Casarão no Pelourinho abre temporada de ensaios da Orquestra Afrosinfônica

Cursos de música também serão ministrados no local a partir desta terça-feira (20)

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  • Tailane Muniz

Publicado em 19 de novembro de 2018 às 21:56

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Betto Júnior/CORREIO

Até ontem, o casarão de número 10, no Largo do Pelourinho, Centro Histórico de Salvador, era apenas mais um dentre tantos outros tombados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac). Com nome e sobrenome, a agora ocupada Casa da Ponte vai abrigar, a partir desta segunda-feira,19, todas as segundas-feiras, os ensaios da Orquestra Afrosinfônica da Bahia. A entrada é livre e sem limite de público estabelecido.

O local também vai promover cursos musicais, além de estudo e conhecimento do patrimônio histórico do estado, como o próprio Pelourinho. À frente da Associação Casa da Ponte, o maestro da Orquestra Afrosinfônica, Ubiratan Marques, responsável pela gestão do espaço, comemorou a concessão do Ipac.  "A nossa ideia, e o que trazemos de muito forte, é sempre fundir a filosofia clássica com a música. É um projeto que tem muita força, porque vai fazer as pessoas pensarem nesse bem, que é a música. Um bem enorme e que salva", disse o maestro, pouco antes de dar início ao primeiro ensaio, que marcou o ponto de partida da "ocupação parcial".

Com 12 anos de existência, a Orquestra Afrosinfônica é composta por 25 músicos e já tocou com artistas como Maria Bethânia. Conforme o diretor geral do Ipac, João Carlos Cruz, a ocupação é um desafio que a pasta já mirava há algum tempo. "É um projeto dinâmico, um mix de música com informação. Segue o modelo de economia criativa que nós já temos em outros lugares, como Alaíde do Feijão e a Escola Rumpilezz de Música" (João Carlos Cruz)Cursos Os cursos, já com inscrições encerradas, seguem duas vertentes, como explicou um dos diretores da Casa da Ponte, Paulo Alcoforado. São elas: Música e Patrimônio Histórico. No estudo das músicas, estão os cursos de Leitura Musical para Ritmistas e Música e Mercado, ambos sob a tutoria do músico Gilberto Santiago, da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba). 

Os cursos têm 40 [duas turmas de 20] e 18 [três turmas de 6] participantes, respectivamente. Eles acontecem uma vez por semana, sempre às terças e quarta-feiras, a partir destar terça-feira, 20, e tem duração estabelecida de um ano [Música e Mercado] e seis meses [Leitura Musical para Ritmistas]. 

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A Casa da Ponte também vai promover os ciclos de palestras, que devem acontecer a cada dois meses, a partir de dezembro. Com os temas Educando para o Patrimônio e Fundação da Cidade do Salvador, os ciclos serão ministrados pelo arquiteto Ernesto Carvalho.

Visitas guiadas Já no âmbito da educação cultural, na vertente Patrimônio Histórico, serão montados grupos de cerca de 30 pessoas, não restrito apenas aos turistas, que tenham interesse sobre as histórias do Pelourinho e Salvador, como um todo.

Os passeios são guiados também por Ernesto Carvalho e devem acontecer a cada 15 dias. De acordo com Alcoforado, no entanto, ainda não há data definida para a primeira visita.

Para a superintendente do Instituto Antônio Carlos Magalhães de Arte Cidadania e Memória (IACM), Cláudia Vaz, uma das instituições apoiadoras da Casa da Ponte, o momento é de somar forças. "O IACM não poderia ficar de fora de um projeto como esse, estamos aqui para apoiar no sentido de reunir forças. O projeto dos meninos é lindo. Une patrimônio, cultura e música", afirmou Cláudia, que também esteve presente no primeiro ensaio.

"É algo que estávamos pensando há mais de um ano e meio e tinha que ser aqui, tinha que ser no Pelourinho. Estamos muito felizes", pontuou o diretor da associação.

Quem também prestigiou o evento foi o músico Russo Passapusso, vocalista da BaianaSystem, que chegou acompanhado do rapper Vandal."Essa é a base. É fundamental para a sociedade, para as crianças, essa busca pelo conhecimento. O desejo norteia e mexe com os princípios, educar, fazer o bem, esse é o alicerce", (Russo Passapusso)Soteropolitano, Vandal defende a ideia de que a música abre várias possibilidades. "É sempre importante trazer a cultura, apresentar esse leque de oportunidades a quem não tem esse entendimento. Muitas vezes, as coisas chegam distorcidas às pessoas, e por meio da cultura, isso pode ser transformado", comentou o MC, que há duas semanas lançou seu novo EP, intitulado Varonil, recheado de referências a Salvador