Caso Geovane: após seis meses, Polícia Civil conclui inquérito e envia ao MPE

Geovane desapareceu após abordagem de PMs das Rondas Especiais da Baía de Todos os Santos

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  • Bruno Wendel

Publicado em 26 de fevereiro de 2015 às 07:50

- Atualizado há um ano

Geovane desapareceu após abordagem da PMA Polícia Civil concluiu, após seis meses, o inquérito que apura o crime da morte de Geovane Mascarenhas de Santana, 22 anos, visto com vida pela última vez quando foi colocado no porta-malas de uma guarnição da Rondesp, no dia 2 de agosto de 2014.

O documento deve ser encaminhado para o Ministério Público Estadual (MPE) até o final da semana que vem.

A informação foi confirmada, na quarta-feira (25), pelo diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Jorge Figueiredo, através da assessoria de comunicação da Polícia Civil.

Sobre detalhes da investigação, a assessoria de comunicação informou que o delegado não iria comentar o assunto. Geovane desapareceu após abordagem de PMs das Rondas Especiais da Baía de Todos os Santos (Rondesp/BTS).

O corpo dele foi encontrado carbonizado e esquartejado no Parque São Bartolomeu e Campinas de Pirajá. Três policiais chegaram a ser presos, mas foram soltos dois meses depois — agora cumprem expediente administrativo. São eles: o subtenente Cláudio Bonfim Borges, comandante da guarnição, e os soldados Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende.

O caso ganhou repercussão nacional, depois que o CORREIO divulgou com exclusividade o vídeo em que Geovane é colocado no porta-malas de uma viatura. A imagem foi obtida pelo pai de Geovane, o comerciante Jurandy Silva de Santana, 40, que apurou sozinho o desaparecimento do filho diante de inúmeras negativas na polícia. No dia de 19 de janeiro deste ano, o Ministério Público Federal (MPF) cobrou agilidade à Polícia Civil no inquérito.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão, Leandro Bastos Nunes, encaminhou ofício a Figueiredo. No ofício, Nunes solicita, em 30 dias, o “andamento do inquérito policial instaurado”, “destacando as últimas diligências empreendidas”. “No caso de ineficácia da atuação dos órgãos estaduais, o procurador da República pode solicitar perante o Supremo Tribunal de Justiça o deslocamento de competência”, declarou Nunes. Ou seja, a Polícia Federal assumiria a investigação.

Segundo o procurador, Figueiredo respondeu no dia 4 de fevereiro, 17 dias após o recebimento do ofício do MPF. “O documento informa que o inquérito foi concluído, mas não diz o que houve. Não aponta a conclusão. Sinaliza que vai enviar relatório, mas não diz também quando. Mas a gente vai cobrar a remessa”, disse Nunes. Quanto às diligências, o DHPP enviou junto com o documento-resposta, fotos da ocasião em que o corpo foi encontrado.

Apesar de inicialmente apenas três policiais militares terem tido os nomes envolvidos na morte de Geovane, o CORREIO apurou que mais de dez policiais militares foram investigados. Alguns foram incluídos porque estiveram no local do crime. A assessoria de comunicação da Polícia Civil não confirmou. Em nota, a Polícia Militar  respondeu que “todos os policiais militares que estavam de serviço na data do sumiço de Geovane foram ouvidos”. 

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