Caso Robinho: vítima chegou a julgamento com olhos marejados

Albanesa esteve na Corte de Cassação de Roma e preferiu manter o silêncio

  • D
  • Da Redação

Publicado em 19 de janeiro de 2022 às 16:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Santos FC/Divulgação

O julgamento que confirmou a condenação de Robinho e seu amigo Ricardo Falco a nove anos de prisão por violência sexual de grupo foi acompanhado de perto pela vítima. A mulher albanesa, que pediu para não ter seu nome divulgado no processo, disse que não queria comparecer ao tribunal, mas foi convencida pelo seu advogado.

Desta forma, ela esteve na Corte de Cassação de Roma, última instância da justiça italiana, nesta quarta-feira (19). Porém, optou não dar declarações, mantendo o silêncio antes e depois da audiência. Segundo Janaina Cesar, do UOL Esportes, ao chegar ao local, ela foi questionada sobre como se sentia. Não respondeu, mas seus olhos marejaram.

A sessão foi curta, e durou cerca de 30 minutos. Ao longo desse tempo, a vítima ficou sentada no último banco da sala, ao lado de seu advogado. Com a confirmação da condenação de Robinho e Falco, jornalistas se reuniram ao redor do advogado da albanesa, para ouvir suas declarações. Ela, contudo, preferiu se distanciar e manter o silêncio. 

"Mais de 15 juízes analisaram o caso em primeira, segunda e terceira instância e confirmaram o relato da minha cliente. Agora é preciso ver como será o cumprimento dessa pena, o Brasil é um grande país e espero que saiba lidar com essa situação", disse o advogado da vítima, Jacopo Gnocchi.

"Para nós, a sentença deve ser cumprida. Se fosse na Itália, ele iria para a prisão. Agora a bola estará com o Brasil, que tratará isso com base na sua Constituição", completou.

Além dos noves anos de prisão, Robinho também terá de pagar uma indenização de 60 mil euros (cerca de R$ 372 mil na cotação atual).

Relembre o caso Robinho e Falco foram condenados em três instâncias por abusar sexualmente da jovem de origem albanesa, então com 23 anos, na boate Sio Café, em Milão, na madrugada do dia 22 de janeiro de 2013. À época, o atacante era um dos principais jogadores do Milan.

Outros quatro brasileiros teriam participado do ato. Mas, como deixaram a Itália no decorrer das investigações, estão sendo processados em um procedimento à parte.

A condenação do jogador e o amigo foi baseada no artigo “609 bis” do código penal italiano, que fala da participação de duas ou mais pessoas reunidas para ato de violência sexual, forçando a vítima a manter relações sexuais por sua condição de inferioridade “física ou psíquica”.

Em outubro de 2020, o Santos anunciou que Robinho retornaria ao time, com contrato válido por cinco meses. Mas, após a divulgação de conversas sobre o caso, conselheiros e patrocinadores do clube pressionaram para que o vínculo fosse desfeito. Poucos dias depois, a contratação foi suspensa.

Em março do ano passado, a Corte de Apelação de Milão divulgou o teor da sentença, proferida no dia 10 de dezembro de 2020. No texto, as juízas Francesca Vitale, Paola Di Lorenzo e Chiara Nobili destacaram que o atacante demonstrou 'desprezo' pela vítima."O fato é extremamente grave pela modalidade, número de pessoas envolvidas e o particular desprezo manifestado no confronto da vítima, que foi brutalmente humilhada e usada para o próprio prazer pessoal", escreveu Vitale, que presidiu o julgamento em segunda instância, referindo-se ao atacante.No documento de 22 páginas, o tribunal analisou o caso e rebateu as defesas de Robinho e de seu amigo Ricardo Falco, que responde ao mesmo processo. A juíza enfatizou contradições nas versões apresentadas pelos brasileiros, mencionando a transcrição de conversas interceptadas pela polícia. 

Em uma das conversas, o atacante disse que não se lembrava da mulher, de origem libanesa. Em outra, afirma que não tocou nela. Já em uma terceira gravação, admite que fez sexo com a mulher.

"Dia 24 do mesmo mês, em conversa interceptada às 17h05, Jairo pergunta se Robinho também havia transado com a mulher. Ele responde: 'Não, eu tentei'. E Jairo rebate dizendo que havia visto quando ele colocava o pênis dentro da boca dela, ao que Robinho responde que 'isso não significa transar'", escreveu a juíza."Neste contexto, a atitude de Robinho passa por uma espécie de amnésia inicial até chegar a lembrança do que aconteceu", continuou.A corte alegou tentativa de "enganar as investigações, oferecendo aos investigadores uma versão dos fatos falsa e previamente combinada".