‘Cidade fede’, diz morador de Teixeira de Freitas após decreto de calamidade

Empresa de coleta que atuava na gestão anterior interrompeu o serviço antes do prazo acordado em contrato

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  • Wendel de Novais

Publicado em 8 de janeiro de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Os moradores de Teixeira de Freitas, no Sul da Bahia, viram o lixo se acumular nos bairros por sete dias consecutivos. A situação teve início no dia 29 de dezembro, após a interrupção do serviço antes do prazo acordado em contrato com a empresa responsável pela coleta desde a gestão anterior, e durou até essa segunda-feira (4).

Além de ter o lixo presente nas esquinas e nas portas das casas, a população precisa lidar com o mau cheiro que, a cada dia, fica pior. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Teixeira de Freitas tem 160 mil habitantes e produz uma média diária de 350 toneladas de lixo. Lixo deixou de ser coletado por sete dias seguidos (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal) Bagunça e fedor insuportável A universitária Luiza, 23 anos, que preferiu não dizer o sobrenome, afirmou que é assustador ver como o lixo nas ruas aumenta diariamente. “Nasci e cresci em Teixeira de Freitas e nunca vi tanto lixo nas ruas. Toda vez que saio de casa, me assusto com a quantidade de lixo crescente em todo lugar”, diz.

Ao falar do odor, ela lembra o fato de o lixo da cidade não ser separado, o que faz com que o cheiro dos sacos fique insuportável. “O lixo aqui não é separado, qualquer sacola pode e, normalmente, tem matéria orgânica. Quando bate esse sol de verão, é como se fizesse um cozido de tudo que está dentro da sacola. O cheiro é intenso e desagradável, a quantidade de insetos também está aumentando”, completa.

O empresário Thales Carvalho, 23, também reclama. Ele contou que, mesmo subindo os vidros do carro quando sai na rua, não consegue evitar o odor. “Tem bastante lixo na rua, a cidade está fedendo. Em alguns pontos, se você passar com os vidros do carro fechado, você consegue sentir. É um odor muito forte em pontos mais específicos. Não sei a realidade da cidade toda, mas, como trabalho com comércio, praticamente recebo pessoas de todos bairros que reclamam bastante”, relata.  Moradores convivem com odor do lixo nas ruas (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal) O empresário conta que a situação do lixo estava tão insustentável que se juntou a outras pessoas para retirar sacos acumulados do lugar onde mora. “Na minha rua, eu ainda consegui tirar o lixo da rua porque tenho uma caminhonete. Me juntei com o pessoal e levamos para o lixão porque não tinha condição, tava fedendo muito. Ficava cheio de urubu e mosquito, a situação estava feia”, lembra.

Decreto de calamidade pública Segundo relatos dos moradores, os sacos já começaram a ser retirados por um serviço de emergência contratado pela gestão atual há dois dias, mas ainda há muito lixo espalhado pela cidade. Isso fez com que o novo prefeito, Marcelo Belitardo (DEM), decretasse calamidade pública no âmbito da limpeza. Toda situação pode favorecer a ocorrência de doenças como febre tifoide, leptospirose e cólera. 

A reportagem do CORREIO tentou contato por telefone com Yuri Fernandes, vice-prefeito da cidade, sem sucesso. Ao G1, o prefeito Marcelo Belitardo contou que optou por fazer um contrato de emergência com uma empresa para regularizar a coleta do lixo em Teixeira. Disse ainda que abriu uma investigação administrativa e criou uma comissão para avaliar o motivo do serviço da empresa que atuava no município ter sido interrompido antes do prazo, desobedecendo a uma ordem da Justiça para manter a cidade limpa.

*Com orientação da subeditora Fernanda Varela