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#ConceiçãoEvaristoNaABL: campanha pela presença da escritora mineira na Academia


 

Senta que lá vem...

  • Da Redação

Publicado em 06/06/2018 às 10:09:43
Atualizado em 18/04/2023 às 12:10:10
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Ponciá Vicêncio, Becos da Memória, Poemas da Recordação e Outros Movimentos, Insubmissas Lágrimas de Mulheres, Histórias de Leves Enganos e Parecenças.

Como se já não bastasse imortalizarem, na dimensão da escritura literária mundial, a raridade solar de uma obra de arte talhada no corpo e pelo corpo de uma mulher negra - a escritora mineira Conceição Evaristo, seu elenco de livros publicados reescreve a história do Brasil a partir do ponto de vista de quem a vivencia, desde a chegada forçada de seus ancestrais, a partir de todas as suas trágicas e cotidianas impossibilidades.

A este lugar de enunciação, Evaristo, assumindo a multifacetada tarefa da crítica e teorização literárias, nomeia “escrevivência” – tarefa intelectual negro-feminina por excelência de renarrar criticamente o imaginário social hegemônico brasileiro: profundamente elitista, patriarcal e racista e responsável pela falência de um projeto democrático de país. A escritora mineira Conceição Evaristo, 71, está sendo cotada para ocupar a cadeira 7 da ABL (foto: Joyce Fonseca/divulgação) Diante deste contexto, a Academia Brasileira de Letras, fundada e primeiramente presidida pelo escritor negro Machado de Assis, um crítico do sistema escravocrata que fundou as bases de nosso imaginário nacional, está preparada para compreender a necessidade de iniciar uma trajetória de reeducação em nossas formas de letramento? * Nós, povo negro brasileiro e, em especial, nós, mulheres negras brasileiras, entendemos que a escritora Conceição Evaristo e sua obra nos representam nesta urgente tarefa!

Esta é uma campanha pela ocupação da cadeira de número 7 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é o poeta que escreveu criticamente sobre a escravidão a uma distância segura de não tê-la conhecido de fato – Castro Alves.

Esta é uma campanha pela ocupação da cadeira de número 7 da Academia Brasileira de Letras pela intelectual negra que conheceu a escravidão desde sua linhagem ancestral e em seu corpo de mulher afrobrasileira que escrevive suas tragédias e potências contemporâneas cotidianas.

#ConceiçãoEvaristoNaABL

Denise Carrascosa é professora de Literatura da Universidade Federal da Bahia

Texto originalmente publicado no Facebook