Com ares de superprodução, Pantanal está de volta nesta segunda (28)

Alanis Guillen é a nova Juma Marruá, em papel que revelou Cristiana Oliveira em 1990

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  • Roberto Midlej

Publicado em 28 de março de 2022 às 06:00

. Crédito: Fotos: João Miguel Júnior/Globo

Zé Leôncio; Juma Marruá; o Velho do Rio; Muda; Maria Bruaca... se você tem mais de 40 anos de idade, sem dúvida, lembra-se bem destes personagens que marcaram a história da dramaturgia brasileira. E, se não tem mais de 40, também é bem provável que já tenha ouvido falar deles, afinal, falamos de um clássico: Pantanal, que retorna nesta segunda (28), depois de 32 anos da sua estreia na TV Manchete, em 1990.

Desta vez, é a Globo que exibe a trama criada originalmente por Benedito Ruy Barbosa. Com ares de superprodução, Pantanal será exibida na faixa das nove horas e o capítulo desta noite vai ao ar cheio de pompas, como um evento muito esperado. 

Para se ter ideia, segundo o portal Notícias da TV, a emissora decidiu que nesta estreia o capítulo terá uma hora e meia de duração. E o mais surpreendente: haverá apenas um intervalo, para a exibição de apenas uma propaganda, de uma marca de automóveis que patrocina a novela. Há também uma determinação para que o Jornal Nacional não atrase e termine pontualmente às 21h30, para dar início à novela. Marcos Palmeira vive José Leôncio, papel que foi de Cláudio Marzo na primeira versão A nova adaptação do texto é de Bruno Luperi, neto de Benedito Ruy Barbosa. Bruno assinou, junto com o avô, a autoria de Velho Chico (2016), que tinha ainda Edmara Barbosa, sua mãe, como autora. “O Pantanal resgata heróis. É uma característica muito forte da obra do meu avô, que tem um caráter épico e fala sobre valores com personagens fortes e inspiradores. O José Leôncio é um personagem que te inspira, que te faz acreditar que o mundo pode ser melhor, que existem pessoas que são corretas, dignas”, diz Bruno.

Duas Fases A trama de Pantanal se divide em duas fases e a primeira é centrada na história de José Leôncio, agora interpretado por Renato Góes e, depois, por Marcos Palmeira. Nesta primeira parte, também está Joventino (Iranshir Santos), pai de Zé. O velho Joventino ganhou fama de trazer os bois selvagens, os ditos marruás, no feitiço.

Também como um feitiço, Joventino desaparece e deixa Zé sozinho, no comando da fazenda. Numa viagem ao Rio de Janeiro, Zé conhece Madeleine (Bruna Linzmeyer / Karine Teles), com quem se casa. Mas a esposa do peão não se adapta à fazenda e sai de lá fugida, com o filho do casal, Jove (Jesuíta Barbosa). Longe de Jove, Zé descobre que Tadeu (José Loreto) é seu filho, fruto de um relacionamento com Filó (Leticia Salles / Dira Paes), que se revelou uma rival de Madeleine.

Vinte anos depois, na segunda fase, Jove retorna à fazenda para reencontrar o pai. Mas o convívio não é fácil, devido aos choques culturais entre os dois. Além disso, o rapaz sente ciúmes de Tadeu, que está mais "em casa", pois sempre foi criado na fazenda.  Dira Paes, a Filó da segunda fase É também nesta segunda fase que vai aparecer uma das personagens mais populares da primeira versão, que revelou a atriz Cristiana Oliveira: Juma Marruá, agora vivida pela estreante Alanis Guillen. Jove se apaixona pela moça, que é filha de Maria Marruá (Juliana Paes) e Gil (Enrique Diaz). Mas a jovem não abre a guarda para ninguém.

Forjada pela desconfiança devido a traumas de seu passado, Juma se torna uma mulher selvagem e arredia. "Não existe quem consiga domar aquela onça", dizem. Mas uma linda paixão se inicia entre Jove e Juma. Um amor puro, fruto desse encontro improvável.

Um dos atores que retorna à trama depois de 32 anos é Almir Sater. Se daquela vez ele deu vida ao peão Trindade, agora ele é o chalaneiro Eugênio. Mas a maior contribuição de Sater para a nova versão talvez não seja seu desempenho como ator. É que ele cedeu sua fazenda como locação para a novela. O curioso é que é o mesmo lugar onde a primeira versão foi filmada, mas, naquela época o terreno ainda não era dele.

A gerente de produção da novela, Andrea Kelly, reconhece que refilmar um clássico como Pantanal é uma grande responsabilidade e sabe o trabalho que deu: “Uma obra enorme, uma novela que não é convencional. Uma logística muito diferente do que estamos habituados a fazer. Um lugar inóspito, com coisas que você não está acostumado a lidar nas grandes cidades. É um santuário".

Bruna Linzmeyer pensa como Andrea: “Não estive no Pantanal como Bruna, turista, passeando. Lembro que o primeiro dia que acordei, vi que onde estávamos, de manhã, tinha uma quantidade gigantesca de pássaros, de barulhos que eu nunca tinha ouvido. É uma mistura de ser encantador e desesperador. É uma continuidade de verde, de amarelo queimado, e tantas outras cores...”. Maria Bathânia nas gravações do tema de abertura (Foto: Fábio Rocha/Globo) Música

A Globo fez mistério sobre a trilha de abertura de Pantanal, mas finalmente revelou: a canção será a mesma da versão orignal, mas agora interpretada por Maria Bethânia e Almir Sater.

"É a canção de abertura de uma novela inesquecível e que terá uma releitura deslumbrante, de uma música muito inspirada, muito bonita, do fundo do coração do Brasil. É uma gravação que me comoveu, porque voltei a cantar com a viola do Almir Sater, isso é muito importante para mim, ele é um dos maiores músicos do Brasil, um grande compositor. É uma honra esse convite, fiquei bastante contente de fazer uma música poderosa, uma música forte", diz Bethânia.

Almir Sater participa tocando uma viola caipira. “Faço um solo de viola, participando como músico. Uma honra enorme. Eu, Bethânia e Pantanal temos uma relação antiga. Quando eu fiz a música Tocando em Frente para entrar como um dos temas da novela, 30 anos atrás, ela me ligou perguntando se eu tinha alguma música nova. Falei sobre essa e ela pediu que eu cantasse por telefone. Cantei e na mesma hora ela disse que a música era dela".