Com a bênção de Gilberto Gil, Roberta Sá lança álbum em Salvador

Disco com onze canções do baiano será lançado nesta sexta-feira (10)

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  • Ana Pereira

Publicado em 5 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nana Moraes

A cantora e compositora potiguar Roberta Sá não esconde a alegria com o disco Giro, que já disponível nas plataformas digitais. Pudera. No trabalho ela amplia o encontro com Gilberto Gil - com quem gravou Minha Princesa Cordel em 2011 -  para uma parceria criativa e sensível.  

Gil assina as onze canções do álbum, incluindo a bela Giro e Autorretratinho, sua observação sobre Roberta, que também entrou no rol de compositores.  Ele também toca violão em todas as faixas e ainda resgatou para o projeto a parceria com Jorge Ben (Ela Diz que Me Ama), o que não fazia há 40 anos.

 “O disco realmente fala de uma relação que nasceu do afeto, dos encontros, da amizade e da coletividade”, afirma Roberta. A parte mais surpreendente, pontua, foi compor com o baiano. Na próxima sexta (10), às 21h, Roberta estreia no Teatro Castro Alves a turnê nacional de Giro, cantando as novidades e passeando por seu próprio repertório e por algumas canções do baiano. “Infelizmente o Gil estará viajando”, lamenta a moça, convidando a todos para conferir  a largada. Leia entrevista com a cantora a seguir:

1. Gilberto Gil, você, Bem Gil, Jorge Moreno... Giro nasce como um projeto afetivo e coletivo. Poderia falar destes encontros e aproximações e de como o processo influenciou no resultado do álbum... O disco realmente fala de uma relação que nasceu do afeto, dos encontros, da amizade e da coletividade. Eu tenho encontrado muito sentido para fazer música e viver desta maneira, de forma que seja leve. Acho que o mundo já está muito pesado e nós estamos vivendo um ano muito pesado, particularmente.  Acredito que encarar a vida desta maneira, com afeto, influencia em todos os resultados da vida e, sem dúvidas, influenciou no resultado deste disco.

2. Giro, a canção, remete ao candomblé, à circularidade e traz um Gil luminoso. Por quê você a escolheu para batizar o projeto? Escolhi esta canção para batizar o projeto porque foi a primeira que o Gil fez pra mim. Ela tem uma frase muito bonita, “bolo inteiro só pra mim”. Acho que ela fala da capacidade de receber. O Gil me deu um presente e acho que ele já aponta, na primeira canção, um caminho para saber receber, que é um aprendizado também. As vezes é mais fácil entregar do que receber. O Gil foi muito generoso me dando todas estas canções, para eu colocar minha mão e minha interpretação. Esta canção fala disso. Fala de axé, claro, sem dúvidas.

3. Como foi, além de compor, cantar e contar com a presença de Gil em todas as faixas? Foi tudo muito esplendoroso, magnífico, o maior presente que ganhei na minha vida. Cantar com Gil já seria enorme. Já havia cantado com ele em Minha Princesa Cordel. Tê-lo tocando violão em todas as faixas, aprender e conviver musicalmente com ele, fazendo os arranjos junto com ele, com o Alberto Contenitino, o Domenico Lanceloti e o próprio Bem Gil foi muito enrequicedor. Foi a experiência mais amorosa e agradável na minha vida.   Compor com ele foi a parte mais surpreendente, porque sempre fui uma compositora muito tímida e ter a bênção do Gil como compositora me trouxe muito mais segurança e relaxamento como compositora.

4. O álbum traz sambinhas, xotes, bossas e até flerta com o ijexá e o reggae. Você poderia falar um pouco das sonoridades que buscaram? A gente montou uma banda de base com estas pessoas que citei. A partir da sonoridade deste grupo fomos buscar outras necessidades. É um disco muito orgânico, nasceu da natureza do encontro. Não teve uma ambição sonora. Foi muito a partir do violão do Gil. E como não partir do violão do Gil, que é primoroso e faz escola em todo o Brasil?

5. Você já tinha feito um álbum só com canções de outro baiano, Roque Ferreira. Há alguma aproximação entre os trabalhos? Acho que não. É muito diferente. O disco que fiz com o Trio Madeira Brasil em homenagem ao Roque era muito a sonoridade de Trio e as canções já existiam, só fiz selecionar. Giro nasce da observação de Gil  sobre a minha voz e a minha personalidade. Inclusive tem um hiato de dez entre eles. Eu, inclusive, sou uma cantora muito diferente hoje.

6. Giro me remeteu a Ok Ok Ok na afetividade e algumas sonoridades. Você diria que eles são trabalhos compartilham identidades? Sem dúvidas nenhuma. As canções foram feitas logo depois de Ok Ok Ok, são discos irmãos, de uma época de criatividade de Gil.

7. A turnê estreia em Salvador. Você escolheu a cidade para homenagear Gil? Há alguma possibilidade dele participar do show? Escolhemos a cidade para homenagear o Gil a música da Bahia, que sempre me inspira e me acalenta. Ele estará viajando na época do show, quem sabe alguma hora destas ele participa.

8. Poderia falar um pouco sobre a preparação do show de lançamento do álbum? Como pensou o repertório e a estrutura da banda que a acompanha? A estrutura foi pensada a partir da sonoridade do disco. A base é o Bem Gil e o Alberto. Chamamos o Danilo Andrade e o Marcelo Costa. Estou muito apaixonada com nosso encontro e com a possibilidade de levar este show para o Brasil. Vou cantar algumas releituras do Gil também. Vai ser uma festa, pode chegar.

SERVIÇO Show: Roberta Sá - Turnê Giro Quando: sexta-feira (10/05), às 21h Onde: Teatro Castro Alves (Campo Grande) Ingressos:  R$ 100 | R$ 50 (filas A a Y), R$ 80|R$ 40 (Z a Z11) Descontos sobre a inteira: 40% para assinantes Clube Correio