Chico Kertész é o cara das lives

Conhecido como diretor de clipes, ele também é realizador de lives de Ivete, Ilê, Bell e Daniela

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  • Roberto Midlej

Publicado em 16 de julho de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

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"Não aguento mais live!". Quantas vezes você, leitor, já ouviu essa frase desde que a quarentena começou e os shows na internet passaram a acontecer quase que diariamente? Pois saiba que nem Chico Kertész, um dos diretores de lives mais atuantes da Bahia, aguenta o formato. Mas ele faz uma ressalva: "Eu também não aguento mais lives como aquelas que foram propostas no início do isolamento, que são apenas um show, com uma música atrás da outra". Sulivã Bispo e James Martins na live do Ilê (reprodução YouTube) Por isso, Chico tem se esforçado para inovar nas suas criações e entregar um produto diferenciado ao público, como fez no último domingo, com a live do Ilê Aiyê. "Não foi apenas um show, mas um espetáculo mesmo. A Macaco Gordo [produtora de Chico] entrou com toda a concepção artística e participou da criação do espetáculo do começo ao fim. Assim, a gente conseguiu levar a beleza do Ilê das ruas para a transmissão", ressalta o diretor. Além das músicas, a live incluía um vídeo sobre a história do Ilê, narrado por Regina Casé."Era um espetáculo com começo, meio e fim, com atuação, troca de roupa, iluminação...", observa Chico.A produção tinha ainda a presença de duas pessoas que lhe deram um charme especial. Um deles é o poeta e jornalista James Martins, que foi criado na Liberdade, bairro do Ilê, e, por isso, conhece profundamente a história da instituição. James, vale ressaltar, estava vestido a caráter, com a fantasia do bloco fundado em 1974. O outro participante, que apresentou a live com James, foi o ator Sulivã Bispo, que incorporou sua personagem Koanza Auandê, uma drag queen preta inspirada na atual secretária de cultura da Bahia, Arany Santana.

Chico e a Macaco Gordo também estiveram à frente de outras lives de alguns dos artistas mais populares do estado, como os arraiás de Ivete Sangalo e de Bell Marques, além de outras duas apresentações de Daniela Mercury e uma de Margareth Menezes, realizada para uma cervejaria.

A procura por Chico para dirigir essas lives não é à toa, afinal ele é velho conhecido dos músicos baianos e já dirigiu clipes de Léo Santana, Carlinhos Brown, Daniela, Claudia Leitte, Harmonia... Além disso, é o diretor do documentário Axé - Canto do Povo de um Lugar, que celebra os 30 anos da axé music. Com a pandemia, a produção de clipes foi reduzida, assim como os vídeos publicitários, outro importante produto da Macaco Gordo. Foi aí que surgiu a oportunidade - e a necessidade - de realizar as lives como mais um negócio.

Mas lives como a do Ilê, embora muito bem produzidas, seguem os cuidados recomendados por questões sanitárias, garante Chico:"A equipe que trabalha na produção é bastante reduzida e cada pessoa tem que trabalhar por três ou quatro. Trabalhamos com avental e as máscaras são trocadas periodicamente. Além disso, somos submetidos a testagem e passamos mais tempo realizando a montagem, para evitar aglomeração. A equipe de arte e a de som, por exemplo, não trabalham ao mesmo tempo", revela.A experiência das lives funcionou tão bem que a Macaco Gordo passou a realizar seus próprios shows online, promovendo uma espécie de festival, a Macaco ao Vivo, que acontece semanalmente no canal da produtora no YouTube. Neste sábado, às 18h, é a vez da Babado Novo, com participação de David Brazil. 

A produtora também tem realizado lives junto com o Bombar, que fica no Rio Vermelho. Na terça-feira, se apresentaram Nara Couto e o MiniStereo Público. Embora não tenham a mesma audiência dos artistas mais populares, esses eventos são, para Chico, muito importantes:"São voltados para um nicho e servem para propagar a música baiana. São números menores de audiência, mas realizamos com o mesmo afinco. Não é por ser alternativo que reduzimos a qualidade".