Compra ou venda online? Confira dicas de segurança para evitar riscos

Especialistas elencam sugestões para anunciantes e compradores; mulheres podem adotar outras cautelas

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  • Fernanda Santana

Publicado em 19 de agosto de 2018 às 03:43

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nappy/Divulgação

O carro foi colocado para a venda num site por R$ 73 mil. O ex-assessor parlamentar Michel Batista Santana de Sá, 35, seguiu, então, ao encontro do suposto comprador. Nunca mais voltou para casa: somente o corpo foi encontrado por volta das 6h30 desta sexta-feira (17), na Rua Tamburugy, em Patamares. A tragédia levanta a dúvida: como tentar programar encontros com anunciantes ou compradores de uma maneira minimamente segura?

As sugestões variam de desconfianças em preços a locais de encontro. É o coordenador de Ações de Prevenção à Violência da Guarda Civil Municipal André Rocha quem explica:“Primeiro, buscar o máximo de informações pessoais do anunciante. Tipo, outro número de contato (telefone fixo ou residencial), ver histórico no site, etc.. Nunca ir ao encontro só veja um parente, um amigo que possa acompanhar todo o processo”.A OLX, plataforma de anúncios online, por exemplo, também recomenda encontros em locais públicos com possíveis interessados na compra. A desconfiança em preços absurdos também pode acender o sinal vermelho da desconfiança. Valores abaixo do mercado devem, sim, ser investigados. Na opinião de Rocha:

“Os sites oferecerem bons preços e uma grande variedade de produtos e a compra presencial nas lojas física oferecem mais segurança, então vale a pena as duas hipóteses”.

Mas, o coordenador acredita numa outra linha de ação e pensamento: reagir, nunca. “Caso você seja surpreendida procure manter a calma e lembre-se que a sua vida é mais importante”. 

Mulheres mais vulneráveis

Os riscos de encontros com desconhecidos variam. Mas, para especialistas ligadas a direitos e proteção da mulher, há uma condição de maior vulnerabilidade para o público feminino. As ocorrências de violência sexual, se ilustram os perigos, também devem servir para adoção de outros cuidados no caso de encontros programados por meio de sites de anúncios online. A advogada e participante da Comissão de Proteção aos Direitos da Mulher da OAB Bahia Renata Deiró comenta o contexto:“Além de poderem sofrer crime patrimonial, estamos sujeitas a crimes sexuais. As mulheres acabam estando mais vulneráveis. Porque vivemos numa sociedade que objetifica o corpo da mulher. Essa relação pode facilmente se transformar de violência”.Então, quais são as diferenças no momento de marcar com o comprador? “Se você é mulher, acho que o indicado é não ir sozinha nunca. Procurar ir sempre, sempre acompanhada. É importante, também, verificar se a pessoa [anunciante] tem uma vida pública. Isso não é garantia de nada, mas pode prevenir”, acredita ela. As recomendações são reforçadas por Maria Auxiliadora Alves, coordenadora do Centro de Referência e da Casa de Acolhimento da Secretaria de Política Para Mulheres.

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Ao ser informada da morte do ex-assessor parlamentar Michel, Maria logo reuniu-se com as filhas para discutir os perigos de encontros. Estava em frente à televisão, quando opinou: a violência é tamanha que não se pode mais ir sozinha a encontros.“Particularmente, eu, não gosto. Prefiro nem arriscar. Mas o que eu estava dizendo para minhas filhas é: quando é impossível deixar de ir, nunca se deve ir sozinha”, acredita. Mas acrescenta: pedir algum tipo de documento do comprador ou anunciante antecipadamente pode ser um recurso utilizado para buscar prévias antes do encontro. Assim, no mínimo, é possível descobrir alguma informação da pessoa do outro lado da tela. Novamente, não há nenhuma certeza. Restam apenas cautelas para evitar exposições.   

*Orientada pelo chefe de reportagem Jorge Gauthier.