Clubes ingleses confirmam saída da Superliga europeia

Manchester United, Liverpool, Arsenal e Tottenham divulgaram comunicados se retirando da competição; City foi o primeiro e Chelsea deve seguir grupo

Publicado em 20 de abril de 2021 às 19:21

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: AFP

A Superliga europeia não terá a participação dos clubes ingleses. Manchester City, Arsenal, Tottenham, Manchester United e Liverpool oficializaram a saída da competição nesta terça-feira (20). O Chelsea é o único dos seis times do país que ainda não comunicou a decisão, mas deve seguir o mesmo caminho.

O City puxou a fila e foi o primeiro a anunciar o desejo de retirar-se do grupo dos clubes fundadores da competição. O anúncio foi feito em um curto comunicado, postado em seu site. "O Manchester City Football Club pode confirmar que promulgou formalmente os procedimentos para se retirar do grupo que está desenvolvendo planos para uma Superliga Europeia", diz a nota.

Os demais clubes ingleses soltaram o comunicado juntos, por volta das 18h55. Os espanhóis (Atlético de Madrid, Barcelona e Real Madrid) e italianos (Inter de Milão, Juventus e Milan) ainda não se manifestaram.

O Arsenal pediu desculpas por ter participado da criação da competição: "Como resultado de ouvir vocês e a comunidade do futebol em geral nos últimos dias, estamos nos retirando da proposta da Superliga. Cometemos um erro e pedimos desculpas por isso".

O presidente do Tottenham, Daniel Levy, também se desculpou. "Lamentamos a ansiedade e o aborrecimento causados pela proposta da Superliga. (...) Acreditamos que nunca devemos ficar parados e que o esporte deve revisar constantemente as competições e a governança para garantir que o jogo que todos amamos continue a evoluir e entusiasmar os fãs em todo o mundo. Gostaríamos de agradecer a todos os apoiadores que apresentaram suas opiniões ponderadas", comentou.

O Liverpool, por sua vez, garantiu que o "envolvimento no plano de formar uma Superliga europeia foi interrompido". Já o Manchester United - que viu a renúncia do seu vice-presidente executivo, Ed Woodward, nesta terça-feira (20) - afirmou que "continua comprometido em trabalhar com outras pessoas em toda a comunidade do futebol para encontrar soluções sustentáveis para os desafios de longo prazo que o futebol enfrenta".

Após o anúncio da desistência do City, o presidente da Uefa, Aleksander Ceferin, comemorou a decisão. "Estou muito feliz por receber o City de volta à família do futebol europeu. Eles demonstraram grande inteligência ao ouvir as muitas vozes - principalmente de seus torcedores - que revelaram os benefícios vitais que o sistema atual tem para todo o futebol europeu", disse Ceferin."Como disse no Congresso da Uefa, é preciso coragem para admitir um erro, mas nunca duvidei que eles tivessem a capacidade e o bom senso para tomar essa decisão", continuou.

Nesta terça-feira (20), o estádio Stamford Bridge, casa do Chelsea, foi palco de protestos de torcedores. Estimativas dos policiais apontam que participaram da manifestação cerca de 1,5 mil pessoas. Os fãs seguravam cartazes com muitas críticas à diretoria do Chelsea. O principal alvo foi o dono do clube, o magnata russo Roman Abramovich. Eles reclamavam da "ganância" do projeto da Superliga, que promete render 3,5 bilhões de euros na primeira temporada. 

Não agradou

A Superliga foi anunciada no último domingo (18) por 12 grandes clubes da Europa. Desde então, vem sofrendo duras críticas de jogadores, torcedores, clubes não-participantes, ligas e até as principais entidades à frente do futebol, como a Uefa e a Fifa.

O próprio técnico do City, Pep Guardiola, mostrou descontentamento com o novo torneio. De acordo com o treinador, o formato faz com que os valores do esporte não sejam contemplados.

"Esporte não é esporte quando a relação entre esforço e recompensa não existe. Não é um esporte se o sucesso está garantido ou se não importa quando você perde. Já disse muitas vezes que quero uma 'Premier League' (Campeonato Inglês) de sucesso, não apenas um time no topo", afirmou Guardiola, em entrevista coletiva.

Inicialmente, o novo torneio teria 15 times fixos - os 12 fundadores e outros três não-anunciados - e cinco convidados. Dessa forma, os clubes criadores teriam sempre lugar garantido a cada temporada, ao invés de uma classificação por mérito em função dos campeonatos nacionais.

Capitão do Manchester City, Kevin De Bruyne também criticou o modelo da Superliga em publicação nas redes sociais nesta terça-feira (20). "A palavra mais importante nisso tudo é COMPETIR. Com todos os eventos que vêm acontecendo nos últimos dias, talvez este seja o bom momento para todos se reunirem e tentarem trabalhar uma solução".

Logo após o anúncio da saída do City, a Associação de Futebol da Inglaterra (FA), divulgou um comunicado comemorando a decisão. A entidade afirmou que aprova a postura "dos clubes", indicando que outras equipes do país devem seguir o exemplo do time de Manchester.

"Damos as boas-vindas à notícia de que alguns dos clubes decidiram abandonar os planos para a Superliga Europeia, que ameaçava toda a pirâmide do futebol. O futebol inglês tem uma história orgulhosa baseada em oportunidade para todos os clubes e o jogo tem sido unânime em sua desaprovação de uma liga fechada. Foi uma proposta que, por design, poderia ter dividido nosso jogo; mas em vez disso, unificou todos nós", diz o comunicado.