Com BaianaSystem e Armandinho, Furdunço leva milhares à Barra

Teve até encontro de trios com Saulo

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  • Thais Borges

Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 22:53

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Onde é que cabe foliã grávida de oito meses, crianças  de três anos de idade e senhorinhas que já passaram dos 60? No meio da mistura, adicione os  fãs de marchinhas antigas, os adeptos de fantasias elaboradas, os tripulantes do navio pirata da BaianaSystem  e, ainda, os seguidores da Fobica de Dodô e Osmar. 

A resposta tomou a Avenida Oceânica na tarde desta quinta-feira (28): o Furdunço do primeiro dia oficial de Carnaval na Barra. Com cerca de 20 atrações, o Furdunço aportou no Farol com a mesma proposta do domingo de pré-Carnaval - arrastar uma multidão numa pipoca para todos os gostos. 

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A designer Luísa Santana, 25 anos, e o professor Marcus Santana, 36, aproveitaram para inverter os papéis na folia: na barriga, ele “carregava” o pequeno Eshe, o bebê que está a caminho. Ela, do alto dos oito meses de gravidez, escreveu, de batom, que a barriga era de cerveja. “A gente sempre faz essa troca de papéis na fantasia. Viemos para o Furdunço ver três bandas de amigos e vou ficar até meu limite. Estou toda inchada e, se acontecer qualquer coisa, as malinhas (do parto) estão no carro”, contou Luísa, aos risos. Luísa e Marcus 'inverteram' papéis no Furdunço (Foto: Thais Borges/CORREIO) Os dois estavam aproveitando o clima do Furdunço para se despedir da cidade - estão de mudança para Portugal. “Aqui tem os minitrios, tem essa coisas mais aconchegante, mais light. Você consegue seguir com facilidade, porque o público é  tranquilo”, disse Marcus. 

Já o pequeno  Vicente William, 3, sonhava em ver um trio de perto. A família é natural de Salvador, mas mora em Guanambi, no Centro-Sul do estado. “Tem um mês que ele fala que quer vir para o Carnaval de Salvador. Ama música, canta tudo, até Gerônimo", contou a mãe do menino, a designer Daniele Corundu, 32, sobre o filho. Daniele e Alexsander levaram o pequeno Vicente para estrear na Barra (Foto: Thais Borges/CORREIO) Ela e o marido, o administrador Alexsander Santana, 40, preferiram levá-lo no Furdunço. “É o melhor dia para vir com ele”, explicou ela. 

Com perucas coloridas, as irmãs Vera Lúcia dos Santos, 64, e Sandra Jurema dos Santos, 63, são baianas que moram em Brasília (DF). Por isso, sempre que chega o Carnaval, correm para Salvador. Ontem, elas chegaram antes da BaianaSystem começar a desfilar no Furdunço. Pretendiam ficar dali até Os Macarados.“A gente vai até o (Morro do) Cristo e volta, vai e volta. Esse horário é o melhor, porque ainda está todo mundo lúcido”, disse Sandra, aos risos.  Público curtiu BaianaSystem (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Navio pirata Uma das atrações mais esperadas do Furdunço, a BaianaSystem fez sua única apresentação no Carnaval de 2019. A banda entrou no circuito com 30 minutos de atraso. Previsto para sair às 17h, o trio começou a andar às 17h09 - sem a banda. O líder da BaianaSystem, Russo Passapusso, só passou a comandar o Navio Pirata - como é chamado o trio - na altura do Boteco do Caranguejo, às 17h30."Queria dizer para vocês que a gente vai fazer o percurso todo com muito amor", disse Russo, sem comentar o atraso."Para que todos digam que a BaianaSystem, no primeiro dia de carnaval, começa rasgando as ruas gritando o nome do mestre Moa", completou. 

Ao CORREIO, gerente de circuito Miles Cussa Filho, da Saltur, explicou que não existe 'tolerância' para atrasos na programação. "O horário tem que ser cumprido. Se você der 20 min a cada atração, vai sair daqui que horas? Foram alegados vários problemas, de gerador, de falta de peça, mas para mim é um só, que a banda não chegou. Vai parar o carnaval? Isso é como sistema de tráfego. Eles queriam inverter as atrações, mas não pode, porque a outra atração não estava no horário dela", disse. 

A assistente administrativa Rosana Andrade, 36, tinha cedo para esperar aa banda. No ano passado, no pré-Carnaval, não conseguiu acompanhar Baiana, de quem é fã. Rosana foi vestindo uma camisa da banda (Foto: Thais Borges/CORREIO) "Estava muito cheio. Mas este ano acho que vai ser mais tranquilo. O Baiana veio para mudar o contexto do Carnaval. Estar em uma roda deles é algo que não tem explicação".

Já o serígrafo Marcus Vinicius Santos, 32, tentava unif o útil ao agradável. "Vim vender camisa!", explicou ele, que andava de um lado para o outro no Farol da Barra segurando uma camisa em um expositor de madeira. Marcus vendia camisas da BaianaSystem (Foto: Thais Borges/CORREIO) "Sou baiano, soteropolitano, então tenho que aproveitar o Verão, que está cheio de gringo, para fazer um dinheiro e descansar no Inverno. Já vendi uma, então já deu para pagar minha cerveja", brincou.Cada camisa custava R$ 40. 

Encontro O trio de Armandinho, Dodô e Osmar também passou por dificuldades no percurso. Previsto para sair às 18h, atrasou por 40 minutos - acabou sendo a atração a fechar o Furdunço. O fiscal de pista disse ao CORREIO que faltava uma cartilha da vistoria do trio. Já a assessoria dos Irmãos Macêdo explicou que o trio demorou de chegar e que não que falta documento.  Armandinho (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Foi para a felicidade de foliões como o economista José Soares, 37, a médica Iana Macedo e a economista Manuela Bonfim, 39. Eles chegaram ao Farol depois de ter vindo no sentido contrário do Furdunço: de Ondina para a Barra, onde esperavam a saída do Trio Armandinho, Dodô e Osmar. "A liberdade é a melhor parte. O Furdunço é sensacional. Já andei muito em bloco, mas gosto mesmo da pipoca", disse José.

Eles só gostariam de encontrar mais gente desde cedo."Estava vazio quando chegamos, porque ainda e quinta. Se fosse uma sexta ou sábado, nesse hodario, seria melhor. Falei que vinha para o Furdunço hoje e muita gente não sabia que tinha", contou Iana. Eles planejavam ver, ainda, as pipocas de Saulo e Daniela. "A gente veio de rosa e azul para a pipoca da Rainha", disse Manuela (de azul). No caso deles, vão de rosa, de azul e até de verde Heineken.  Manuela, Iana e José pretendiam ficar até a Pipoca da Rainha (Foto: Thais Borges/CORREIO) Para fechar o Furdunço da Barra com chave de ouro, nada melhor do que um encontro de trios: o de Armandinho, Dodô e Osmar (que fechou o Furdunço) e Saulo, que, pelo cronograma inicial, viria logo depois. 

Juntos, cantaram 'Chame Gente', para delírio de quem estava ainda no farol. "Que honra!", disse Saulo, antes de se despedir dos veteranos. 

Cinco anos Nem todo mundo sabe, mas o Furdunço do Carnaval existe há mais tempo do que o  do pré-Carnaval. Em 2014, quando foi criado, o então chamado ‘Movimento Furdunço’ estreou na sexta-feira da folia, no circuito do Campo Grande. Na segunda-feira de Carnaval, aconteceu na Barra. Foi só em 2015, após o sucesso do primeiro ano, que foi criada a edição do domingo anterior à festa oficial.