Comemoração no contrapé

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • D
  • Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Toda vez que um time ou algum jogador formado na divisão de base do Vitória ganha destaque, a torcida rubro-negra exalta a capacidade e o histórico do clube em revelar talentos. Nada mais justo.

Essa semana aconteceu mais um exemplo deste fato, depois que o time sub-20 do Vitória atropelou o Flamengo no Barradão, na primeira partida da semifinal do Campeonato Brasileiro da categoria. Meteu 6x1, sem contar o baile.

Quando surgem episódios assim, a mesma exaltação que faz a torcida é feita pelo próprio clube, enquanto instituição. Acontece que, neste caso, a coisa muda um pouco de figura. Óbvio que também é justo comemorar os feitos de garotos formados na Toca do Leão, mas, ao mesmo tempo, cada comemoração dessa é também um pouco de reconhecimento da incompetência do Departamento de Futebol profissional do Vitória.

Veja você que, somente este ano, o Vitória foi bem na Copa São Paulo de Futebol Júnior, o time sub-23 já teve atuações animadoras no Campeonato Brasileiro de Aspirantes e agora a equipe sub-20 está muito perto de disputar a final do Brasileiro, mesmo com um elenco cheio de jogadores abaixo dos 18 anos. No entanto, na hora de montar o time profissional, o que fazem os dirigentes? Vão ao mercado e enchem as burras dos empresários trazendo pra cá um bocado de jogador meia-boca, quando não são ruins mesmo.

A prática, verdade seja dita, não é de agora e nem foi inaugurada pela diretoria de Ricardo David, mas ele segue a cartilha direitinho, contradizendo inclusive aqueles discursos de campanha que falavam em valorização da base, planejamento na transição e mais um monte de palavrório.

No meio das tantas contratações inúteis ou semi-inúteis, sempre tem uns rotulados como experientes (mas a quem cabe melhor o termo cansados) e aqueles que são efetivamente ex-jogadores em atividade. Mas, talvez as piores contratações sejam aquelas de jovens que não tiveram espaço em outro canto e o Vitória bota pra jogar aqui, ocupando, é claro, o espaço dos garotos que treinam no campo ao lado, formados pelo próprio Vitória.

É sintomático que, mesmo jogando uma bolinha, o time do Vitória tenha pelo menos aumentado sua competitividade no Brasileirão após a chegada de Carpegiani, que, compromissado apenas com o desempenho, resolveu botar os meninos no jogo. Nisso, levou a campo dois jovens que, neste momento, são os pilares do time: Lucas Ribeiro e Léo Gomes.

É claro que eles ainda vão falhar ou tomar decisões erradas, mas em poucas partidas já mostraram mais do que tantos outros que já foram embora ou seguem encostados na Toca do Leão, com o bom salário batendo direitinho na conta todo mês.

O Vitória tem todo direito de se autocongratular por ter uma divisão de base tão profícua, agora só falta que alguém lembre disso quando for planejar a próxima temporada. A atual, como já era previsto, será de sofrimento até o fim.

Dá pra garantir que dando mais espaço aos garotos desde o início do ano seria diferente? Não, não dá, mas a tática de contratações aos montes já se mostrou falha sabe-se lá quantas vezes. O presidente que se dizia inovador – e que tanto reclamou da falta de dinheiro em caixa – deveria saber que a solução pode estar dentro de casa.

Victor Uchôa é jornalista e escreve aos sábados