Celsinho desabafa após novo caso de racismo na Série B: 'Desconfortante'

Meia do Londrina foi vítima de ofensas no jogo contra o Brusque: "A nossa sociedade está recheada desses criminosos"

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  • Da Redação

Publicado em 31 de agosto de 2021 às 16:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ricardo Chicarelli/Londrina EC

Após sofrer o terceiro caso de racismo durante a Série B, quando relatou ter sido vítima de ofensas por um membro do staff do Brusque, o meia Celsinho, do Londrina, desabafou. O jogador agradeceu o apoio que vem recebendo, destacou que o assunto “não pode ficar camuflado” e pediu que os responsáveis por atos como esse sejam punidos.

"É muito desconfortante em um curto prazo passar por uma situação três vezes, por três vezes ter que dar satisfações para minha família, meus filhos, minha esposa, amigos. Ter que responder o porquê meu cabelo incomoda tanto", disse Celsinho, em um vídeo enviado ao Globo Esporte Paraná."É muito desconfortante porque a única coisa que faço é ir para o estádio, jogar futebol, fazer o que mais amo, que é a minha profissão, e ter que encontrar criminosos que acabam cometendo esses crimes em um espaço que eu sempre fui feliz. E as pessoas ainda acharem que isso é normal, me rotularem como se eu fosse um aproveitador de toda essa situação", continuou.O caso aconteceu no último sábado (28). Durante o intervalo jogo entre o Brusque e o Londrina, pela 21ª rodada da Série B, Celsinho chamou o quarto árbitro e afirmou ter sofrido injúria racial, chegando a apontar a pessoa que proferiu as ofensas na arquibancada. A partida terminou em empate em 0x0, no estádio Augusto Bauer,

Na súmula da partida, o árbitro Fábio Augusto Santos Sá Junior relatou que o jogador do Londrina "informou ao quarto árbitro que foi ofendido com as seguintes palavras: 'vai cortar esse cabelo seu cachopa de abelha'". Ainda segundo o texto, a pessoa foi identificada como membro do staff do Brusque.

"A nossa sociedade está recheada desses criminosos. Como é um esporte passional e que mexe muito com a emoção, esses criminosos acabam se exaltando achando que é normal, que é justificável o que eles fazem, por sentir paixão ao clube, por ser um torcedor... Mas isso está dentro da pessoa", falou o meia."A pessoa quando é racista, criminosa, preconceituosa, isso está dentro dela. Em um momento ou outro, ela acaba cometendo esses atos horríveis contra outra pessoa. Não vejo isso só no futebol, mas sim na sociedade por inteiro", seguiu Celsinho.Em julho, Celsinho foi vítima de falas racistas nas partidas contra o Goiás e, uma semana depois, contra o Remo, ambas pela atual edição da Série B. Nos dois casos, as ofensas partiram de profissionais de rádio durante as transmissões.

Após o jogo contra o Brusque, a diretoria do clube catarinense emitiu nota acusando o meia de fazer "falsa imputação de crime" ao informar que foi vítima de racismo. O comunicado falava em "oportunismo" e disse que "todas as medidas cabíveis" seriam tomadas contra o atleta.

A postura gerou repercussão negativa. Após muitas críticas, o Brusque voltou atrás e publicou novo comunicado, dessa vez pedindo desculpas pelo que chamou de "posicionamento equivocado"."Eles têm a consciência de que erraram muito em relação à primeira nota. Dizem que eu tenho três vezes esse caso, como se eu fosse para o estádio para que me ofendessem e me xingassem. Eles tiveram que soltar uma segunda nota com pedido de desculpa, mas isso não muda o constrangimento, a dor, a decepção que passei pelas palavras ditas naquele jogo. Isso é desconfortante, revoltante", afirmou Celsinho.Junto com o Londrina, o meia deve tomar medidas nas esferas criminal, cível e desportiva. "Com o clube e com meus advogados, vamos tomar todas as providências para que isso não fique impune", disse.