Centro de Convenções de Salvador vai gerar lucro de R$ 12 milhões por ano

Plano de concessão foi apresentado a investidores baianos nessa quarta

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 25 de outubro de 2018 às 02:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Secom Salvador/Divulgação
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O novo Centro de Convenções de Salvador, que está sendo construído no bairro da Boca do Rio, na área do antigo Aeroclube, promete ser um negócio rentável. Até o final do contrato, com duração prevista de 25 anos, a empresa que vencer a disputa para gerir o espaço poderá ter um lucro de R$ 300 milhões - ou R$ 12 milhões ao ano.

O dado foi divulgado, ontem,  pelo secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Claudio Tinoco, e pelo prefeito ACM Neto (DEM) durante a apresentação do Plano de Concessão do equipamento a possíveis investidores, no Wish Hotel da Bahia. Cerca de 50 empresários do ramo de entretenimento, turismo e hotelaria compareceram. Na semana passada, o Plano foi apresentado para 40 empresários em São Paulo, maior mercado para Salvador.

Segundo Tinoco, o evento foi pensado para mostrar ao empresariado que o investimento no Centro de Convenções é rentável. Quem vencer o edital, que será lançado em novembro, precisará fazer um investimento de R$ 24 milhões em mobiliário.

Eventos O novo equipamento abrigará pelo menos 65 eventos por ano a partir de 2020, segundo a prefeitura. Embora o espaço ainda esteja em fase inicial de obras, a notícia da construção já atraiu empresas e organizações que desejam sediar seus congressos lá. Segundo Tinoco, 30 eventos demonstraram interesses e três já têm autorização para acontecer.

“Desses 30 eventos, posso nominar pelo menos três: o Congresso Nacional de Hotelaria acontece em maio de 2020, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) já decidiu isso. Nós também temos um Congresso Nacional de Cirurgia agendado para 2021 e outro congresso da área médica para 2024”, disse.

A ideia é que o Centro de Convenções não se limite a eventos nacionais e que sirva para que Salvador ganhe projeção fora do país. “É claro que, desses 30, temos outros com decisões tomadas, há a possibilidade de ter um congresso no final de 2019, um evento internacional significativo. Apesar de não ser de grandíssima dimensão como os outros três, tem a importância de posicionar Salvador internacionalmente. E, para isso, é necessário ter um equipamento forte como o Centro de Convenções”, diz.

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Edital  Durante o próximo mês de novembro, os documentos do edital de concessão ficarão disponíveis para consulta e sugestões do empresariado e da população. Quem tiver sugestões poderá oferecê-las à Prefeitura.

Esse processo terá a duração de 30 dias e, assim que a etapa tiver seu fim, começa o processo de concorrência - previsto para o mês de dezembro. O vencedor será anunciado em abril de 2019 e terá acesso ao equipamento em junho do mesmo ano. A previsão é que o espaço fique pronto em setembro de 2019.

Segundo o prefeito ACM Neto (DEM), a empresa vencedora do chamamento público deve ter condições de oferecer a máxima qualidade de serviço na gestão do Centro de Convenções de Salvador (CCS).

Além dos R$ 105 milhões investidos pela prefeitura na construção, outros R$ 24 milhões devem ser investidos pela iniciativa privada, totalizando R$ 129 milhões. 

O valor investido pela empresa será dividido: R$ 10 milhões de pagamento inicial, além de outros R$ 14 milhões em compra de mobiliário e equipamentos específicos. A partir do sexto ano de concessão, a operadora fica obrigada a pagar 5% do faturamento bruto ao poder público municipal.

Os investidores interessados podem montar um consórcio composto por até três empresas para concorrer no edital. O prefeito ACM Neto sugeriu que as empresas baianas busquem apoiadores dentro e fora do estado para montar esses consórcios e se fortalecer. Para ele, seria uma honra ter uma empresa baiana na gestão.

“O turismo de Salvador não pode viver durante os quatro meses de Verão. Conseguimos reforçar essa área nos últimos anos, mas não somos Ibiza. Precisamos de ocupação durante o ano todo”, declarou ACM Neto.

Trade turístico Se a Prefeitura fala em 30 eventos prospectados para o Centro de Convenções, com três já autorizados, o trade turístico é ainda mais otimista. Segundo o Salvador Destination, entidade responsável por promover e divulgar a capital baiana, já existem entre 13 e 17 eventos em fase de fechamento de captação para o novo equipamento. Os primeiros estão previstos para a partir de abril de 2020.

“A prospecção tem aumentado. Nós temos uma satisfação em ver que o trabalho desenvolvido pelo poder público em parceria com a iniciativa privada tem passado a imagem do potencial que Salvador tem”, afirmou Roberto Duran, presidente do Salvador Destination.

Se considerados os eventos menores, em hotéis, há cerca de 80 eventos ‘no radar’ da associação. Na prática, os eventos colocados no radar são aqueles que a organização foi convencida a trazer para cá. Com o Centro de Convenções de Salvador em obras, os organizadores ficam em ‘stand by’ aguardando que o administrador do equipamento seja definido para, então, fechar o contrato. Em geral, grandes contratos são fechados quatro ou cinco anos antes.

O Centro Projetado pelos arquitetos André Sá e Francisco Mota, o Centro de Convenções de Salvador (CCS) terá capacidade para receber até 14 mil pessoas de forma simultânea. Além disso, o equipamento também conta com duas áreas para shows, uma no interior do prédio e outra do lado de fora, que podem atender até 20 mil pessoas.

O CCS terá duas fachadas, uma de frente para a Avenida Octávio Mangabeira e outra “de cara” para o mar. Para evitar os desgastes do salitre, ele será feito de concreto e os vidros serão autolimpantes. Segundo Cláudio Tinoco, a partir de janeiro de 2019 já será possível “ter uma dimensão do que é o equipamento”. 

“Até o primeiro semestre, temos a previsão de ter as obras civis bem avançadas.  Até o momento, está tudo dentro do cronograma”, diz.

Colaborou Júlia Vigné. *Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro.