Codecon divulga lista de empresas com maior número de reclamações em Salvador

Bancos são os que mais trazem dor de cabeça ao consumidor na capital baiana

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  • Nilson Marinho

Publicado em 15 de março de 2019 às 17:02

- Atualizado há um ano

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Foi apresentado na manhã desta sexta-feira (15) um ranking de 68 empresas de Salvador que mais receberam reclamações de consumidores em 2018, através da Diretoria de Ações de Proteção e Defesa do Consumidor (Codecon). Na lista divulgada (confira abaixo) aparecem principalmente bancos e lojas de eletrodomésticos, que estipularam juros indevidos e cobranças abusivas aos seus clientes.

O ranking foi feito com base em reclamações prestadas na sede do órgão que fica na Rua Chile, Centro Histórico. A líder de reclamações é a Crefisa S.A Crédito Financiamentos e Investimentos, com cinco queixas dos consumidores contra a empresa de crédito pessoal. O curioso é que todas as denúncias são pelo mesmo motivo: cálculo de prestações e taxas de juros incompatíveis. Até agora, apenas três destas situações foram solucionadas.

Ao lado da Crefisa, também com cinco reclamações, está a administradora de cartões de crédito Hipercard Banco Múltiplo S.A. Os clientes reclamaram de cálculos e taxas de juros e cobranças indevidas. A empresa fez acordo com apenas um cliente. 

Na lista também estão grandes bancos, como o Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Itaúcard, acompanhados da Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) e a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa).

Segundo a diretora da Codecon, Roberta Caires, entre as reclamações mais recorrentes estão abusos na cobrança de multas, falta de transparência nas cláusulas dos contratos e inflexibilidade de renegociação da dívida em relação a prazos. Para ela, a divulgação da lista das empresas que mais trazem dor de cabeça para o consumidor serve para que a população fique alerta na hora de fechar negócio com as instituições.

"A nossa missão e obrigação como um órgão de defesa e direito do consumidor é informar e proteger. A partir do momento que o consumidor tem essas informações, diminui sua vulnerabilidade, tendo a possibilidade de avaliar melhor como se estabelece cada cláusula e contrato com empresas que integram uma lista de maiores reclamações", explicou. 

A Codecon fez a divulgação com base no artigo 44 do Código da Defesa do Consumidor, que autoriza órgãos públicos que atuam nesta área a fazer esta divulgação anual. 

Idosos são alvo fácil De acordo com Gladstone Borges, chefe do setor de atendimento da Codecon, a maioria dos casos envolve pensionistas, idosos e aposentados. 

“O que acontece hoje no mercado é que muitas empresas financeiras são ligadas às grandes instituições do Brasil, ou seja, os bancos que têm maior nome. Eles pegam o consumidor vulnerável e, com isso, fazem empréstimos em cima de empréstimo, um refinanciamento em cima de um refinanciamento, na maioria das vezes sem a autorização deste consumidor”, explica Borges.

Foi o caso da aposentada Rosa Maria Santos da Silva, 68 anos. Ela se queixa de uma dívida contraída com o banco Itaú há mais de 10 anos. O filho, segundo ela, fez compras e não arcou com as parcelas, levando a mãe à inadimplência. Com isso, o débito chegou a R$15 mil.  Rosa Maria reclama do banco Itaú (Foto: Nilson Marinho/CORREIO) Ela acusa o banco a ter feito parcelamento da dívida sem o seu consentimento e com juros abusivos, tornando o pagamento impossível para quem, como ela, ganha apenas um salário mínimo. Há alguns meses, o banco enviou para a residência da idosa uma carta com uma proposta de pagamento, diminuindo a dívida para R$1,548,03, a serem pagos de uma única vez. Mesmo assim, ela afirma não ter condições de arcar com a despesa.

"É um valor que uma pessoa que vive com apenas um salário não pode pagar. Estou aqui para que a gente possa chegar a um valor mais baixo", conta a aposentada. 

Gladstone Borges explica que, no caso de cobranças, após o reclamante apresentar a situação, o Codecon compara o valor, os juros e as parcelas das dívidas com a renda social do cliente. Em caso de incompatibilidade, a empresa é chamada para uma renegociação para que o cliente possa quitar o débito. Ainda de acordo com o chefe do setor de atendimento, 75% desses casos costumam ser resolvidos.

Caso a parte reclamada não acate o acordo, a Codecon abre um processo administrativo e o reclamante é encaminhado para um juizado de defesa do consumidor, onde um juiz dará o veredito final do caso. Mesmo com o processo julgado, a empresa pode receber sanções por não ter aceitado o acordo inicial proposto, correndo o risco de ficar com a Divida Ativa do Município. 

O atendimento ao cliente acontece na sede da Codecon. Durante esta semana, por causa do Dia do Consumidor, comemorado nesta sexta-feira (15), um stand da coordenadoria foi aberto no 3º piso do Shopping Center Lapa. O funcionamento será espaço será apenas até hoje.

O CORREIO procurou A Federação Brasileira de Bancos (Febraban), que se manifestou através de nota e disse que "os bancos estão empenhados em reduzir ao máximo as reclamações de consumidores", com ações como "a construção de relações mais transparentes com o consumidor, a adequação de produtos e serviços ao perfil e necessidades dos clientes; além do permanente diálogo com órgãos de defesa do consumidor para corrigir condutas e prevenir conflitos de consumo"..

O órgão disse ainda que "muitos consumidores preferem recorrer aos órgãos de defesa do consumidor ou ao Banco Central, sem procurar os bancos, muitas vezes por desconhecimento da eficácia do Serviço de Atendimento ao Consumidor e das Ouvidorias das instituições financeiras".

Confira a lista das empresas em ordem de maior número de denúcias: Crefisa Banco Agibank Banco Bradesco Banco do Brasil Banco Itaú  Caixa Econômica Federal Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) Sorocred Crédito Investimento e Financiamento  Associação dos Servidores Técnicos Administrativos  Assurant Seguradora  Banco BMG Banco Bradesco Cartões  Banco Bradesco Financiamentos Banco CBSS Banco GMAC Banco Inter Banco Losango  Banco Santader Banco Triângulo BV Finançeira  Cedaspy Salvador Comércio de Livros Centro Nacional de Auxílio ao Servidor Público CNOVA Comércio Eletrônico DACASA Financeira Facta Financeira Itaú Unibanco Lojas Americanas Lojas Leader Luizaseg Seguros Magazine Luiza Midway S.A. Crédito, Finaciamento e Investimento  Motorola Mobility Com. de Prod. Eletrônicos LTDA Pax Cristo Rei Pax Cristo Rei Adm. Serviços Póstumos PLL Salvador Service Celulares  Previsul Seguradora  Raeliza Administradora de Consórcio LTDA Realiza Administradora de Cartões Realize RS Móveis e Decoração-Eireli-me Lar Shopping Saint Gobain do Brasil Produtos Industriais e para Brasilit  Sociedade Moveleira Paranaense  Telefônica Brasil S.A. Vivo Telemar Norte Leste S.A. OI Transportes Aéreos Portugueses S.A. TAP Air Portugal  Via Varejo S.A. Casas Bahia

* Com supervisão da subeditora Fernanda Varela