Comércio e escolas fecham um dia após polícia matar envolvidos em assassinato de policial

Policiamento foi reforçado na localidade de Barra Grande, na Ilha, na manhã desta quinta (11)

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  • Bruno Wendel

Publicado em 11 de abril de 2019 às 15:09

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/SSP-BA

Um dia após a polícia matar três pessoas envolvidas no assassinato do policial civil Waldeck Monteiro de Jesus, 47 anos, no município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, bandidos determinaram na manhã desta quinta-feira (11) 'toque de recolher' em Barra Grande, localidade de Vera Cruz. Comércio e escolas foram obrigadas a fechar por volta das 10h30. 

O CORREIO recebeu fotos de moradores que mostram estabelecimentos comerciais com as portas fechadas como casa de materiais de construção, farmácia, bares, loja de som de carros, panificadora, pousada, loja de ração e piscina. A maioria dos estabelecimentos fechados está concentrada na rua principal da localidade, onde estão cinco instituições de ensino, duas escolas particulares e três escolas públicas – uma estadual e duas municipais –, que suspenderam as aulas.  

Moradores da região procurados pelo CORREIO disseram que o toque de recolher foi imposto por bandidos ligados às pessoas que foram mortas pelos policiais nesta quarta-feira (10). “O pessoal chegou dizendo para o comércio fechar e as escolas também fecharam.  A ordem foi dada por bandidos. Estou sem sair de casa e a minha filha está na casa de minha mãe, que recebeu a ligação para buscá-la na escola às pressas”, disse por telefone a funcionária de um consultório odontológico de Barra Grande.  (Foto do leitor) Um outro morador disse ao CORREIO que homens ligados ao tráfico disseminaram o toque de recolher. “Disseram para minha funcionária que era para fechar a loja e assim ela fez rapidamente. Ela só me ligou dizendo o motivo e foi para casa. Nesse momento, todo mundo está com o medo de sair de casa, de abrir até o portão”, contou o dono de um bar.  Ainda segundo ele, o clima em Barra Garnde já estava tenso desde a quarta. "As pessoas estavam se trancando cedo em casa. Às 18h já não havia mais ninguém na rua", relatou. 

A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) informou que o toque de recolher é boato. "Um boato sobre ordem para fechar o comércio circulou e também por isso ampliamos as ações. Alguns empresários permanecem com suas atividades e outros decidiram não abrir", explicou o comandante do Policiamento na Região Integrada de Segurança Pública (Risp) RMS, coronel Alfredo Nascimento.

A SSP-BA informou que as equipes estão dialogando com os donos dos estabelecimentos. "Infelizmente essas informações circulam rapidamente, mesmo sem comprovação da veracidade. Estamos com força máxima na região", completou coronel Alfredo Nascimento.

A secretaria disse ainda que abordagens, blitze e barreiras estão sendo promovidas 24 horas. Equipes do Peto da 5ª Companhia Independente da PM (CIPM/Vera Cruz) e da Cipe Polo Industrial continuam realizando ações de intensificação do patrulhamento ostensivo, no município de Vera Cruz. Buscas por outros criminosos ligados ao trio que assassinou um investigador seguem sendo realizadas.

Trio A SSP-BA informou que o trio tentou furar uma blitz policial montada em Jiribatuba, Vera Cruz. O órgão diz ainda que uma "denúncia anônima alertou os policiais civis sobre a possível fuga". Os mortos ainda não foram identificados.

Waldeck foi morto com cinco tiros no rosto durante uma tentativa de assalto dentro da casa de uma amiga, em Vera Cruz. Ele e a dona da casa conversavam quando o imóvel foi invadido por um homem armado, na noite desta terça-feira (9). O policial retornou ao imóvel para pegar sua arma e, segundo a SSP-BA, reagiu ao assalto e morreu na troca de tiros.

Com cinco tiros no rosto, Waldeck foi o primeiro policial civil morto este ano na Bahia. No ano passado, foram três. Outros três PMs foram mortos este ano e 16 no ano passado.