Celebração do dia do Hip Hop reúne artistas no Parque da Cidade 

Artistas da cultura que nasceu nos Estados Unidos se reuniram para comemorar a data

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  • Daniel Silveira

Publicado em 11 de novembro de 2018 às 15:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Jefferson Peixoto/Secom/Divulgação

Rimas musicadas, passos de dança, tinta spray no muro. Neste domingo (11), quando é comemorado o Dia Internacional do Hip Hop, artistas soteropolitanos da cultura que nasceu nos Estados Unidos e se espalhou pelo mundo nas décadas de 1970 e 1980 se reuniram no Parque da Cidade, no Itaigara, no evento Salvador Hip Hop.

Com uma programação intensa unindo grafite, batalha de MCs e números de dança, o evento aberto ao público contou com a participação de diversos artistas. "É o segundo ano do projeto, reunindo os elementos  da cultura hip hop como grafite, DJs, rappers...", explica o produtor e rapper Mr Armeng, que está a frente do evento. Música, dança e grafite deram o tom da comemoração do Dia Internacional do Hip Hop (Foto: Jefferson Peixoto/Secom/Divulgação) Armeng defende que o Hip Hop é uma forma de inclusão social. A arte que está inteiramente ligada ao protesto pelas desigualdades desde o nascimento é uma maneira que os artistas encontraram de usar sua arte para falar o que pensavam."O Hip Hop é um trabalho social, é um pilar social de funcionamento de vida, aceleração de negócios, inclusive dentro de nossas comunidades", argumenta Armeng. "O Hip Hop salva vidas", completa.O rapper Ravi Lobo, do Grupo Nova Era, concorda. "[O Hip Hop] É importante em minha vida pelo fato de resgate, formação, conhecimento, disciplina", comenta o artista. Para ele, é uma forma de afastar jovens e crianças da sedução do crime. "Na periferia, a juventude é uma coisa muito precoce, às vezes com nove anos muita gente se acha adulto porque tem que sair para trabalhar, se envolve numa correria e, às vezes, se deixa seduzir pelo crime, que é uma via mais fácil", revela. Ravi aponta que a arte é uma forma de dar possibilidades a essas pessoas.

O artista também comemora o fato de ter um evento aberto para celebrar a data. "Trazer isso aqui para o Parque da Cidade é legal porque mostra que o rap [ritmo musical que faz parte da cultura hip hop] é um estilo que pode estar em todas as camadas da sociedade, em todas as classes", reflete.  Marcos Costa grafitou no portal entre o Parque da Cidade e a comunidade (Foto: Jefferson Peixoto/Secom/Divulgação) Arte e educação Para o arte-educador Marcos Costa, o grafite também transfomou sua vida. "Conheci a pixação aos 11 anos, na escola, mas comecei a grafitar com 14", lembra o artista plástico. Para ele, a arte também serviu como forma de empreender. "Fui me jogando, prestando serviços para empresas", relembra. Além do papel transformador, Marcos, que assina como Spray Cabuloso, faz questão de ressaltar que o grafite é também uma forma de democratizar a arte.

"A gente transforma a cidade em uma imensa galeria a céu aberto, em todos os lugares, desde a periferia aos bairros nobres", comenta. "O grafite é mobilizador, une as pessaos, transforama os muros e as vidas", finaliza.

Marcos conduziu alunos das escolas do Nordeste de Amaralina e outros jovens da comunidade para mostrarem seus talentos com a produção de um painel de grafite que fica na entrada do Parque da Cidade, voltada para a comunidade. Entre um riscado e outro que estampavam no muro palavras de ordem como “amor”, “fé” e “educação”, Cabuloso definiu os traçados de tinta como “a arte do povo”.“É transformadora. Uma quebrada que estava suja fica colorida. Um morador que não pode pintar a casa, o grafiteiro vai lá e colore. Estamos nas comunidades, nas escolas, nas colônias de pesca, nas ruas. O grafite vem para agregar. E nada melhor do que falar dele no Dia Mundial do Hip Hop. Somos todos arte de rua”, assinalou. Batalha de MCs premiou as melhores rimas (Foto: Jefferson Peixoto/Secom/Divulgação) Batalha de MCs O palco da batalha foi o Anfiteatro Dorival Caymmi, na parte interna do Parque. Artistas selecionados nas oito principais batalhas que acontecem durante o ano em Salvador participaram da disputa. Os vencedores levaram prêmios de R$ 500 para o primeiro, R$300 para o segundo e R$200 para o terceiro.

O presidente da Saltur, Isaac Edington, explica que o Festival Hip Hop surgiu em Salvador com intuito de estimular os profissionais que atuam nas diferentes manifestações desta cultura. “A ideia é mostrar à cidade a diversidade dessa arte. É também o momento de apresentar ao público os profissionais locais que levam o Hip Hop da Bahia para todo Brasil", afirmou. A primeira edição do Salvador Hip Hop ocorreu em 2016.