Cine Glauber tem novo patrocinador e será sede do Panorama Coisa de Cinema

Metha, ex-OAS, é a nova patrocinadora do cinema. Festival será de 1º a 8 de dezembro

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  • Roberto Midlej

Publicado em 9 de novembro de 2021 às 06:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Os cinéfilos de Salvador têm duas boas notícias: a primeira é que o cinema Glauber Rocha, na Praça Castro Alves, será reaberto e a segunda boa notícia é que ali será realizada a 17ª edição do Panorama Internacional Coisa de Cinema, de 1º a 8 de dezembro.

Nesta terça (9), às 17h, será assinado o contrato de patrocínio por cinco anos com o grupo, que passa a ser responsável pelo custeio e manutenção do mais antigo cinema de Salvador. O evento será realizado no restaurante La Pasta Gialla, no interior do espaço cultural.

“A parceria com a Metha veio em um momento muito oportuno. Vamos continuar a desfrutar da mais plena experiência artística que um cinema com a  qualidade do Glauber Rocha pode oferecer”, afirmou o empresário Cláudio Marques.

Panorama O Panorama, que se consolidou como o maior festival de cinema da Bahia,  exibirá cerca de 80 filmes, entre longas e curtas-metragens. A curadoria de é dos coordenadores Cláudio Marques e Marília Hughes, e a de curtas foi realizada pelas cineastas Ceci Alves e Camila Gregório, e os críticos João Paulo Barreto, Rafael Carvalho e Adolfo Gomes. Madalena aborda o desaparecimento de transexual em uma região conservadora do país (divulgação) As mostras Competitiva Internacional e Panorama Convida estarão disponíveis apenas no site do festival. As demais, incluindo a de filmes baianos e a Competitiva Nacional, terão seus filmes exibidos no cinema, no espaço que agora passa a se chamar Cine Metha - Glauber Rocha, em referência ao novo patrocinador, o Grupo Metha, ex-OAS.

Como em outras edições, o Panorama não se limita à exibição de filmes e terá oficinas e debates. Os laboratórios de montagem e de roteiro serão gratuitos e online. O primeiro será ministrado pela montadora Marina Meliande e o segundo, pelo trio formado por Maíra Oliveira, Felipe Sholl e Iana Cossoy Paro.

Crítica Também será online e gratuita a Oficina de Crítica de Cinema, com Amanda Aouad, de 29 de novembro a 1º de dezembro, das 15h às 18h. Amanda é vice-presidente da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas e editora do site CinePipocaCult. “A oficina possui um caráter teórico prático que busca aguçar o pensamento crítico nos alunos através de análises de obras e textos. E também com exercícios de escrita”, ressalta Amanda. Receba!, de Rodrigo Luna e Pedro Perazzo, é o único baiano na Mostra Nacional Competitiva (divulgação) Na mostra Competitiva Nacional, são oito longas concorrendo: Madalena (MT/RJ), de Madiano Marchetti; A Felicidade das Coisas (SP), de Thais Fujinaga; Mata (SP, Noruega), de Fábio Nascimento e Ingrid Fadnes; Edna (SP), de Eryk Rocha; A Matéria Noturna (RJ), de Bernard Lessa; Os Ossos da Saudade (MG), de Marcos Pimentel; 5 Casas (PE), de Bruno Gularte Barreto, e o baiano Receba!, de Pedro Perazzo e Rodrigo Luna.

Na produção baiana, classificada como policial, uma bolsa recheada com um conteúdo valioso e ilegal é roubada. A caçada à procura daquela pequena fortuna envolve uma ex-atriz pornô endividada, um policial corrupto com medo de sangue, sua parceira que está parando de fumar, o perigoso chefe do crime local, e um rapaz que está no lugar errado e na hora errada.

Irmãos Coen Pedro Perazzo diz que ele e Rodrigo Luna têm como referência principal os filmes dos irmãos Coen, de Fargo e Gosto de Sangue. "Mas tem o tempero do absurdo das situações da Bahia. Não é um policial como os de Hollywood, já que, no nosso filme, os policiais são bandidos", ressalta Pedro.

Segundo o codiretor, a violência não é explícita e está sempre fora de quadro. "A gente não vê armas disparando, nem as pessoas sendo baleadas. A gente sempre vê os resultados dessas ações", afirma Pedro. Essa também foi uma solução para o orçamento do filme, de apenas R$ 1,5 milhão. O longa foi contemplado no Edital Setorial de Audiovisual de 2017, do Governo da Bahia. Edna, dirigido por Eryk Rocha, é um dos quatro documentários na Competitiva (divulgação) Cláudio Marques, um dos curadores da Nacional Competitiva, destaca que neste ano foram inscritos no Panorama mais documentários que em anos anteriores. Isso ocorreu provavelmente por causa da pandemia, que reduziu a produção de ficções, já que demandam uma equipe maior. Dos oito selecionados, quatro são documentários: Mata; Edna; Os Ossos da Saudade e 5 Casas.

O Panorama deste ano tem patrocínio do Instituto Flávia Abubakir e apoio financeiro do Governo do Estado. "O Panorama Internacional Coisa de Cinema, perto de completar 10 anos, já é uma referência do calendário cultural de Salvador e do audiovisual brasileiro, por isso merece todo o apoio. A pandemia impôs dificuldades a todos, e com o Festival não foi diferente, mas é num momento como esse que a cultura se torna ainda mais fundamental”, diz Flávia Abubakir, presidente do instituto.