Comemorando 40 anos, Olodum inicia Carnaval com desfile no Pelourinho

Tema escolhido para este ano foi As Duas Histórias: O Perfume das Rosas – Olodum 40 Anos

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  • Da Redação

Publicado em 1 de março de 2019 às 22:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Betto Jr/CORREIO

Com toda sua irreverência, resistência e história, o Olodum iniciou nesta sexta-feira (1º) o Carnaval em que comemora 40 anos. Como faz tradicionalmente em todos os carnavais, o Bloco, que nasceu em 1979, iniciou seu desfile em casa, no Pelourinho, e depois foi para o Campo Grande.

E, como na música, o Olodum sacudiu o Pelô com suas fantasias que pintaram as ruas do Centro Histórico de cor de rosa e de dourado. As roupas utilizadas pelos integrantes do grupo contavam um pouco mais sobre o tema escolhido para este ano - As Duas Histórias: O Perfume das Rosas – Olodum 40 Anos - e os apaixonados pelo Bloco se reuniram nas calçadas da Rua Maciel de Baixo, no Pelourinho, para ver o Bloco passar.

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“A gente colocou esse ano sobre o perfume das rosas porque tem um personagem, o Saladino, que abriu Jerusalém para o mundo. A cidade que era fechada, a gente transformou em aberta. Salvador já teve as portas dos Carmos, já teve as portas do São Bento e a gente está dizendo: ‘Abre a cidade de Salvador para o mundo’. Porque é uma cidade bonita, de um povo bonito que merece ser feliz”, disse o presidente do Bloco Olodum João Jorge.

História Neste ano, o Pelourinho conta a história do Perfume e das Rosas desde a África, do Egito Antigo até os dias de hoje. João Jorge faz uma comparação com o tema e o Bloco: “O Olodum é plural como as rosas, talvez como uma rosa de Hiroshima contra o racismo e contra as injustiças, nos abrimos para o mundo além do Maciel-Pelourinho”, disse. 

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“Os 40 anos do Olodum começam a ser comemorados com um grande Carnaval. Um Carnaval bonito com uma história humana, ligada ao perfume das rosas e também uma celebração da vida. Nessas quatro décadas, o mundo mudou: fomos à Angola, ao Egito, Etiópia, 39 países do mundo. E a gente tem contribuído para Salvador ser nova. Voltar a ser uma cidade cosmopolita, voltar a ser uma cidade de todos: dos soteropolitanos, dos estrangeiros, dos brasileiros e uma cidade aberta para o futuro”, acrescentou João Jorge.

O amor de quem seguia o bloco era expressado de muitas formas durante o desfile. Para acompanhar o bloco afro pela 26ª vez, a mecânica industrial Milena Santos, 32 anos, que desfila com o Olodum desde os 6 resolveu se vestir inteiramente do bloco: detalhes com a marca ou as cores do Olodum estavam nas pulseiras, nos brincos e até nas unhas. 

“Meu pai é paulista mas sempre amou muito o Olodum. Ele me trazia, mesmo de fora das cordas, no pescoço. E, quando eu fiquei mais velha, mantive a tradição e venho todos os anos. O Olodum traz nossa negritude. Diz que os negros são importantes”, disse.

Futuro Para os próximos anos, João Jorge afirma que o Bloco fará mais cultura, intercâmbio, educação e consciência de paz. “Nós somos transgressores, estamos sempre dizendo não. E é uma força estranha que movimenta o Olodum., que é nascido onde o Brasil nasceu. Temos que celebrar o fato da gente ter vencido. Um bairro pobre, um povo pobre, um grupo de pessoas negras, mestiços e brancos sendo vitoriosos 40 anos depois”, disse.

Assim como no ano passado, o governador Rui Costa acompanhou a saída do Olodum no Pelourinho. Ele foi para a Casa do Olodum, onde encontrou com correligionários e integrantes do bloco. 

"O Ouro Negro é um projeto belíssimo, que visa manter viva a história, a cultura, a arte e a estética do povo negro e do povo da Bahia. O Olodum é a expressão dessa negritude, trazendo uma sonoridade especial que encanta o mundo inteiro. É uma das paixões do povo baiano. Por isso, temos que apoiar e manter viva essa tradição que já atravessa 40 anos. O Bloco faz parte da raiz da Bahia. É muito importante para a história dos negros e da população da Bahia. Que venham mais 40 anos de Olodum", disse.

Em visita ao Olodum, o governador Rui Costa manteve seu posicionamento de não falar sobre política durante eventos festivos. Questionado sobre suas prioridades no governo, Rui afirmou que apenas conversará sobre o tema após o Carnaval.

Representando o prefeito ACM Neto, o secretário de Cultura e Turismo Cláudio Tinoco também esteve presente na saída do Olodum. Ele destacou que a prefeitura se reúne constantemente com o presidente do Bloco e que o apoio da prefeitura de Salvador a alguns blocos no Carnaval “ainda é pouco”.

“Aquilo que acontece aqui (no Pelourinho) é uma força da simbologia dessa importâncias dos blocos agro. Esse ano a prefeitura está repetindo o apoio, tratando com cada bloco especificamente suas prioridades para viabilizar suas saídas. Óbvio que isso ainda é pouco. A gente precisa compreender que todo esse movimento tem por trás um trabalho social de um ano inteiro”, disse. 

O Olodum desfilará neste ano no domingo (3) no Circuito Dodô, às 15h, e na terça de Carnaval (5), o bloco volta ao Campo Grande, sem cordas, às 17h.