noruega, Reino Unido, Romênia, San Marino, Singapura, Suécia, Suíça, Tailândia e Vietnã.