Comissão de Ética reconhece assédio e aumenta punição de Caboclo

Pena agora é de 21 meses, mas posicionamento ainda precisa ser aprovado pela Assembleia Geral

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  • Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2021 às 19:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: Leandro Lopes/CBF

A Comissão de Ética da CBF aumentou a punição aplicada a Rogério Caboclo para 21 meses de afastamento da presidência da CBF e de qualquer atividade relacionada ao futebol. Inicialmente, foi sugerida uma punição de 15 meses. O órgão reviu sua posição após aceitar um pedido da defesa da funcionária que o denunciou por assédio moral e sexual.

Na primeira decisão, aplicada em agosto, a Câmara de Julgamento da Comissão de Ética tinha considerado "conduta inapropriada" de Caboclo. O relator do caso, Amilar Fernandes Alves, chegou a escrever que era "impossível afirmar que houve assédio sexual".

Agora, a Comissão concluiu que o presidente afastado violou o artigo do Código de Ética que trata de "assédio, de qualquer natureza, inclusive moral ou sexual". O órgão também concluiu que Caboclo gastava verba da CBF na compra de vinhos para consumo pessoal. 

O voto de Amilar foi acompanhados pelos outros dois membros da Câmara de Julgamento, Marco Aurélio Klein e Carlos Renato de Azevedo, também presidente da Comissão de Ética.

A pena de Caboclo agora fica sujeita à deliberação da Assembleia Geral, composta pelas 27 federações estaduais, que deve ser marcada para a semana que vem. Os cartolas devem definir se aceitam ou não a sanção.

Caso seja condenado, Caboclo só poderá voltar à presidência da CBF em março de 2023, um mês antes do fim de seu mandato. A punição inicial deixaria o dirigente afastado até setembro de 2022. Vale lembrar que existem outras duas denúncias sendo investigadas pela Comissão de Ética. Se houver mais punições nestes casos, Caboclo não voltaria mais ao cargo.

Em entrevista à TV Globo, a primeira funcionária que denunciou o dirigente deu detalhes sobre os assédios sofridos na CBF. Ela contou que sofreu seguidas intimidações e teve quadro grave de depressão. 

"Eu não tinha a menor condição de continuar trabalhando na CBF com aquele homem que me dava uma sensação de terror só de pensar em estar ao lado dele novamente", contou, ao Fantástico.

"É uma situação pela qual nenhuma mulher deveria passar em nenhum momento da vida. É uma dor que não acaba. É uma dor que hora nenhuma sai de mim. Hora nenhuma eu esqueço que ela existe. Está sempre presente, latente, em todos os momentos do meu dia. A minha dignidade não tem preço. Porque eu fiquei pensando nas mulheres que viriam depois de mim. Era inaceitável proteger um assediador", continuou.

No total, são três mulheres que afirmam ter sido assediadas por Caboclo. Ele nega as acusações. Enquanto isso, quem preside a CBF interinamente é Ednaldo Rodrigues, ex-presidente da Federação Bahiana de Futebol (FBF).