Casal que prometia falsos empregos é preso em Salvador

Estelionatários ofereciam vagas com salários de até R$ 3 mil

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  • Nilson Marinho

Publicado em 27 de outubro de 2017 às 17:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nilson Marinho/CORREIO

Um casal de estelionatários foi preso na manhã desta sexta-feira (27) acusado de oferecer falsos empregos para cerca de 30 pessoas em Salvador. Solange Aparecida Geroldo, 48 anos, e José Vicente Cavazinee, 64, são donos de uma empresa fantasma de serviços terceirizados que prometia às vítimas cargos na prefeitura de Salvador com salários de até R$ 3 mil.

De acordo com a polícia, o casal contratou o serviço de uma empresa de recrutamento, a RH Talento, para realizar as seleções dos candidatos para ocupar as 32 vagas da empresa que supostamente prestaria serviços para a prefeitura com cargos de supervisores de área, com salários de R$ 3.100, e assistentes administrativos, com salários de R$ 2.800. 

A empresa de recursos humanos contratada pelos estelionatários realizou as seleções pelo Serviço de Intermediação para o trabalho (SineBahia), em setembro deste ano. Desde então, de acordo com a polícia, os candidatos selecionados participaram de fases seletivas nas quais tiveram a oportunidade de ter contato com o casal que, aos poucos, foi ganhando a confiança dos candidatos. Casal foi preso quando planeja festa para candidatos a vagas (Foto: Nilson Marinho/CORREIO) Ainda de acordo com a polícia, o processo de contratação acontecia na empresa de recrutamento e em salas alugadas pelos próprios bandidos no bairro do Stiep. Vítima do golpe do falso emprego, a administradora Roqueline Palmeira, 35 anos, relatou ao CORREIO que, após o anúncio de contratação, o casal alegava problemas no contrato firmado entre a prefeitura e a empresa tercerizada.

Para a administradora, o casal disse que a prefeitura havia recusado o contrato pelo fato de a empresa ter sede no estado de São Paulo. "A desculpa dela (Solange) era de que a empresa era de São Paulo e que a prefeitura daqui não aceitou o CNPJ. Ela disse ainda que abriria uma nova empresa para resolver a situação", conta a administradora.

A vítima chegou a emprestar R$ 1.360 à estalionatária para que ela pudesse realizar exames admissionais."Alegaram também que, por conta do problema entre a empresa e a prefeitura, eles estavam sem dinheiro para realizar os meus exames de contratação. Emprestei esse valor, mas eles só me devolveram R$ 900", relata. A empresa fantasma tem a razão social Solving Assessoria e Consultoria Ltda com sede na Rua Barbacena, 50, Vila Bela Vista, em Santo André, interior de São Paulo. A polícia acredita que o mesmo golpe sofrido pela administradora tem sido aplicado em outras pessoas e o valor estimado do prejuízo pode chegar a R$ 20 mil, de acordo com o depoimento dos estelionatários. 

Segundo a delegada Maria Dail Sá Barreto, titular da 1ª Delegacia Territorial (Barris), é possível que outras pessoas também estejam por trás do golpe."Pode ser a ponta do iceberg. Muitas pessoas desempregadas, nessa situação difícil em que está o país, acreditaram e investiram dinheiro e tempo. Ela (Solange) fez amizade com muitos dos candidatos, para quem pedia dinheiro emprestado para fazer exames, alegando que precisava e que depois pagaria", diz a delegada.Festa com as vítimas Ainda segundo Maria Dail, o casal realizaria uma confraternização nesta terça-feira com as vítimas. A festa, de acordo com estelionatários, seria para avisar aos candidatos que eles assumiriam os cargos em breve. "Eles me avisaram, e eu já havia indicado a Solange uma empresa de eventos para fazer a festa", conta a administradora. 

Além das vítimas, dois representantes da empresa RH Talentos foram ouvidos pela polícia. Um deles confirmou que a empresa foi contratada pelo casal para realizar a seleção. "Nós somos vítimas também. Estamos aqui para prestar depoimento porque saímos totalmente no prejuízo. Fizemos o serviço e não recebemos um centavo por isso", disse um representante, sem se identificar. "Quando nos contrataram, disseram que estavam precisando de uma empresa séria e ágil. Estamos sofrendo porque somos uma empresa séria", concluiu.

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A delegada também considera a empresa de recursos humanos vítima do golpe. "Eles estavam usando o nome da prefeitura e contrataram, então, uma empresa de seleção, que tem um contrato com o SineBahia, a empresa, assim como a prefeitura, não tem nada a ver com isso. As pessoas precisam ter mais malícia. Quando alguém chegar oferecendo emprego, tem que procurar saber com detalhes que empresa é essa. As vítimas poderiam ter ido até a prefeitura procurar saber se existia mesmo uma licitação em andamento", recomentou Maria Dail. 

Segundo a polícia, Solange já tem passagem pela polícia por quatro furtos qualificados. Ela e o companheiro foram autuados em flagrante por estelionato e, em seguida, encaminhados à audiência de custódia no Núcleo de Prisões em Flagrante (NPF), na Avenida ACM.