Com balé e orquestra, TCA apresenta ‘Um Concerto para o Guarda-Roupa’ 

Reunindo BTCA e Osba, teatro fez espetáculo para plateia formada pela coleção de figurinos marcando retomada dos palcos; veja

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  • Da Redação

Publicado em 30 de agosto de 2020 às 17:06

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Para mostrar toda a sua potência e marcar os processos de retomada do uso de seus palcos, o Teatro Castro Alves (TCA) realizou uma produção especial com a participação de seus dois corpos artísticos, o Balé Teatro Castro Alves (BTCA) e a Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), parados desde março devido às medidas de enfrentamento à Covid-19. 

Em ‘Um Concerto para o Guarda-Roupa’, registrado em vídeo, eles fazem uma performance especial na maior sala de espetáculos da Bahia, a Sala Principal do TCA, para uma plateia formada por figurinos do Guarda-Roupa do Centro Técnico do TCA, ocupando as 1.554 poltronas de sua plateia. 

A ficha técnica do trabalho, desde a sua concepção à execução, é composta pelos funcionários da Casa. Veja abaixo ou no canal do TCA no YouTube.

A concretização deste vídeo é uma mostra dos grandes tesouros materiais e imateriais do Complexo do TCA, que abriga as duas companhias públicas mantidas pelo equipamento, através da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb) e da Secretaria de Cultura do Governo do Estado da Bahia (SecultBA), e o Centro Técnico, setor de onde o fomento à cadeia produtiva da cultura e à engenharia do espetáculo é um exemplo nacional. 

O aglomerado, tombado pelo Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é também constituído por três palcos de excelência: a Concha Acústica, semiarena ao ar livre com capacidade para 5 mil pessoas; a Sala do Coro, caixa preta com flexibilidade de formatos para até 200 espectadores; e a simbólica Sala Principal, com seu palco italiano, onde se escrevem histórias de várias gerações de artistas e públicos, e que foi escolhida para este ato.

Num dia de pico de atividades, o Complexo do TCA chega a receber mais de 8 mil pessoas, entre artistas do palco e dos bastidores, plateias e variados profissionais. Em tempos de pandemia, onde o isolamento social se faz necessário, embora uma vasta programação esteja se fazendo no espaço virtual, esta grandiosa arquitetura, patrimônio moderno do Brasil, está vazia de sua alma, que é a presença do público. Agora, as cortinas voltam a se abrir nesta apresentação registrada em vídeo.

“Esta produção é nossa força condensada para simbolizar a saudade que estamos sentindo de ver o Complexo do TCA vivo e repleto de gente, fazendo acontecer a rotina do maior equipamento cultural da Bahia. Entre o profundo pesar pelas circunstâncias que estamos atravessando e a expectativa do retorno à normalidade, continuamos unidos, trabalhando e crentes na capacidade transformadora da arte”, afirma Moacyr Gramacho, diretor do TCA. 

‘Um Concerto Para o Guarda-Roupa’ Mais que um arquivo de roupas, o Guarda-Roupa do Centro Técnico do TCA, com seu acervo de cerca de 5 mil peças, guarda a memória na forma de figurinos das artes cênicas da Bahia. Estão lá as vestimentas de infinitos personagens que ganharam vida nestes palcos ao longo de mais de 50 anos. 

Para marcar poeticamente o desejo de rever seu público, o TCA montou parte destas peças na plateia da Sala Principal, compondo corpos figurativos que relembram toda esta trajetória e a alegria de ver as poltronas ocupadas: uma ausência que remete à presença. 

Além de reverenciar seu público, o TCA faz uma homenagem à toda classe artística. “Essa presença de figurinos na plateia é grandiosa, uma memória grandiosa, são roupas e espíritos de atores, figurinistas, costureiras, aderecistas, camareiras que já passaram por ali, atores e atrizes que já viveram seus personagens nesse grande palco”, resume o ator, cenógrafo e professor Agamenon de Abreu, que colaborou no processo criativo.

Respeitando os protocolos internacionais que orientam a proteção contra a Covid-19, o Teatro Castro Alves então promove um concerto para esse “público”. Com a cortina vermelha fechada, vê-se o grande palco vazio e sua estrutura cenotécnica aparente. Ao iniciar a música do compositor brasileiro Heitor Villa-Lobos, executada ao vivo, a cortina se abre, revelando a surpreendente plateia e emocionando os artistas em cena.