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Até abril, são esperadas 58 embarcações com cerca de 155 mil turistas na capital baiana
Laura Fernades
Publicado em 16 de outubro de 2016 às 15:00
- Atualizado há um ano
Ao descer do navio transatlântico, com um largo sorriso no rosto, o fotógrafo alemão Gerhard Heisler, 75 anos, avistou duas baianas cheias de coloridas fitinhas do Bonfim. Prontamente, o fotógrafo pediu para sua mulher, a médica Katrin Heisler, 73, ficar ao lado das receptivas moças para que pudesse registrar o momento com sua câmera. “A última vez que vim a Salvador tem 30 anos. Tenho até uma foto em cima de um muro, com esse mar no fundo...”, contou Gerhard, sem esconder o entusiasmo.O fotógrafo alemão Gerhard Heisler e a médica Katrin Heisler voltam a Salvador após 30 anos(Foto: Laura Fernandes)O casal estava entre os 50 passageiros do navio Midnatsol, que veio da Europa e passa por Salvador neste domingo (16), entre 7h e 23h, marcando a abertura da nova temporada de cruzeiros que segue até meados de abril com 58 embarcações. Além disso, o navio registrou a estreia da concessionária que vai operar o terminal pelos próximos 25 anos: o consórcio Novo Terminal Marítimo de Salvador (Contermas), formado pelas empresas Socicam Terminais Rodoviários e ABA Infraestrutura e Logística. O fotógrafo alemão Gerhard Heisler registrando a visita da mulher, a médica Katrin Heisler(Foto: Laura Fernandes)“Gostamos muito de viajar, estamos sempre atravessando o mundo e dessa vez tivemos a sorte da escala incluir Salvador”, disse Gerhard, que passeou por outros lugares da Europa antes do navio chegar ao Brasil, onde visitou Ilhéus e segue para Recife, antes de voltar para a Europa. Assim como a maioria dos passageiros vindos de lugares como Austrália, Canadá, Suíça e França, o casal alemão, Gerhard e Katrin, aproveitou as poucas horas em solo baiano para visitar o Centro Histórico e passear no Elevador Lacerda. Viajando sozinha, a engenheira francesa Ghislaine Jamrozik, 62, revelou que essa era sua primeira vez em Salvador e que pouco conhecia sobre a cidade e seu povo. Mas isso não era um problema para a simpática engenheira: “Quando me disseram que o navio passaria por Salvador, eu disse: ‘Ok! Com prazer!’”, contou rindo. “Só tenho oito horas para passear, mas vou conhecer o Centro Histórico com certeza”, completou e seguiu seu caminho em direção às baianas, pensando nos três pedidos que ia fazer.“Adoro ser baiana e recepcionar os turistas, informar sobre nossa cultura e trazer alegria para essas pessoas”, comemorou a baiana Antonia Janaildes, 47, uma das que fazia parte do receptivo promovido pela Bahiatursa. “Vixe, nem vou falar mais nada porque Antonia falou tudo! Tudo o que a baiana tem!”, completou rindo a também baiana Valdete de Souza, 65. Atuante nesta função há mais de 15 anos, Antonia completou ressaltando que a vinda de navios era um “investimento maravilhoso, porque gera emprego e os visitantes podem conhecer nossos produtos”.FluxoCom capacidade para 500 passageiros, o Midnatsol é um navio do tipo travessias, de longo curso, e tem um porte menor justamente para que possa atravessar tranquilamente todos os tipos de águas internacionais. “Ele atravessa o mundo todo, por isso não chegou aqui em sua capacidade máxima, algumas pessoas vão ficando no caminho. A quantidade de passageiros não tem nada a ver com ‘crise’”, explicou a turismóloga baiana Lorena Dantas, assessora da diretoria da Socicam em São Paulo.Com capacidade para 500 passageiros, o Midnatsol é um navio do tipo travessias(Foto: Laura Fernandes)Por outro lado, Lorena destacou que a conjuntura internacional e o aumento da concorrência no hemisfério sul provocaram a diminuição de 50% dos navios de cabotagem (aqueles que circulam no território nacional, porto a porto, e ficam durante toda a temporada). “Os navios de cabotagem garantem o maior fluxo de turistas por temporada e este ano só temos cinco. Ano passado foram dez e nós chegamos a ter 20, se não me engano entre 2009 e 2010”, explicou Lorena.Em dezembro, os navios de cabotagem começam a circular no Brasil por portos de cidades como Santos, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Ilhéus e Búzios, seguindo nesse circuito até o fim da temporada. Assim, até abril do ano que vem, a expectativa é trazer 155 mil turistas para a capital baiana, 5% a mais do que no ano passado quando Salvador recebeu 148 mil visitantes. Além do navio Midnatsol, o porto de Salvador recebe mais duas embarcações em novembro, seguida pela maior parte delas em dezembro.“Nossa empresa, a Socicam, está de namoro há muito tempo com este porto, desde que foi entregue à população. Hoje é o start. Estamos recebendo o primeiro navio da temporada 2016/2017, estamos iniciando nosso contrato e a expectativa é que nos próximos 25 anos nós possamos realizar nosso sonho de operadores do porto de Salvador”, afirmou o gerente-geral do terminal de Salvador, Gustavo Andrade.EstruturaO diretor da Contermas, Gilberto Menezes, destacou que esse primeiro momento é de teste. “A gente está começando uma temporada compartilhada, testando todos os equipamentos do prédio, ar-condicionado, escadas e elevadores do terminal, para deixar o prédio todo preparado para a temporada que efetivamente começa em dezembro, com grandes navios e escalas maiores. Um deles, o Preciosa, tem capacidade para 4,2 mil pessoas”.O novo terminal de Salvador conta com três andares, protegidos e fiscalizados por cerca de 48 guardas portuários. O térreo, que ainda está em fase de montagem, vai abrigar a parte de serviços como lanchonetes, casa de câmbio, bancos 24 horas, lojas de artesanato e souvenir, além de joalherias. Já o primeiro e o segundo andares vão servir de espaço para eventos como congressos, formaturas e atividades culturais que incluem grandes shows.“Estamos conversando com alguns produtores locais e essa programação do ano que vem será divulgada em meados de novembro. Nós vamos conversar com todas as entidades que fazem parte do trade turístico, sobre a melhor forma de explorar esse espaço. E não só na temporada de cruzeiros”, completa o diretor da Contermas Gilberto Menezes.Esse diálogo é aprovado pelo presidente da Salvador Destination, associação que busca promover a cidade no segmento de eventos nacionais e internacionais. “Acho ótimo que procurem estar com o trade, que trabalhem com o trade. Em outros lugares do mundo, as empresas de portos também participam de captação de negócios, para que o porto tenha funcionamento durante o ano inteiro. Sem isso, vai ser uma mera casa onde os turistas entram e saem”, alerta.