Cidade parada: greve dos caminhoneiros reduz o movimento nas ruas

Baixo movimento impactou o comércio, sobretudo, na região da Barra e o Rio Vermelho

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  • Priscila Natividade

Publicado em 26 de maio de 2018 às 19:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Mauro Akin Nassor/ CORREIO
Largo de Dinha ficou vazio. Não teve nem fila para o acarajé por Fotos: Mauro Akin Nassor/ CORREIO

Sem muitos carros na rua, poucos ônibus circulando e muita gente fazendo o caminho a pé. Este foi o cenário de, pelo menos, três das regiões da capital em mais um dia de greve dos caminhoneiros. O CORREIO passou pela Estação da Lapa, Farol da Barra e também no Rio Vermelho e quem saiu de casa, só fez isso  porque precisava ir ao trabalho ou morava nas proximidades. 

Foi o que aconteceu com a vendedora Jaqueline Santos, de 36 anos. Na ida para o trabalho, garantiu a carona com o marido. Mas no retorno, precisou esperar por um ônibus na Estação da Lapa por  uma hora.  "A volta está mais complicada. Cheguei aqui umas duas e pouca e nada do ônibus ainda". 

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O transporte público foi a alternativa para economizar o pouco do combustível que ainda tinha no carro. A vendedora conta que tentou ontem a tarde abastecer o tanque no Posto Escola da Petrobras, localizado no Stiep, sem sucesso. "Chegamos lá e só estavam abastecendo carros do governo. Entramos na fila em tudo, só que não conseguimos. Aí o jeito foi sair logo enquanto ainda tinha meio tanque. Complicou tudo. Já não estava bom com a greve de ônibus, piorou mais ainda com a greve dos caminhoneiros", lamentou.

Ao contrário de Jaqueline, o vendedor Marcelo Souza, 36, conta que não teve dificuldade. Ele veio de Amaralina para a Estação da Lapa comprar mercadoria para revender. "Trabalho com eletrônicos. Desempregado, tenho que dar meus pulos. Não tive muita dificuldade pra chegar não. Nos outros dias, o Amarelinho deu conta. Também não senti muito. Consegui fazer tudo que precisava".

Outros pontos

O movimento não foi muito diferente na Orla da Barra, nem em um dos pontos turísticos mais conhecidos.  O pipoqueiro Orinaldo Reis, 69, vende pipoca ha mais de 30 anos na Barra, Campo Grande, Pelourinho e Avenida Sete. O carrinho de pipoca estava cheio desde a hora que ele chegou para trabalhar e malmente vendeu um saquinho. Ele calcula um prejuízo de R$ 100 nas vendas. "Pra um sábado, O movimento deixou muito a desejar. Vi só alguns poucos turistas. Esse horário de fim de tarde isso aqui já era pra tá cheio, principalmente por conta do por do sol", contou. 

Já a baiana de Acarajé do Acarajé da Mara, Maria das Virgens, garantiu o combustível para transportar a banca hoje e amanhã, mas confessou que está preocupada com a segunda-feira. "Quando vi na televisão minha sobrinha correu para abastecer. Mas só da pra vir até amanhã". O movimento fraco também é um problema. "A gente faz o esforço pra vir, mas não sabe se vai vender. Eu espero que de noite melhore".

A garçonete da La Bouche Creperia, Juliente da Conceição, foi mais uma que sentiu a queda do volume de pessoas circulando na Barra. “Geralmente, por volta das 16h, quando o som ao vivo começa a tocar os clientes começam a chegar. Com essa greve hoje vai ser difícil. A gente pede a Deus que o movimento não seja fraco. Quando chove muito,  já cai. Muita gente que conseguiu abastecer vai querer economizar a gasolina que ainda tem para ir trabalhar", afirmou.

Nem mesmo um dos bairros mais boêmios de Salvador deixou de ser afetado pela greve. Parecia inacreditável não ver fila no sábado na banca do acarajé da Dinha. Dou outro lado da rua, o acarajé de Regina nem abriu. “A uma hora dessas a fila estava chegando ali na Igreja. Era pra ter uma fila bem grande.  Desde ontem , só consegui vender a metade do que vendo geralmente. Juntou a chuva também e ficou ainda pior. O movimento caiu bastante com essa greve aí. Senti mesmo o baque”, confirmou o filho de Dinha e gerente da banca, Edvaldo Júnior. 

Material para fazer o acarajé não vai faltar. Segundo ele, até o azeite de dendê que vem de Valença conseguiu furar o bloqueio dos caminhoneiros e chegar. O que tem estocado deve durar mais uns quatro dias. “Graças a Deus fiz um bom estoque de tudo que deve durar até quarta-feira. O que está faltando mesmo é cliente”.