Clube-empresa: chegou a hora do futebol brasileiro se modernizar

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  • Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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O Brasil precisa decidir: continuar na vanguarda do atraso ou criar ambiente favorável ao desenvolvimento empresarial do futebol profissional.

A virada depende do Congresso Nacional, que precisa estabelecer novo marco regulatório para o futebol no país. Tratar igualmente iguais e desigualmente desiguais. Criar condições para que o futebol profissional tenha estrutura adequada ao seu desenvolvimento pleno para que sua cadeia produtiva possa gerar nove vezes mais empregos do que gera hoje, saindo dos atuais 300 mil para mais de 2 milhões, contribuindo com 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB), em vez dos atuais 0,2%, como aponta estudo feito pela Fundação Getulio Vargas (FGV) para o governo federal sobre o tema.

O futebol profissional é um negócio que hoje movimenta bilhões e não pode continuar sendo administrado em estruturas amadoras para contar tostões. Onde tudo é de todos, nada é de ninguém. 

O futebol profissional brasileiro precisa de legislação que permita e incentive o profissionalismo e a boa gestão. Seria muito bom se clubes brasileiros conseguissem atrair investimentos estrangeiros e, para isso, os pilares deste novo marco regulatório devem ser: segurança jurídica para investimento nos clubes; conciliação do passivo; equilíbrio tributário para o futebol profissional; e transparência de toda estrutura societária para identificação clara dos proprietários.

Afinal de contas, mais da metade dos clubes ingleses pertence a investidores estrangeiros; 1/3 do investimento nos clubes europeus é de americanos e 1/5 é de chineses; o Manchester City tem nove clubes espalhados pelo mundo, inclusive um no Uruguai; e o Brasil não recebe investimentos, mas exporta investidores, como é o caso do Ronaldo Fenômeno, no Valladolid, e do empresário Flávio Augusto da Silva, no Orlando City. É uma “globalização de mão única”. Por que será?

A questão é estrutural, não é conjuntural. Clubes porventura bem geridos hoje podem sofrer na próxima eleição. O Real Madrid, que não é clube-empresa, sentiu isso na pele quando Florentino Perez deixou a presidência e teve que voltar para colocar a casa em ordem. Embora a mudança do formato associativo para o empresarial, por si só, não garanta investimentos nem resultados financeiros positivos, aumenta muito as possibilidades de melhora sistêmica. 

Clubes associativos quebrados seguem feito zumbis, empresas falem de verdade. O que parece ruim pode ser muito bom, afinal de contas quer incentivo maior para mais responsabilidade na gestão? Se o clube falir, outro investidor que compre o que tiver interesse na massa falida e toque adiante, não é mesmo?

Vale refletir: entre os 10 maiores campeonatos do mundo, apenas no Brasil não há clube empresa, será que só o Brasil está certo?

Pedro Trengrouse é advogado e coordenador acadêmico do programa executivo FGV / FIFA / CIES de Gestão de Esporte.