Com o pepino nas mãos

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Como você sabe, caro leitor ou bela leitora, este texto que sai impresso no papel-jornal de sábado e voa por aí através do ambiente virtual precisa estar fechadinho na sexta. O horário é flutuante: às vezes o texto já acorda pronto, às vezes estica-se um pouco devido aos acontecimentos do dia, às vezes o chefe lá na redação tem que mandar mensagem para lembrar ao colunista relapso e por aí vai. Noves fora as questões logísticas, o fato é que, enquanto batuco estas linhas, o Vitória ainda não tem um novo treinador.

Faço este dispensável introito porque, com a velocidade da vida e o tempo real da internet, pode ser que quando esta coluna chegue até você a direção (?) rubro-negra já tenha conseguido um técnico, o que não muda em nem um milímetro a morosidade de quem toma conta das coisas no Vitória.    

Jogando futebol de várzea (ou nem isso, porque tem muito time bem organizado na várzea), o rubro-negro foi vítima de mais um atropelo domingo passado, com o agravante de que o Atlético-PR, naquele momento, era o lanterninha do Brasileirão.

Antes que o Fantástico começasse, Vagner Mancini já não era mais treinador do Vitória. Desde então, Neymar deu mais um vexame com aquelas desculpas mandrake, Jair Bolsonaro despejou mais asneiras em rede nacional, o grande Mario Cravo Júnior se despediu, o VAR entrou em campo na Copa do Brasil e até Marte chegou mais perto da Terra (trata-se de um fato, não de um exagero textual). Só quem não saiu do lugar foi o Vitória, que não tem (ou não tinha) um técnico em definitivo.

Como escrevi na semana passada, apenas o presidente Ricardo David poderia esclarecer por quais motivos Mancini foi mantido por tanto tempo no cargo. O técnico já foi embora, mas o mandatário não explicou a letargia. Agora, talvez bole uma conversa bonita sobre “projeto”, “perfil” e afins para justificar a demora na reposição.

Enquanto isso, o pepino fica na mão de João Burse, mais um interino da casa que é obrigado a segurar o rojão quando os medalhões não resolvem. Assim foi com Wesley Carvalho no ano passado, mas quando chegou o momento de dar uma oportunidade concreta ao profissional, fecharam a porta na cara dele. No rebote, Wesley pegou o boné e vazou, no que fez muito bem.

Burse está pronto para dirigir o time principal do Vitória? Não sei, mas seus bons trabalhos na base o credenciam ao menos a ganhar uma chance. Essa chance deveria ser agora? É claro que não, pois o legado de Mancini é o pior possível e, caso o time caminhe para o abismo – como as atuações indicam –, recairá sobre Burse um ônus que não lhe compete.   

Acho que ninguém tem dúvida de que Vagner Mancini empenou com o Vitória, mas é preciso que fique bem claro também o péssimo trabalho dos dirigentes – quem está lá e quem já foi embora.

Dentre incontáveis erros, segurar Mancini durante a Copa do Mundo foi estrondoso, pois qualquer pessoa com ideias bem concatenadas notava que não havia como dar certo. Agora, fica o impasse: convencer alguém de fora a vir ou apostar em Burse até o final?

Pra quem disse ter se preparado tanto para gerir o Vitória, Ricardo David se mostra bem perdido.

* Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados