Caso Henry: veja diferenças entre depoimento da mãe e carta escrita na cadeia

Monique diz que foi agredida e muda versão do dia do crime; leia na íntegra

  • D
  • Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2021 às 11:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A professora Monique Medeiros, mãe do menino Henry Borel, mudou sua versão sobre a morte do filho. Ela quer ser ouvida novamente pela polícia e escreveu uma carta na cadeia, onde está presa pelo crime, em que narra agressões do namorado, o vereador Dr. Jairinho, e diz que ele a acordou no dia da morte do filho quando a criança já estava desfalecida. Trechos da carta foram divulgados pelo Fantástico.

Monique foi ouvida pela polícia no dia 17 de março. Na época, negou o crime e também inocentou Jairinho, afirmando que a família levava uma vida harmoniosa e no dia da morte de Henry, na madrugada de 8 de março, os dois estavam dormindo juntos em outro quarto. A carta, escrita na semana passada, conta outra história.

Henry morreu com mais de 24 lesões pelo corpo, incluindo uma laceração no fígado e machucados na frente, atrás e do lado da cabeça. Clique aqui e leia as 29 páginas da carta escrita por Monique.

Agressões No depoimento à polícia, Monique disse que a convivência entre ela, Jairo e Henry era boa, "não tendo relatado quaisquer problemas". Ela disse que o relacionamento não era muito próximo, mas que Jairo e Henry se davam bem e brincavam juntos. "Monique não acredita que Jairinho tenha feito qualquer coisa contra seu filho, até porque a relação entre eles era boa, e ele sempre tentava cativar o amor de Henry".

Na carta, ela revela que já sabia de agressões sofridas pelo filho - a babá da criança, que também mudou o depoimento, relatou situações de violência que ela mesma informou à mãe. “Um dia, em janeiro, Henry veio correndo até a cozinha uns 15 minutos depois que Jairinho chegou, dizendo que o tio tinha dado uma ‘banda’ nele e uma ‘moca’. Fui até a sala perguntar o que tinha acontecido, e Jairinho disse que ele era um 'bobalhão', que segurou ele pelos braços brincando e passou a perna, mas que Henry nem caiu pois ele estava segurando-o", diz o texto escrito agora.

Ela também relata que sofreu agressões e ser vítima de intensos ciúmes do namorado. "Lembro de ser acordada no meio da madrugada sendo enforcada enquanto eu dormia na cama ao lado do meu filho. Quase sem ar, ele jogou o telefone em cima de mim perguntando, me xingando, me ofendendo, o porquê eu não estava atendendo ele e do porquê eu tinha respondido uma mensagem do Leniel (onde eu chamava de 'Lê' e ele me chamava de 'Nique'.", descreve Monique sobre o que seria um dos episódios de violência de Jairinho.

Medicamentos No depoimento, Monique disse à polícia que não tomou nenhum remédio no dia da morte do filho, nem bebeu ou ingeriu outras drogas, assim como Jairinho.

Na carta, ela diz que Jairinho "me deu dois medicamentos que ele estava acostumado a me dar, pois dizia que eu dormia melhor, mas eu não o vi tomando. Logo, eu adormeci". Ela narra que era comum ele dar remédios de dormir para ela.

Morte de Henry No depoimento, Monique diz que deitou com Jairinho em um quarto de hóspedes, diferente ao que Henry estava deitado, e adormeceu vendo TV. Quando acordou, por volta das 3h30, viu a TV ligada e Jairinho dormindo ao seu lado, aparentemente em "sono pesado". Ela o acordou para que fossem para o quarto deles. Jairinho foi ao banheiro da suíte de hóspedes e ela foi quem encontrou o filho caído ao chão. Foi pegá-lo para por na cama e notou que ele estava com mãos e pés gelados, não respondia aos chamados e tinham olhos "revirados". Ela contou que chamou Jairinho, que correu até lá.

Na carta, a situação narrada é outra. "De madrugada ele me acordou, dizendo para eu ir até o quarto, que ele pegou o Henry no chão, o colocou na cama e que meu filho estava respirando mal", escreve Monique. Ela diz que viu o filho de barriga para cima, descoberto e com a boca aberta. Ela perguntou a Jairinho o que havia acontecido e ele contou que escutou um barulho, acordou e correu para ver. Disse que Henry tinha "caído da cama". Ela escreve que enrolou Henry numa manta para socorrê-lo. "Mas em nenhum momento eu achava que estava carregando meu filho morto nos braços", escreve.

Ameaças No depoimento, Monique afirmou que sua relação com Jairinho estava boa. Que eles seguiam juntos e pretendiam "passar por isso unido".

Na carta, ela diz que foi ameaçada e que teme pela família. “Eu tentava a todo custo me afastar e me desvincular dele, mas fui diversas vezes ameaçada e minha família também".Defesa nega A defesa de Jairinho divulgou nota em que diz que a carta de Monique é uma "peça de ficção".  "Sem falar sobre a tese da defesa, o que somente farei após a denúncia, posso adiantar que a carta da Monique é uma peça de ficção, que não encontra apoio algum nos elementos de prova carreados aos autos", diz a nota encaminhada pelo advogado Braz Sant'Anna.