Cerimônia no Terreiro do Gantois lança disco em homenagem à Mãe Carmen

Festa aconteceu na noite desta quarta (4) com a presença de Ivete Sangalo, Daniela Mercury e Gilberto Gil

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  • Da Redação

Publicado em 4 de setembro de 2019 às 23:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr. / CORREIO

A festa já estava pronta, afinal, a produção do disco Obatalá: Uma Homenagem à Mãe Carmen já era um presente por si só. Mas nada como uma cerimônia de lançamento para registrar esse momento tão marcante na história de Mãe Carmen, dos artistas e produtores do álbum, e também do candomblé em Salvador, na Bahia e no Brasil. O Terreiro do Gantois, que fica na Federação, recebeu na noite de ontem todos aqueles que estiveram envolvidos no projeto para, juntos, celebrar o acontecimento.

Acompanhada por familiares e admiradores, a ialorixá da casa voltou a afirmar, emocionada, a importância daquele momento: “O sentimento é indescritível, não tem como expressar. É muito grandioso esse momento, a gente sete na alma, na cabeça e no coração”, disse a mãe de santo. Além de ser a grande homenageada do trabalho, ela canta em duas faixas do disco nas quais reverencia o seu orixá, Oxalá (ou Obatalá). A figura dele é a grande celebrada no álbum. “Oxalá está em festa, com certeza”, completou a líder do terreiro. As cantoras Luciana Baraúna, Márcia Short e Ivete Sangalo durante a cerimônia de lançamento do disco (Foto: Betto Jr./CORREIO) Ivete

Ivete Sangalo, que interpreta no disco a música Orixá Oxagiayan, esteve na festa na festa e lembrou que, como sempre, se sente muito abraçada pelo Gantois e por quem é da casa. A cantora lembrou do sonho de poder fazer parte de um projeto que se aproximasse tanto das raízes do candomblé: “Participar desse projeto é um sonho que tinha e aprendi a tê-lo ainda mais perto de mim no momento em que gravei, usufruindo de cada momento e de cada compasso”, disse. 

Ivete ainda deu a oportunidade para quem estava presente de escutar ao vivo um trecho da canção do disco, interpretada por ela em dupla com  Mateus Aleluia, que assume a voz e leitura de uma mensagem. “Eu que, na minha profissão, desfruto tanto dessas influências da religião venho aqui reverenciar e agradecer a oportunidade disso ter acontecido na minha carreira. É uma oportunidade também como ser humano poder conhecer tanta gente linda”, completou a artista. Gilberto Gil reverencia a ialorixá da casa (Foto: Betto Jr./CORREIO) Cantor com mais músicas no disco, três ao total, Gilberto Gil reafirmou o poder e a ligação que a música tem, não só com o candomblé, mas com todas as expressões culturais e artísticas. “No candomblé, ela ganha essa característica de parte fundamental, porque toda a atividade de ritual, para seus chefes ou adeptos, a música é a expressão mais forte”, disse Gil. O músico lembrou também o cuidado da produção e dos artistas em transmitir esses registros musicais da forma mais original possível.

Flora Gil, que assumiu o papel de diretora geral do disco, agradeceu ao Terreiro do Gantois e à Mãe Carmen pelo apoio durante o desenvolvimento do projeto, que ela destaca ter sido feito com muito amor e dedicação, transmitindo principalmente a paz, em um momento que ela destaca o alcance da intolerância na sociedade, em diversos níveis.     *com orientação do editor Roberto Midlej