Casas de Salvador: Conheça algumas das mais impressionantes

Veja como são, por dentro, algumas das mais cheias de história, arte e arquitetura

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  • Victor Villarpando

Publicado em 4 de agosto de 2017 às 17:41

- Atualizado há um ano

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Primeiro andar da casa de Dimitri Ganzelevitch por Angeluci Figueiredo

Passar na frente de uma casa e ficar pensando: o que é isso e o que tem atrás dessa porta? Quem nunca teve essa curiosidade? O BAZAR entrou em alguns dos mais belos exemplares da cidade e mostra o que tem lá dentro. Das antigas às mais novas, sem preconceito. Por trás de fachadas impressionantes há história, arte, mobiliário e até iniciativas ligadas à sustentabilidade.

Palácio da Aclamação Pedaço de retábulo de igreja é a cabeceira da cama (Fotos: Angeluci Figueiredo) A antiga residência oficial dos governadores da Bahia já foi casa da viúva Anna Carolina Ribeiro Miranda. Em 1894, comprada pelo comerciante português Francisco de Moraes, virou o Palacete dos Moraes. Tinha apenas metade do espaço que ocupa hoje: ia da atual porta da frente até o fim da parte direita, coisa de 50 metros. É onde funcionavam o salão de recepções, a sala de almoço e quatro quartos. Pedaço de Versalhes no Palácio da Aclamação: salão inspirado no primo-rico francês Em 1911 foi vendido ao estado, um ano depois virou palácio e em 1913 ganhou ampliação do arquiteto italiano Filinto Santoro. “O estilo da moda, na época, era fugir do colonial. Foi tempo de misturas: neoclássico, neo-rococó e neobarroco” diz a socióloga Eliene Diniz, do setor de pesquisa e documentação do palácio, que já recebeu a rainha Elizabeth II, em 1968, e se tornou museu em 1991. “No salão de recepções, o teto tem esculturas de pássaros e as colunas foram feitas com uma técnica que imita mármore rosa, a escaiola”, destaca Kátia Berbert, coordenadora de Restauro de Elementos Artísticos do IPAC. Uma das escadas do imóvel: magnífica e toda restaurada Embora esteja fechado como museu desde 2010, abre as portas para eventos, como a feira de arte Pedra Papel e Tesouro e os ensaios do Núcleo de Ópera da Bahia (para fazer eventos lá, é só contactar a Dimus, da Secult). Aí dá para ficar besta com um salão inspirado no Palácio de Versalhes (França), pintado pelo pintor baiano Presciliano Silva e decorado com móveis no estilo Luís 14. Parte de trás do casarão que já foi casa dos governadores e teve ampliação assinada por arquiteto italiano Difícil não se impressionar também com o hall de entrada e seu pé direito de 15 metros: cheio de guirlandas, querubins, mísulas de inspiração grega, balaústres e uma claraboia disfarçada de vitral. Na parte dos fundos, um jardim que dá para o Passeio Público. No andar de cima, os quartos guardam mobílias curiosas, como uma cama cuja cabeceira é um pedaço de um retábulo de igreja.

Solar Santo Antônio Lustre alemão do século 19, que foi de uma princesa de Wurtemberg (Fotos: Angeluci Figueiredo) A casa de Dimitri Ganzelevitch é daquelas que te abraçam. A fachada colonial azulejada esconde um portal para um mundo de esculturas, pinturas, fotografias e peças de arte popular. Nascido no Marrocos e criado pela Europa (França, Espanha, Portugal e Inglaterra), o marchand comprou o casarão de 700 metros quadrados e três andares na Rua Direta de Santo Antonio em 1985. Fachada do Solar Antônio: rica em história por fora e por dentro Depois de reformar o imóvel do Século 19 por três anos, ele começou a enchê-lo de arte. De cabeças do argentino radicado no Santo Antônio Reinaldo Eckenberg a uma placa de sapateiro comprada no Taboão. Na varanda, com vista para o mar, uma placa da época em que a criatividade era permitida na decoração das festas de largo de Salvador: o painel da barraca Bar Top Model. A decoração da casa de Dimitri tem até placa das antigas barracas de festa de largo No jardim há um pequeno teatro de arena para até 80 pessoas, que Dimitri batizou de Elena Rodrigues, em homenagem póstuma à amiga, que foi professora da Escola de Música da UFBA e era flautista da Orquestra Sinfônica da Bahia (OSBA). No segundo andar, na biblioteca, a pintura do teto acompanha a da tela de 1904 do português Domingos Costa. A casa de Ganzelevitch é toda tomada por arte A continuidade foi feita por uma amiga inglesa de Dimitri, Alice Sheppard. Impossível chegar lá e não ver o lustre alemão do Século 19, que pertenceu a uma princesa de Wurtemberg. Dá para visitar, mas só com agendamento: 71 3242-6455.

Casa das Sete Mortes A fachada, com azulejos do Século 19: no cotovelo da Rua do Passo (Fotos: Secult/Divulgação) O casarão do Século 17, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), teve como primeiro morador um padre, Manuel de Almeida. O nome mórbido vem de uma história trágica envolvendo a morte do sacerdote e de mais três homens no local, em 1755, de acordo com o Livro do Tribunal das Relações da Bahia, do Arquivo Público. Mas o melhor da casa vai muito além da lenda. Os azulejos internos do pátio: painéis do Século 17 foram restaurados Lá há um conjunto de azulejos que mistura peças dos Séculos 17, 18, 19 e 20. Os da fachada, no número 24 da Rua do Passo, são do 19. Já os painéis internos do pátio, de 200 anos antes. Elemento central da edificação, ele é rodeado por galerias e leva até uma antiga casa de banho, com banheira embrechada de conchas. Numa escavação, foram descobertos ainda cerca de 7 mil e 200 fragmentos de azulejos. A construção reúne influências estilísticas portuguesas, espanholas, mouras e até inglesas. Na área externa da Casa das Sete Mortes, no Pelourinho, fica a cisterna que recolhia água da chuva Estava em ruínas e foi restaurada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) em 2010. Alguns donos e menos de 200 anos depois, foi doada para a Casa Pia dos Órfãos de São Joaquim, ligada à Igreja Católica que mantém um colégio no lugar. Para tentar apagar a história do local, a entidade não permite visitas, fotos ou gravações dentro do imóvel. “Não consideramos adequada para um lugar onde funciona uma escola”, explicou, por telefone, o provedor da Casa Pia, Otávio Tourinho Dantas.

Casa Bromélia Localizada em Alphaville 2, a Casa Bromélia tem dois pavimentos deslocados (Fotos: Urban Recycle/Divulgação) Na Rua das Bromélias, em Alphaville 2, fica uma casinha de 210 metros quadrados. A pequena se faz notar desde 2011 pelo formato inusitado: “a edificação tem dois pavimentos deslocados e conectados por uma escada em balanço dentro de uma grande janela de 16 metros quadrados”, explica o arquiteto Diego Viana, do escritório Urban Recycle, responsável pelo projeto. Detalhe da varanda da Casa Bromélia: angulosa De um lado, uma fachada de vidro tem varanda. O outro é completamente fechado em madeira, com apenas uma janela que se projeta para fora no meio e recebe todo o sol poente.

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