Como funciona a escala de Glasgow, que mede consciência após lesão cerebral

Apresentador Gugu Liberato deu entrada em hospital com nível mais severo na escala

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  • Da Redação

Publicado em 24 de novembro de 2019 às 10:19

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O apresentador Gugu Liberato morreu na sexta-feira (22), depois de sofrer uma queda dentro de sua casa na Flórida, nos EUA. No comunicado divulgado pela família, há a informação de que Gugu deu entrada no hospital com traumatismo cranioencefálico e com um grau três na chamada Escala de Glasgow. Mas como funciona esse mecanismo para medir o nível do trauma?

A Escala de Glasgowanalisa a gravidade da lesão craniana do paciente e vai de 3 a 15. Quanto menor for a pontuação do paciente, mais grave é seu estado de saúde. Gugu chegou à unidade de saúde em Orlando com a pior pontuação, 3, que tem 85% de chance de resultar em morte. Segundo o neurocirurgião Guilherme Lepsky, ele ainda não estava com quadro de morte cerebral, mas o estado piorou rapidamente.

Essa escala foi criada em 1974 por dois professores da Universidade de Glasgow, na Escócia, e é usada para medir o nível de consciência do paciente depois de sofrer uma lesão no cérebro. 

São observados sintomas e reações, atribuindo-se uma pontuação. Se a soma ficar de 13 a 15, o traume é considerado leve. Entre 9 e 12, é um trauma moderado. De 3 a 8, o caso é grave. Com um grau abaixo de 9, a orientação já é de que o paciente seja entubado.

Estar com grau 3 na escala não significa que o paciente está com morte cerebral, mas é raro que alguém com esse nível de lesão retome a consciência, de acordo com os médicos.

Em observação, se o paciente ficar de seis a oito horas sem atividade encefálica, não houver mais atividade elétrica no cérebro e também se exames constatarem que não há mais circulação de sangue na região, a morte cerebral é confirmada. Esse último passo não é obrigatório nos EUA, mas Gugu passou por uma angiografia, que mostrou a ausência da circulação de sangue para o cérebro. Ao contrário do coma, quando o paciente ainda tem atividade cerebral, a morte encefálica é irreversível. Leia tambémNeurocirurgião explica como foi atendimento de Gugu: 'Deteriorou rapidamente'

Avaliação da escala Glasgow Os médicos consideram três parâmetros ao avaliar o paciente por essa escala: abertura ocular, resposta verbal e resposta motora. Para cada uma dessas categorias, há uma pontuação de 1 a 5 de acordo com os sintomas encontrados.

Veja como é

Abertura Ocular Espontaneamente 4 Sob comando verbal 3 Sob estímulo da pressão 2 Ausente 1

Resposta Verbal Fala orientada 5 Fala confusa: 4 Verbaliza palavras soltas: 3 Verbaliza sons ininteligíveis 2 Ausente: 1

Resposta Motora Obedece a comandos verbais: 6 Localização estímulo de pressão: 5 Retirada inespecífica à dor: 4 Padrão flexor à dor: 3 Padrão extensor à dor: 2 Sem resposta: 1

Depois de somar os pontos, o médico avalia como a pupila do paciente reage à luz. Se ambas as pupilas reagirem, mantém a soma da escala. Se for apenas uma, subtrai-se um ponto. Se nenhuma delas reagir, tiram dois pontos da soma.

O nível 3 significa que o paciente não abre os olhos, não fala, não se mexe e nem reage a estímulos. O nível 15, por outro lado, aponta que a pessoa está abrindo os olhos espontaneamente, fala de maneira coerente e obedece a comandos para movimentação.