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Cine XIV: sobrou apenas uma caixa de grampo e a gata Piriguete


 

Destruído por fogo, cinema foi periciado nesta segunda

  • Da Redação

Publicado em 14/11/2017 às 03:30:00
Atualizado em 17/04/2023 às 18:32:05
. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Do refinado cinema que operava com duas salas com capacidade para 114 e 64 pessoas, ao pó. Essa é a situação do Cine XIV, na Rua Frei Vicente, no Pelourinho. Não sobrou nada. “Sabe a única coisa que eu consegui pegar de dentro do prédio? Uma caixa de grampos. Foi a única coisa que sobreviveu a esse incêndio enorme”, disse um segurança, sem se identificar.

Além da caixa de grampo resgatada por ele, a felina Piriguete também sobreviveu. Uma moça que trabalha ao redor e que preferiu não se identificar conta que a gata mora no cinema há pelo menos seis meses. “Ela é a sobrevivente. Não tinha ninguém dentro, só ela”, disse ao CORREIO.As causas do incêndio que atingiu o Cine XIV e a Casa 14, no Pelourinho, no sábado, começaram nesta segunda-feira (13) a ser investigadas pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Peritos estiveram no local por volta das 14h30 e o laudo tem 30 dias para ser disponibilizado. Os imóveis atingidos são do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) e alugados para os atuais responsáveis. Incêndio foi mais intenso na sala de projeção, segundo testemunhas (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) De acordo com moradores e trabalhadores do local, o incêndio estava mais intenso na sala de projeção, no térreo, próximo à bilheteria. Eles acreditam que o fogo tenha começado ali.

De acordo com o diretor-geral da Codesal, Sósthenes Macêdo, não há risco de desmoronamento ou necessidade de demolição do Cine XIV, a princípio. “No dia, nós já fizemos um parecer afirmando que não havia risco maior nas laterais. Depois, nós vimos que a parede frontal do prédio também não apresentava risco”, diz.O prédio tinha três andares: o térreo, o andar de cima e o subsolo, onde funcionava o cinema. “A parte inferior foi totalmente tomada. A superior, não. A proteção metálica que o prédio possui ajudou a manter a estrutura com certa integridade”, completa Macêdo.

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Cadê, Piriguete? Moradores e trabalhadores do Centro Histórico que passavam no local não titubeavam em perguntar que fim teve Piriguete que, na verdade, ganhou nomes distintos dos frequentadores do local.

A gata não tinha dono, mas era paparicada e cuidada por moradores e trabalhadores da região. A gata saiu do prédio, para a alegria dos moradores, e seguia sua vida normalmente: comendo e deitada, agora na Casa 14.

Além do Cine, a Casa 14 também teve parte afetada. O local em que funcionava a diretoria da casa está comprometido e a entrada não é permitida pela Defesa Civil. A dona, Simone Carrera, está no imóvel há cinco anos e espera solidariedade do Ipac.

Simone conta que ela e Marcelo Sá, diretor do Cine XIV, tiveram uma reunião com o Ipac nesta segunda, que terá continuidade nesta terça. Parte da Casa 14 está interditada pela Codesal. O palco e algumas estruturas ficaram com rachaduras e há danos na pintura e instalações elétricas.

“O prejuízo maior desse incêndio para a Casa é a questão cultural. A gente abrigava grupos de teatro”, diz Simone.