Cemitério Maldito é mais um bom filme de sustos. E só

Filme baseado em livro de Stephen King já havia sido adaptado em 1989

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  • Roberto Midlej

Publicado em 9 de maio de 2019 às 06:00

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Os livros do escritor americano Stephen King já renderam bons filmes, incluindo alguns clássicos do terror, como O Iluminado (1980) e Carrie, a Estranha (1976). Agora, chega aos cinemas Cemitério Maldito, baseado no livro do autor, lançado em 1983 e que já ganhou uma adaptação para as telas em 1989.

Nessa nova versão, a família Creed muda-se para uma pequena cidade, Maine, onde acredita que, finalmente, encontrará o sossego que não tinha quando morava em Boston, movimentado centro urbano. A família é formada por Louis, Rachel e os dois filhos do casal, Gage e Ellie.

Mas, logo num de seus primeiros plantões como médico no hospital da pacata cidade, Louis desconfia que as coisas não vão ser tão tranquilas quanto ele imaginava: ele atende um jovem gravemente ferido após um atropelo e, incapaz de salvá-lo, sente-se culpado pela morte do rapaz. Atormentado, Louis vê o fantasma do jovem com frequência.

Há ainda outro fato assustador que deixa a vida dos Creed mais tensa: a casa que eles compraram fica ao lado de um cemitério de animais, onde os moradores das redondezas costumam enterrar seus bichos de estimação. Além disso, Rachel tem um trauma: sente-se culpada pela morte da irmã mais velha que era portadora de deficiência física. John Lithgow é um misterioso vizinho dos Creed Há, aí, uma diferença em relação à versão de 1989: no filme dirigido por Mary Lambert, era o irmão mais novo que morria. Os diretores da nova versão, Dennis Widmyer e Kevin Kolsch, argumentam por que mudaram: “Tendo a filha mais velha da família como personagem central do filme, tivemos a chance de explorar os temas-chave, família e morte, de maneira mais profunda. E o fato de Ellie ser mais velha que o irmão permitiu que os outros personagens interagissem com ela de uma forma que não seria possível no caso de uma criança”.

Jump scare

Embora haja no filme elementos dramáticos que enriquecem a história, Cemitério Maldito é, essencialmente, um filme de terror. E, mais especialmente, um filme de sustos, ou, como se diz em inglês, um “jump scare”. Isso não seria um problema se os sustos não viessem em excesso, a ponto de se tornarem previsíveis.

A dupla de diretores recorre excessivamente ainda a outros “golpes baixos” do terror, como a trilha sonora onipresente, além de uma fotografia bem escura. Há ainda elementos trágicos que fazem o filme, em alguns momentos, escorregar no dramalhão.

O roteiro trata superficialmente de questões dramáticas, como a dificuldade que o ser humano tem em lidar com a morte e, principalmente, em aceitá-la.

Se quer viver duas horas de tensão, sustos e ainda correr o risco de chorar um pouco, arrisque-se. Mas, se quer um terror mais denso e original e com mais aprofundamento dramático, corra para ver A Sombra do Pai, da baiana Gabriela Amaral Almeida.