Casamentos no exterior viram moda - e giram em torno de R$ 300 mil

Destination wedding propõe mais dias de festa para menos convidados

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 30 de maio de 2018 às 12:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Lucas Assis/Divulgação

Quem prepara um casamento sabe: a lista de convidados é uma das partes mais tensas da organização. Sempre tem aquelas pessoas com as quais você não tem muita intimidade, mas acaba pensando em chamar por ‘obrigação’ - seja um parente mais distante, algum colega de trabalho ou até  amigo dos pais. E quando vai contabilizar todo mundo... Dá até vontade de fugir e viajar. Bom, digamos que essa possibilidade existe. No destination wedding, há menos convidados no casamento (Foto: Shutterstock/Divulgação) Tem noivos que, ao invés de fazer a cerimônia aqui,  realizam tudo em outro país. “Fiz um casamento no fim de abril em que a lista inicial dos noivos passava de mil convidados. Eles então resolveram levar a cerimônia para o Algarve, em Portugal. A lista passou para 80 pessoas”, conta o produtor de eventos Felipe Silver.

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Essa modalidade é chamada de destination wedding (ou destino casamento, ao pé da letra). É quando os noivos fazem uma festa para um número menor de convidados, em um local diferente do que moram - pode ser em outra cidade, estado e até país.

A arquiteta Nathália Velame conta que sonhava com isso. “Sempre quis um casamento mais intimista, exclusivo. Nunca pensei em um festão. Meu pai queria  que eu casasse na igreja, era um desejo dos meus avós. Então eu e meu noivo, Rafael Gonçalves, fizemos a cerimônia religiosa no Museu de Arte Sacra, seguida de uma festa no Solar Cunha Guedes. Depois, fomos para a segunda parte, em Ibiza”, diz. Nathália Velame e Rafael Gonçalves casaram num hotel que fica no topo de um penhasco em Ibiza, na Espanha (Foto: Lucas Assis/Divulgação) A realidade correspondeu à expectativa. “Foi incrível, inesquecível! Tínhamos 90 convidados, todos especiais, que torcem para que dê tudo certo. A energia foi ótima!”.

A escolha do espaço para a cerimônia espanhola foi bem planejada. “Eu queria um lugar que tivesse praia, mas que fosse animado. Por isso, veio a ideia de Ibiza. Lá, cheguei até o hotel Hacienda Na Xamena, que fica no topo de um penhasco e tem uma vista especial. Falei ‘vai ser esse’”. Hacienda Na Xamena foi o local escolhido por Nathália e Rafael (Foto: Lucas Assis/Divulgação) Camila Almeida também optou por um destination wedding. Há quatro anos, a baiana mora em Londres, no Reino Unido, onde trabalha com marketing digital. Foi lá onde conheceu seu noivo, o britânico Rupert Simpson. Porém, o casal resolveu que não casaria nem na terra de um, nem na terra de outro, e sim na Itália. Já Camila e Rupert optaram pela Itália para o casamento (Foto: Reprodução/Facebook) “O país significa muito para nós pois foi um dos primeiros lugares que a gente visitou como casal. Além disso, será na época de Verão na Europa, enquanto é Inverno no Brasil. E na Inglaterra a gente não pode confiar muito no clima. Já na Itália dava para ter o casamento a céu aberto com garantia de sol”.

Como organizar? Camila e Rupert estão nos preparativos, já que a cerimônia acontecerá em 22 de junho de 2019.  Para ajudá-los, contrataram uma cerimonialista italiana.

“Existem até empresas inglesas que fazem esse tipo de casamento. Mas preferimos alguém local - essa pessoa provavelmente tem maior contatos com fornecedores, já conhece a cidade e pode recomendar coisas diferentes do que quem está em Londres. A planejadora tem  escritório na própria vila que a gente alugou, a Villa La Selva. Ela cuida de comida, musica, decoração, celebrante, voos dos convidados e lugares para eles ficarem”, explica. A Villa La Selva receberá a celebração de Camila e Rupert (Foto: Reprodução/Facebook) No caso de um destination wedding na França, há uma planner made in Bahia: Mariana Melo. “Tenho uma empresa de turismo sob medida. Proponho experiências que tenham a ver com o estilo da pessoa. A mesma coisa faço com o casamento”, conta. Em Paris, Mariana organiza passeios e eventos sob medida (Foto: Shutterstock/Divulgação) Dona do blog Tips Paris (@tips.paris no Instagram), Mariana sugere, porém, que o casal esqueça a cerimônia brasileira. “Minha proposta é que os noivos substituam casamentos faraônicos por versões mais íntimas, com menos pessoas e mais qualidade, no cenário de um castelo”.

A opinião é a mesma de Nathália. “Você tem que lembrar que os costumes de outro país são diferentes. No hotel que eu fiz, eles tinham os próprios fornecedores. A decoração estava incluída no pacote e eu só pude escolher a cor das flores. Idem com comida e bolo. É tudo diferente”.Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: Programação completa Uma das práticas comuns de quem faz um destination wedding é realizar, além do casamento, uma programação para os convidados, normalmente de três dias. Essa é uma das vantagens da modalidade, segundo Nathália Velame.

“Dura muito mais tempo. Uma festa no Brasil acontece em, aproximadamente, oito horas. Já o destination se estende para um fim de semana inteiro. Em um dia, fomos para um beach club, no outro, alugamos um barco...”.

A programação maior também está nos planos de Camila Almeida. “Nosso casamento é para 80 pessoas. Destas, 20 ficarão com a gente por três dias. Estamos organizando café da manhã e degustação de vinhos”. O casamento de Camila será para 80 pessoas (Foto: Reprodução/Facebook) Por conta da programação mais extensa, o preço do destination wedding pode superar as cifras de um casamento tradicional.

“Tem gente que manda mimos para os convidados lembrando que a festa está chegando. E já deixa toda essa programação inclusa. Juntando com o próprio hotel e passagens  - e a conversão da moeda - a média gira em torno de R$ 300 mil”, lembra Guilherme Chalhoub, da assessoria de casamentos Ana Chalhoub.

Segundo ele, os noivos não são obrigados a pagar também a hospedagem e avião dos convidados. “Eles só precisam deixar claro que isso fica por conta das pessoas. O que eles podem é dar sugestões de hospedagem”.

Elopement wedding Além do destination wedding, há outra versão de casamento íntimo: o elopement wedding. Ele é comum em outros países e, ao pé da letra, significa fugir para se casar.

Diferente da primeira modalidade, é conhecido como um ‘casamento a dois’, em que somente os noivos e o celebrante participam. Lembra que Marina Ruy Barbosa e Xande Negrão se casaram em uma cerimônia budista na Tailândia, sem convidados? Isso se enquadraria como um elope. Marina e Xande fizeram uma cerimônia intimista na Tailândia (Foto: Reprodução/Instagram) Um dos destinos mais bombados é Cancún, no México. De acordo com a Senses Cancun, agência brasileira especializada em casamentos na cidade, em cada 10 contratos fechados pela empresa, oito são para casamentos a dois. “Vamos fechar o ano de 2018 com uma média de 40 cerimônias neste estilo”, conta Fernanda Sarkiss, consultora da Senses. Cancún é um destino queridinho para o elopement wedding (Foto: Senses Cancun/Divulgação) Seja como destination ou elopement, é preciso que o casal interessado saiba de uma coisa: ambas as cerimônias são só isso - cerimônias. “A legalidade delas não é válida no Brasil e funciona apenas como uma festa. Para registrar oficialmente por aqui, o casal terá também que casar no civil”, explica Guilherme.