Chuva atrapalha compras de última hora de Natal em Salvador

Quem saiu pra fazer a última comprinha hoje foi surpreendido por toró

Surpresa e Natal é uma combinação das antigas. Talvez por isso que São Pedro decidiu abrir as porteiras do céu e liberar a chuva na capital baiana no finalzinho da manhã desta segunda-feira (24), véspera de Natal. 

A chuva caiu forte em Salvador deixando gente como Luiz de Araújo, 50, que deixou para comprar os presentes de Natal na última hora, de boca aberta.

Morador de São Marcos, o segurança garante que saiu de casa sentindo calor por conta do sol que fazia por volta das 9h. Ele foi até o Wallmart da Avenida ACM, onde deixou o carro e caminhou até o Shopping da Bahia para comprar um tênis - presente de Natal do filho que tem três aninhos.

Ele conta que a loja estava cheia e demorou cerca de quarenta minutos entre a escolha do tênis e fila para pagar o produto. Depois de concluir suas obrigações, ele percebeu uma aglomeração atípica na porta do shopping: era por causa da chuva. E que chuva! Junto com o aguaceiro veio um vento fortíssimo que chegou a derrubar os galhos de uma árvore que fica em frente ao centro comercial. O galho felizmente não atingiu ninguém.

Enquanto Luiz conseguiu fugir da chuva, o vendedor André Santos, 36, não teve a mesma sorte. Ele trabalha como ambulante na sinaleira que fica em frente ao shopping e comercializa carregadores, fones e acessórios para celular. "Quando a chuva chegou eu não pensei duas vezes e abri o gás", conta cheio de baianidade enquanto explica sua fuga da chuvarada.

Justamente quando a água começou a cair ele estava na faixa de pedestres oferecendo seus produtos para os motoristas da região - por conta da chuva e do movimento de pessoas ao redor do shopping, o trânsito ficou intenso. Segundo André, todos as suas mercadorias ficaram salvas porque ele ligou o modo Usain Bolt - assim, pelo menos, é o que ele conta. (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) O que não faltava na porta do shopping era gente surpresa e resmungando da chuva. Mas esse não era o caso dos irmãos João Felipe e Estela Augusta, de 10 e 8 anos, respectivamente. A única coisa que incomodava mesmo era o frio - de resto eles não estavam nem aí já que a alegria dos presentes que ganharam da mãe, a chef de cozinha Joice Augusta, 31, era muito maior do que qualquer frustração pela chuva. Eles moram no bairro do Nordeste de Amaralina e por conta da chuva chamaram um motorista de aplicativo para voltar para casa.

Enquanto o motorista não chegava, João espiava o saco com o presente da irmã, uma boneca que de tão real parecia um bebê de verdade. Ao mesmo tempo, os dois aproveitavam guloseimas dadas de presente pela mãe. Pelo menos no que dizia questão aos dois pequenos irmãos, o espírito natalino é doce, mas não feito de açúcar para dissolver na chuva.

O mau tempo provocou também um vazamento no Shopping Bela Vista. Por volta de meio-dia parte da água acumulada vazou pelo teto do segundo piso formando poças, próximo à Livraria Leitura. A assessoria do estabelecimento informou que a região foi isolada enquanto os trabalhadores escoavam a água e faziam a limpeza, e que o acidente não interferiu no funcionamento do shopping.

Em Brotas, a chuva fez surgir um buraco na Rua Dom Jerônimo Tomé da Silva, uma transversal da Avenida Dom João VI, e pegou alguns motoristas de surpresa. A Transalvador informou que isolou a área e parte da via, mas que o acidente não provocou reflexos no trânsito. Região da avenida ACM ficou alagada após chuva forte hoje (Foto: Gil Santos/CORREIO) Já na Rua Santiago de Compostela, em Campinas de Brotas, uma árvore tombou e duas faixas da via precisaram ser interditadas. A queda aconteceu nas proximidades do supermercado Atacadão.

Segundo boletim divulgado pela Codesal às 9h desta segunda-feira, a chuva veio para a capital por conta de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN) que passa pela cidade. Ou seja, essa culpa não é de São Pedro.

Ainda segundo o boletim, entre o dia de Natal (amanhã, 25) e a quinta-feira (27) há baixa possibilidade de chuvas na capital. Como nem tudo são flores, ela -a chuva- pode voltar entre a sexta-feira (28) e o dia 30 de dezembro, véspera de ano novo. Contudo, só deve aparecer de forma fraca e durante as madrugadas.

* Sob supervisão da coordenadora Perla Ribeiro