Com problemas financeiros, Ypiranga desiste da Segunda Divisão

Clube acusa parceiros de não terem investido o que prometeram ao clube em acordo fechado no ano passado

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  • Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2017 às 16:50

- Atualizado há um ano

O sonho de recuperar o centenário Ypiranga sofreu um golpe duríssimo. O Mais Querido anunciou nesta terça-feira (17) que não disputará mais a Segunda Divisão do Baiano, que começaria para o clube nesta quarta-feira (19), diante do Teixeira de Freitas, em Pituaçu. E as razões dessa desistência podem afetar o aurinegro por muitos anos à frente.Presidente Emerson Ferretti durante o anúncio do técnico Roberto Gaúcho, que treinaria Ypiranga (Foto: Divulgação)O clube de 110 anos fechou um acordo no início deste ano com um investidor, Carlos de Castro Zamponi, dono de uma empresa de marketing esportivo no Rio, para gestão do futebol do aurinegro e formação de jogadores por oito anos. Zamponi é representado na Bahia por um funcionário seu, João Vicente da Silva. O investimento seria feito por meio de uma empresa a ser criada, a Aurinegro Participações S/A.

Os jogadores a serem contratados seriam registrados no Condor Atlético Clube, do Rio de Janeiro, também administrado por João Vicente, e seriam emprestados ao Ypiranga, que teria participação em caso de venda. A empresa, porém, segundo nota publicada pelo Ypiranga, não chegou a ser criada, e os investimentos foram realizados em volume irrisório.

João Vicente da Silva, no entanto, como apurou o CORREIO, tomou a frente da gestão do clube em todos os seus setores. Como principal medida, o representante contratou 24 atletas para disputar o Baiano Sub-20. Os atletas participaram de uma peneira, assinaram por cinco anos com salários de R$ 1 mil. Todos os 24 tiveram contratos registrados pelo Ypiranga. Ex-funcionários calculam que o passivo gerado pelas contratações será de cerca de R$ 20 milhões.

O dinheiro que foi colocado no clube pelo parceiro, segundo apurou o CORREIO, veio de empresários soteropolitanos e até funcionários do Ypiranga convencidos por Silva a confiar no projeto. É o caso de um profissional do aurinegro, que investiu R$ 70 mil. No entanto, sem a verba prometida, o gestor não teria honrado os salários dos funcionários e teria pago fornecedores com cheques sem fundo em nome do clube.

O treinador Roberto Gaúcho e 17 atletas profissionais já vinham treinando na Vila Canária para a disputa da Segunda Divisão, mas não tiveram seus contratos assinados pelo presidente Émerson Ferretti.

O presidente da Federação Bahiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, disse já ter encaminhado a desistência para o setor jurídico da entidade, que analisará o caso. A tendência é que os demais clubes da Segundona ganhem três pontos automaticamente.

O caso também será levado para o Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia, que analisará sanções ao aurinegro. Ainda não há posição sobre o sub-20, que já disputou cinco partidas no Estadual da categoria.disse ter encaminhado o ofício da desistência ao departamento jurídico da entidade, que decidirá os efeitos. A tendência é que as demais equipes da Segunda Divisão recebam os pontos pelas partidas que seriam jogadas contra o Ypiranga.A desistência também pode acarretar em multas e suspensão para o aurinegro. A medida será julgada pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Bahia (TJD-BA).