Cinco homens são executados em Salvador; três eram amigos de infância

Com idades variando entre 22 e 25 anos, eles foram assassinados ao lado das namoradas; crime ocorreu nos bairros de Jardim Campo Verde e Cepel

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  • Luan Santos

Publicado em 10 de junho de 2018 às 17:01

- Atualizado há um ano

Cinco jovens foram mortos a tiros em São Cristóvão na noite do último sábado (9) por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas. O crime ocorreu nas localidadesJardim Campo Verde e Cepel e foi cometido por quatro homens encapuzados que chegaram num HB20 branco e efetuaram os disparos. A suspeita de pessoas próximas às vítimas é que os homicídios tenham sido motivados por briga entre facções do município. 

Três deles eram amigos de infância e foram assassinados no Jardim Campo Verde ao lado das namoradas. "Eles (os autores do crime) chegaram num carro branco com os vidros bem escuros e pediram para as meninas se afastarem. Assim que elas saíram, eles atiraram bem no rosto dos meninos. Os alvos já estavam escolhidos", contou um amigo das vítimas. No momento do crime, ele estavam indo a uma lanchonete. 

Desta localidade, o grupo seguiu para a Cepel, localidade vizinha ao Jardim Campo Verde. "Lá, eles mataram os outros dois da mesma forma, com tiros no rosto. Os cinco eram amigos", complementa o rapaz, que pediu para não ser identificado. Ele diz que a suspeita era de envolvimento com o tráfico. "Eram bons meninos, todos gostavam deles, mas estavam envolvidos com coisa errada. O que dizem é que integrantes de uma facção de bairro rival cometeram o crime", completa. 

Evangélicos - Os pais dos três amigos de infância são membros de uma igreja evangélica no Campo Verde. "A gente sempre levava eles para a igreja, mostrava a palavra. Aliás, fazemos isso com todos os jovens do bairro. É preciso mostrar que esse caminho (das drogas) só traz sofrimento para eles e para as famílias", conta um deles, que também pediu para ter a identidade oculta. 

O pai, embora visivelmente abatido, afirmou estar tranquilo. "Eu estava no aniversário de uma pastora da igreja quando me falaram. Aliás, as três famílias estavam nesse aniversário. Quando a notícia chegou, o susto foi grande. Mas fica a sensação de que eles foram arrebatados e estão num lugar melhor", afirmou. 

Ele ainda contou que o filho, de 22 anos, já havia sido preso por 45 dias. "Na verdade, a polícia encontrou drogas e uma arma velha numa sorveteria. Como ele estava lá com uns amigos, pegaram todo mundo e levaram pra prisão", afirma. Ele nega envolvimento do filho com drogas e diz que o jovem era "adorador da palavra de Deus": "Pode entrar no quatro dele que você só vai ver pendrive de louvor. Ele nem ouvia essas músicas do mundo".

O pai, que não quis revelar o nome das vítimas para preservar as famílias, não acredita na versão de que uma briga entre facções tenha causado a morte do filho. Para ele, o crime precisa ser esclarecido. "Foi uma execução bárbara, encomendada por essas pessoas que estão destruíndo nossas famílias. Agora, é só entregar nas mãos de Deus e esperar isso ser resolvido", diz. 

Dois deles foram sepultados neste domingo (10) em Simões Filho. Os outros três ainda não tiveram os corpos liberados pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT) e a previsão de sepultamento é para segunda-feira  (11). 

O CORREIO entrou em contato com a Polícia Militar para pedir um posicionamento sobre o caso, mas não houve resposta até a publicação desta matéria.