Catador confessa estrangulamento de estudante em Feira, diz polícia

Bruna Mendes, 16, tentava falar com parentes quando foi atraída para imóvel e estuprada

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  • Gil Santos

Publicado em 19 de junho de 2018 às 15:08

- Atualizado há um ano

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O catador de materiais recicláveis Gilmar Dantas dos Santos, 41 anos, levou um susto quando abriu a porta de casa na manhã desta terça-feira (19). Policiais da Delegacia de Homicídios de Feira de Santana chegaram cedo na Rua Porto Seguro, no bairro Jardim Cruzeiro, para prendê-lo pelo estupro e assassinato da estudante Bruna Santana Mendes, 16, em fevereiro deste ano. Ele confessou o crime.

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O titular da Delegacia de Homicídios de Feira, Fabrício Linard, contou que Gilmar não resistiu à prisão. Ele entrou na viatura e foi levado até a delegacia, onde contou aos policiais o passo a passo até o assassinato da estudante. O catador já é investigado por outros dois processos por estupro, em Conceição do Jacuípe, município vizinho.“Ele era suspeito desde o início da investigação porque uma testemunha viu a vítima pela última vez na porta da casa dele, mas não podíamos divulgar para não atrapalhar a investigação. Ele foi ouvido logo depois do crime e negou envolvimento na morte. A gente estava aguardando uma prova para poder prendê-lo”, disse Linard.A prova surgiu na sexta-feira (15), quando o exame de DNA que analisou o material encontrado embaixo das unhas de Bruna comprovou que era de Gilmar. A polícia acredita que a jovem lutou para tentar escapar das agressões e arranhou o assassino, o que permitiu que o DNA dele ficasse nas unhas dela. Bruna foi estrangulada durante estupro (Foto: Reprodução) Passo a passo Tudo aconteceu no início da noite do dia 18 de fevereiro, um domingo. Bruna morava na cidade de Serra Preta, mas estava em Feira visitando alguns familiares que moravam na Rua Porto Seguro. A jovem foi ao shopping naquele dia, passou a tarde com um amigo, e depois pegou um táxi de volta para casa.

Não havia ninguém no imóvel quando Bruna retornou; por isso, ela resolveu perguntar a um dos vizinhos se viu quando a família saiu e se percebeu para onde eles tinham ido. Era por volta das 19h quando ela parou na porta de Gilmar.“Ela estava tentando ligar para a família, mas não estava conseguindo completar a chamada. Gilmar sugeriu que ela entrasse na casa dele, onde o sinal de wi-fi era mais forte, e ela poderia mandar uma mensagem de texto para os parentes. A vítima fez isso, e foi nesse momento que ele atacou”, contou o delegado.O catador disse para a polícia que agarrou Bruna pelas costas. Ela tentou se desvencilhar, mas ele a dominou e a amordaçou. O objetivo era estuprar a estudante, por isso, ele retirou à força o short e a calcinha que ela vestia. Mesmo amordaçada, a vítima continuou tentando escapar e gritava por socorro.

Assassinato Gilmar contou para os policiais que ficou com medo que os vizinhos ouvissem os gritos de Bruna, por isso, a dominou com um ‘mata leão’ e a estrangulou até a morte. Toda a ação durou alguns minutos e ele disse que não teve tempo de consumar o estupro.

Quando percebeu que a estudante estava morta, ele colocou o corpo dela em dois sacos de linho que usava para guardar os materiais recicláveis e aguardou. Por volta das 20h, pôs o corpo em um carrinho de mão e saiu pela lateral da casa.

O catador continuou caminhando por mais 600 metros, sempre nas sombras das casas para evitar ser visto por alguns dos vizinhos, até chegar ao matagal onde deixou o corpo da vítima. Bruna foi encontrada três dias depois, em estágio de decomposição.

Investigação Logo após o desaparecimento de Bruna, o shopping passou a ser o último local em que ela tinha sido vista com vida e o amigo que estava com ela tornou-se suspeito. Na época, a mãe do jovem contou que ele estava recebendo ameaças de morte pelas redes sociais. Com medo, o rapaz deixou de ir à escola e evitou sair de casa.

Outros dois homens foram presos suspeitos de participação no crime. Quando o corpo de Bruna foi encontrado, os investigadores descobriram uma testemunha que disse ter visto a estudante parada na porta da casa de Gilmar, por volta das 19h do dia do desaparecimento. A pessoa contou que quando voltou a olhar na mesma direção, poucos minutos depois, a jovem já não estava no mesmo local.

Gilmar foi intimado para depor. Era a primeira sexta-feira após o crime.“Ele negou. Disse que Bruna pediu informações sobre a família dela, que ele disse que não viu quando os parentes dela saíram, e que depois disso Bruna foi embora. A gente sabia que ele não estava dizendo a verdade, mas não tinha provas para mantê-lo preso”, afirmou o delegado.O resultado do exame de DNA do material encontrado nas unhas da vítima deu à polícia a prova de que precisava para solicitar um mandado de busca e apreensão e a prisão preventiva do catador, que foram cumpridos por volta das 6h desta terça (19). Gilmar vai permanecer preso por tempo indeterminado.

Prisão O delegado informou que Gilmar vai responder por homicídio e estupro porque, mesmo ele dizendo que não teve tempo para cometer o abuso, ele violentou a estudante. O catador será encaminhado nos próximos dias para o Complexo Penitenciário da Mata Escura, em Salvador. Ele tem esposa e um filho. Os dois não estavam em casa quando o assassinato de Bruna aconteceu.

Gilmar já responde na Justiça por um crime de estupro praticado em 2014, e está sendo investigado por outro crime da mesma natureza, em 2009. As vítimas tinham 25 e 16 anos quando foram abusadas, em Conceição do Jacuípe.