Cenas de Carnaval: a beleza negra do Ilê Aiyê

Mais belo dos belos completa 45 anos em 2019

  • D
  • Da Redação

Publicado em 24 de janeiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Luiz Hermano/Arquivo Correio
Vovô (mais alto), cofundador do e presidente do Ilê, junto a membros do bloco por Antonio Queirós/CORREIO

Além dos 40 anos do CORREIO, o ano de 2019 terá outras datas simbólicas a serem registradas. Uma das mais importantes é o marco de 45 anos do Ilê Aiyê. 

Fundado em 1974, o ‘mais belo dos belos’ já nasceu na vanguarda. Um bloco formado só por negros para valorizar a cultura e a influência africana na Bahia e quebrar o elitismo branco que já tomava o Carnaval baiano. Uma proposta ousada.

Aliás, ousadia e vanguarda são duas palavras que combinam bem com o Ilê Aiyê, criado com a bênção de Mãe Hilda e dos orixás pela juventude negra do Curuzu, na Liberdade - maior bairro negro da maior cidade negra fora do continente negro.

Em seu primeiro Carnaval, em 75, o Ilê apresentou Que Bloco É Esse?, música de Paulinho Camafeu que apresenta o ‘Mundo Negro’, tradução de Ilê Aiyê, e apresentou sua Deusa do Ébano, coroada na Noite da Beleza Negra, primeiro e marcante concurso a valorizar a beleza da mulher negra. 

“O Carnaval é o grande momento nosso, de combater o racismo e a discriminação. Um bloco afro, desfilando com negros, e a cidade te esperando, não importa o horário. Conquistar esse espaço, assim como o da saída do Ilê no Curuzu, é muito significativo”, diz Antônio Carlos Santos, o Vovô, presidente e um dos fundadores do afro.

[[galeria]]

Durante 13 anos, de 76 a 88, o Ilê trouxe temáticas da África, bem distante do que era comum ao povo baiano. Em 1989, no desfile registrado pelo fotógrafo Luiz Hermano acima, estreou uma temática nacional: Zumbi dos Palmares.

Ao ser questionado sobre aquele ano, Vovô se recorda imediatamente, em depoimento de arrepiar. “Lembro bem. Pedi a nossos cantores para virem desde o Corredor da Vitória cantando nosso tema de Zumbi. Pra só parar quando a cidade estivesse cantando. E foi assim. Quando chegamos no Campo Grande estavam todos cantando. É inesquecível”, conta. Em preto, vermelho, amarelo e branco, o Ilê Aiyê é a Bahia em ritmo, cultura e história.

*Cenas de Carnaval é um oferecimento do Bradesco, com patrocínio do Hapvida e apoio de Claro, Fieb, Salvador Shopping, Vinci Airports e Unijorge.