Comprado por Maradona, Charles lamenta morte do craque argentino

Revelado pelo Bahia, atacante lembrou contato com Diego no Boca

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 25 de novembro de 2020 às 18:57

- Atualizado há um ano

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A história de Diego Armando Maradona no futebol foi cheia de histórias. Algumas emocionantes, outras dramáticas, mas quase sempre interessantes e que despertavam a atenção. Em uma delas, o protagonista foi o baiano Charles Fabian, atacante revelado pelo Bahia e campeão brasileiro em 1988 pelo tricolor.

A ligação entre Charles e Diego Maradona teve início em 1991. Naquele ano, o atacante já tinha no currículo o título do Brasileirão e a artilharia do Campeonato Brasileiro de 1990, ambos pelo Bahia, mas estava defendendo a camisa do Cruzeiro. Na Supercopa Libertadores, a raposa chegou até a final e encarou o River Plate.

Na decisão, o Cruzeiro perdeu a ida por 2x0, na Argentina, mas venceu a volta por 3x0 e ficou com o título. Charles não marcou gols nas partidas, mas o seu estilo chamou a atenção de Maradona, que na época já era um jogador consolidado. O craque então decidiu comprar o passe do brasileiro e colocá-lo no Boca, seu time de coração. 

"Ele me viu jogar e gostou da minha forma de jogar, como atuava em jogos decisivos. Foi uma Supercopa Libertadores contra o River, que é rival do Boca, e isso ficou muito marcado. O Cruzeiro precisava de ganhar de 3x0 do River e ganhou. Eu não tenho dúvida que por ser o River, o maior rival do Boca, a forma como eu joguei, chamou a atenção dele. Poderia no futuro jogar os clássicos pelo Boca e também ser decisivo", conta Charles ao CORREIO.

Em 1992, o atacante então desembarcou em Buenos Aires para defender o Boca Juniors. Apesar de ter sido comprado por Maradona, ele conta que não teve muito contato com ídolo argentino. Na época, Diego Maradona estava suspenso por doping, mas usava as dependências do clube para manter a forma. 

"Eu convivi com ele seis meses lá na Argentina, quando estive no Boca. Na época ele não tinha contrato, estava suspenso por conta do doping, e ia no Boca apenas treinar com a gente", lembra. "Eu tive algumas conversas com ele quando ia à Argentina, quando ainda jogava. Mas depois disso não tive mais contato", continua o ex-jogador.

Charles conta ainda que durante o tempo em que viveu em Buenos Aires pôde ver de perto a idolatria que o país tem por Maradona. 

"No Brasil não tem um jogador que seja idolatrado como Maradona é na Argentina. Nem Pelé. Pelé é o maior jogador da história, não consigo comparar Pelé com ninguém, Maradona é o segundo melhor, mas não dá para comparar a idolatria que o povo tem lá por Maradona com a idolatria que se tem aqui por Pelé. As pessoas lá são fanáticas", diz.

Diego Armando Maradona faleceu nesta quarta-feira (25), aos 60 anos. Ele estava em Buenos Aires, capital da Argentina, e se recuperava de uma cirurgia na cabeça. 

"É triste perder um ídolo, um gênio da bola, dessa forma. Todas as pessoas que amam o futebol ficaram estarrecidas com essas notícias. É a vida, todo mundo vai passar por isso, mas quando é assim muito precoce, apenas 60 anos de idade, com muita coisa para viver, é muito triste", lamentou Charles.