Com prejuízo de R$ 6 milhões, comemoração pelo Dia do Leite é cancelada

A cadeia do leite no estado tem 80 mil empregos diretos - até o pagamento dos empregados está em risco

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  • Da Redação

Publicado em 29 de maio de 2018 às 10:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Arisson Marinho/Arquivo CORREIO)

Depois de nove dias, a greve dos caminhoneiros segue trazendo dificuldades para o estado. Com prejuízos estimados em quase R$ 6 milhões, a indústria do leite anunciou, nesta terça-feira, o cancelamento das comemorações pelo Dia Mundial do Leite, que aconteceria nesta sexta-feira (1º), no Jardim dos Namorados, na Pituba. 

Há seis anos, o Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Leite do Estado (Sindileite) promove um café da manhã gratuito, à base de produtos de leite e que é oferecido a todos que passam pela região. “O Dia Mundial do Leite é um momento de comemoração e, infelizmente, por esse momento, a gente não tem o que comemorar. Pelo contrário: temos um prejuízo a quantificar, porque (os caminhoneiros parados) estão trazendo problemas sérios para a cadeia produtiva. A gente não consegue chegar ao mercado consumidor”, explicou o vice-presidente da entidade, Paulo Cintra.

De acordo com ele, a avaliação da categoria é de que 500 mil litros de leite estejam sendo deixados de coletar diariamente, desde o início da greve. Para cada dia sem coleta, ou prejuízo é de pelo menos R$ 600 mil – ou seja, ao final de nove dias de paralisação, o rombo chega a R$ 5,4 milhões. “E a distribuição está praticamente zerada. Não estamos conseguindo distribuir quase nada. E a venda que não entrega hoje não se recupera nunca mais. É um prejuízo muito grande. Alguns produtos a gente até consegue guardar, mas iogurtes, (queijo) semi frescal... O prazo de validade é muito curto”, alerta Cintra, que acredita que esses prejuízos específicos só poderão ser mensurados após o fim da greve. Hoje, a cadeia produtiva do leite emprega cerca de 80 mil empregos diretos na Bahia – principalmente no interior do estado. Como a maioria das empresas são de pequeno e médio porte, muitos desses empregos estão em risco, com os prejuízos inesperados e atingindo essa proporção. 

“Quando não tem o giro do dia, a gente não consegue pagar, porque de cada parte da venda, tem um pagamento. É um risco não só do desemprego, mas do pagamento. Infelizmente, as pessoas que estão fazendo a greve não sabem mais o que querem. É um movimento que tem pé, ou seja, que tem base, mas não tem cabeça”, alerta. 

Frangos morrem de fome Outros setores também estão vivendo momentos de desespero. É o caso da avicultura: só no fim de semana, 60 mil frangos morreram de fome – 50 mil em Governador Mangabeira e 10 mil em Alagoinhas. Morreram definhando, de forma cruel.  Os frangos estão morrendo de fome - definhando de forma cruel pela falta de ração (Foto: ABA/Divulgação) Mas esses números podem ficar piores a partir desta terça-feira (29), quando está previsto para que as rações ainda disponíveis acabem em todo o estado. Sem ração, no mínimo 1% do plantel pode morrer a cada dia – ou seja, 173 mil frangos mortos de fome diariamente. E, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), esse massacre pode passar a 500 mil mortes por dia.